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A supremacia dos otários

O mundo hoje é povoado por mais otários do que antigamente. As pessoas se tornam normalmente otárias no mundo de hoje. E muitos dos que não eram otários, pelo contato com o mundo virtual, perderam o tino e o senso crítico e se tornaram otários também. Existe hoje em dia, sem dúvida, uma espécie de supremacia dos otários em todo o mundo.

“Otário” aqui eu uso no sentido de pessoa facilmente enganável, besta, sem esperteza, sem perspicácia, que acredita em qualquer coisa. Hoje em dia, muitas pessoas perderam o saudável costume de questionar o que se vê, se ouve e se lê. Bastam alguns vídeos circularem no WhatsApp que a maioria esmagadora das pessoas acredita que eles são reais, que retratam a realidade. E, dessa forma, farsas sem qualquer credibilidade se passam por verdadeiras.

Foi assim que a orquestração descarada, implementada nos últimos dias no ES, ganhou credibilidade e gerou pânico. A maior parte dos vídeos é feita por anônimos que não se identificam. Gente circulando pelas ruas e mostrando o comércio fechado, que narram os vídeos com o inconfundível tom policial. Muita necessidade de propagar a situação. Assaltos absurdos acontecendo em plena luz do dia, com direito à narração, na maior cara de pau. Casos isolados onde pessoas filmam livremente e os bandidos não pensam em invadir os apartamentos, mesmo quando se diz que o caos é total.

Somente se eu fosse um retardado mental em último grau para dar credibilidade a essa encenação de quinta categoria, que tenta passar a ideia de caos generalizado, quando boa parte dos casos que geram o pânico, justamente inseridos nos que foram filmados, foi fabricada por pessoas ligadas ao movimento paredista da PM.

Foi a pior “false flag operation” da história da humanidade. Uma coisa pateticamente grosseira. Até fingir assaltos os caras estão fazendo nos vídeos, como um vídeo em que um homem bem vestido, correndo, aponta uma arma para um carro em fuga. Pura encenação. Não houve nada daquilo. É justamente no que o órgão terrorista em que se transformou a PM quer que os otários de plantão acreditem. E eles acreditam.

O fato é que muitos casos realmente aconteceram, até pelo incentivo provocado pela divulgação do sentimento de caos completo. No entanto, a situação está longe de ser a que eles tentam retratar. O caos é controlado e surge em situações específicas. Não se trata de um sentimento que atingiu toda a sociedade, que supostamente enlouqueceu e saiu praticando crimes a torto e a direito, mesmo pessoas sem qualquer antecedente criminal. Para acreditar nisso, repito, só mesmo fazendo papel de otário. Ninguém se torna bandido de uma hora para outra apenas porque a PM não faz o policiamento. Qualquer pessoa com o mínimo de discernimento é capaz de perceber e entender isso.

Toda a culpa da situação experimentada pelo ES é do movimento paredista da PM. Eles estão provocando diretamente o “caos” (sic) e praticando diretamente muitos dos episódios. O movimento paredista reacionário de ultradireita é ilegítimo e age como autêntico grupo terrorista.

O movimento é classicamente fascista. Só não vê os inocentes úteis de sempre (entenda-se, otários) ou os mal intencionados.

Movimento de ultradireita, caracterizado por agentes da provocação e que milita na cartilha “bandido bom é bandido morto”. Isso é descarado na situação no ES.

É uma “false flag operation” que utiliza recursos grosseiros de comunicação e encenações para gerar pânico. Só funciona porque o nível critico no Brasil é baixíssimo. Acreditam cegamente em vídeos do WhatsApp. Fala sério. Por isso que o golpe de estado foi dado tão facilmente e não encontra resistência.

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O nefasto proselitismo político feito em cima dos cadáveres da chacina de Campinas

Sinto muito, mas o caso da chacina ocorrida em Campinas na noite do último dia 31/12/2016, em pleno réveillon, em que um homem chamado  Sidnei Ramis de Araujo, de 46 anos, pulou o muro de uma residência num bairro de classe média da cidade e abriu fogo contra todos os presentes no recinto, matando doze pessoas, entre elas a ex-esposa e mãe do seu filho, Isamara Filier, e seu filho de 8 anos de idade, João Victor Filier de Araujo,  e se suicidando em seguida, é muito mais complicado do que dão a entender as rasas e superficiais, nada jornalísticas, opiniões que andam sendo divulgadas pela mídia brasileira, principalmente na blogosfera autodeclarada “progressista”.

O caso, para além da influência da ideologia direitista misógina e/ou machista, trata da alienação parental também, aspecto fundamental do caso que anda sendo desprezado pelas análises “progressistas” feitas em sites da blogosfera brasileira. Seria pertinente fazer uma reportagem séria sobre o assunto e analisar como as coisas estão acontecendo no âmbito da Lei Maria da Penha quando se trata de transferir as medidas protetivas de urgência para os filhos, bem como quais são os critérios que andam sendo aplicados no âmbito do direito de família e do direito da infância e juventude para suspender o convívio entre pais e filhos, direito que goza de amparo constitucional, como deixa claro o caput do art. 227 da Constituição Federal, cuja ideia basilar é repetida em outras leis, a exemplo do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA, Lei nº 8.069/1990), como deixa claro o caput do art. 4º da referida lei, que trata do direito à convivência familiar e comunitária, direito melhor detalhado nos arts. 19 usque 24 do ECA .

Pois é, isso vem acontecendo muito. Mulheres se aproveitam da Lei Maria da Penha para impedir que os pais tenham contato com os filhos. Usam a lei de uma forma contrária à sua finalidade social, contando com o despreparo de juízes de direito e de promotores de justiça que terminam concordando com o pedido sem que ele esteja devidamente fundamentado e dentro do que preconiza a referida lei.

O crime bárbaro é injustificado, mas partes da carta escrita pelo autor da chacina, onde ele se refere às motivações do crime, deixam transparecer esse uso, que é real, existe e vem causando inúmeros conflitos familiares que poderiam ser evitados se houvesse uma aplicação mais criteriosa da Lei Maria da Penha.

O Poder Judiciário, caso se confirme que o pai foi alvo de uma medida protetiva de urgência que impedia o contato com o filho, também deve fazer uma autocrítica em relação ao acerto da decisão. Pode ser que o caso concreto não ensejasse essa medida extrema.

A alienação parental é um problema gravíssimo e é verdade sim que muitas mulheres tendem a afastar o pai do convívio com os filhos, o que é inadmissível e não pode ser tolerado.

Eu fico muito tranquilo em falar sobre isso, pois advogo bastante no Direito de Família e tenho conhecimento de causa. Para se ter uma ideia de como anda a insensibilidade e a intolerância de algumas mulheres quando o assunto é o direito de convivência dos pais com os seus filhos, uma vez eu fui procurado por uma mulher que queria simplesmente que o padrasto se tornasse ele próprio titular do poder familiar em relação ao filho que ela teve com outro homem.

Em outras palavras, queria praticamente abolir a paternidade do pai biológico, alegando uma suposta indiferença afetiva dele para com o filho. Quando eu comecei a entrevistar a pretensa cliente e comecei a fazer as perguntas, percebi que ela vivia se mudando de cidade em razão do atual marido dela ser um militar do Exército, que vez ou outra era transferido para outro Estado do país.,

Ou seja, ele vivia se mudando de cidade e queria colocar a culpa da falta de contato no pai biológico, como se ele antes não tivesse dado a atenção devida, chegando ao cúmulo de pretender tornar o padrasto do filho o verdadeiro pai, na realidade concreta dos fatos. Evidentemente que eu declinei o caso e disse que não iria patrocinar a causa. Que ela procurasse outro advogado, registrando que o que ela queria fazer era ilegal.

Iguais a esse caso existem tantos outros. As mulheres que detém a guarda dos filhos constituem nova família e passam a tentar substituir a figura do pai biológico pela do padrasto. Não pode, está errado. O pai biológico tem a primazia no exercício do poder familiar em relação aos filhos, mantendo o direito de convivência, mesmo quando a mãe constituiu nova família. Tudo isso está previsto em lei, é disposição expressa de lei.

O resultado é que um pai que se sente sacaneado pela mãe de seus filhos, que fica boicotando a relação entre pai e filho, fundamental na formação de qualquer pessoa, está sim lidando com uma situação que pode claramente gerar violência.

Então, antes de ficar fazendo politicagem nas redes sociais e na blogosfera, é melhor começar a realmente fazer jornalismo, analisar os fatos, fazer uma reportagem decente, estudar o tema e aí sim tirar as suas conclusões.

Um dos pontos sensíveis da Lei Maria da Penha é o disposto no art. 22, inciso IV, vejam:

Art. 22. Constatada a prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos desta Lei, o juiz poderá aplicar, de imediato, ao agressor, em conjunto ou separadamente, as seguintes medidas protetivas de urgência, entre outras:

I – suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com comunicação ao órgão competente, nos termos da Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003;

II – afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida;

III – proibição de determinadas condutas, entre as quais:

a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando o limite mínimo de distância entre estes e o agressor;

b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por qualquer meio de comunicação;

c) freqüentação de determinados lugares a fim de preservar a integridade física e psicológica da ofendida;

IV – restrição ou suspensão de visitas aos dependentes menores, ouvida a equipe de atendimento multidisciplinar ou serviço similar;

V – prestação de alimentos provisionais ou provisórios.

§ 1º As medidas referidas neste artigo não impedem a aplicação de outras previstas na legislação em vigor, sempre que a segurança da ofendida ou as circunstâncias o exigirem, devendo a providência ser comunicada ao Ministério Público.

§ 2º Na hipótese de aplicação do inciso I, encontrando-se o agressor nas condições mencionadas no caput e incisos do art. 6o da Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003, o juiz comunicará ao respectivo órgão, corporação ou instituição as medidas protetivas de urgência concedidas e determinará a restrição do porte de armas, ficando o superior imediato do agressor responsável pelo cumprimento da determinação judicial, sob pena de incorrer nos crimes de prevaricação ou de desobediência, conforme o caso.

§ 3º Para garantir a efetividade das medidas protetivas de urgência, poderá o juiz requisitar, a qualquer momento, auxílio da força policial.

§ 4º Aplica-se às hipóteses previstas neste artigo, no que couber, o disposto no caput e nos §§ 5o e 6º do art. 461 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código de Processo Civil).

Eu já vi juiz de direito deferir essa medida protetiva de urgência de suspensão de visitas aos dependentes menores SEM ouvir a equipe de atendimento multidisciplinar ou serviço similar. Pelo que eu li na imprensa, isso também aconteceu no processo em que o autor da chacina de Campinas litigava com a ex-esposa sobre o direito de convivência com o filho, conforme noticiou o site G1, em notícia cuja manchete era “Justiça chegou a proibir atirador de chacina de ver filho, diz advogada”.

Essa decisão, em condições normais, deve estar extremamente fundamentada em fatos relevantes, totalmente comprovados e cujos efeitos sejam demonstrados tecnicamente como prejudicais aos menores.

Foi sobre esse ponto que o homicida de Campinas provavelmente se referiu em sua carta. A Lei Maria da Penha não foi aprovada com a finalidade de criar um quadro de alienação parental. Somente se justifica a adoção dessa medida extrema em casos igualmente extremos. A mera alegação de violência doméstica e familiar contra a mulher, ainda que evidenciada por fortes indícios, NÃO é suficiente para deferi-la. A conduta do agressor tem que se mostrar também prejudicial aos filhos menores e isso depende de uma avaliação multidisciplinar, o que, por si só, já impede a concessão em caráter de tutela de urgência, devendo ser garantido o amplo contraditório.

Segundo eu li na imprensa, especificamente no site do UOL, a mulher acusou o autor da chacina de ter abusado sexualmente do filho. Eu conheço outros casos em que mulheres fizeram isso, apenas para atacar a imagem do pai perante o Poder Judiciário e afastar a convivência dele com o filho, tudo isso feito com a intenção de punir o pai. No caso do autor da chacina, a agressão sexual teria acontecido quando ele tinha 3 anos de idade. A reportagem do UOL relatou que a justiça não comprovou as agressões, mas, sem que a matéria esclarecesse, a justiça entendeu que o garoto deveria ser “protegido” e restringiu as visitas aos dias de domingo, alternados, de forma supervisionada, das 9hs às 12 hs. Ou seja, o pai tinha que ir até a casa da mãe, ficar sob vigilância com o filho por apenas três horas.

Pode ser que tudo isso se justificasse, não sei. Mas pode ser sim que o pai estivesse sendo vítima de uma injustiça, de uma falsa acusação, tudo isso feito por meio de distorção intencional dos fatos.

A chacina foi um caso brutal, horrível e condenável. Acontece que eu considero difícil que um técnico de laboratório, com cursos no exterior (EUA, Holanda, foram países citados) fosse tomar uma medida extrema sem que algo grave, na sua perspectiva, tivesse acontecido. Pode ser sim que ele tivesse sido vítima de uma injustiça e tudo isso cooperou para o que aconteceu. Então, antes de culpar ideologias de direita, é bom antes entender os fatos. Não retira a gravidade do crime, mas pelo menos impede leituras equivocadas do que realmente aconteceu.

Claro que alienação parental se resolve na justiça e não justifica crime nenhum, via de regra, frise-se. Entender a verdadeira causa da chacina ocorrida em Campinas não significa que se esteja “justificando” o crime. Significa apenas falar sobre a verdadeira causa do crime e não distorcer como estão fazendo ao dizer que foi machismo e/ou misoginia. Se o pai convivesse normalmente com o filho ninguém teria morrido.

Ele criou ódio da ex-esposa e dos familiares dela a partir do momento que impediram a convivência dele com o filho baseados numa falsa acusação de abuso sexual ou, no mínimo, numa acusação de abuso sexual que não restou comprovada. Foi isso que causou todo o problema. Nada a ver com misoginia ou machismo. Se é certo que não se pode matar, também é certo que não se pode pretender, inclusive por meio de falsas acusações, separar o pai do filho. Isso é mau caratismo, é canalhice e também é um tipo de violência.

Muitas coisas justificam homicídios. Situações de legitima defesa, de estado de necessidade e de estrito cumprimento do dever legal justificam mortes e retiram o caráter criminoso do homicídio. Não foi o caso da chacina de Campinas, pelo menos com os elementos disponíveis até o momento e que são de conhecimento do público em geral a partir das reportagens sobre o caso.

De qualquer forma, falar nisso perde um pouco o sentido no atual cenário. Ninguém, provavelmente, será punido diretamente pelas mortes. O autor material do crime se matou. Ele mesmo se puniu. A polícia está a procura de quem vendeu a arma usada na chacina. Esse vai ser o bode expiatório, caso seja identificado. Vai assumir a responsabilidade pela chacina na medida da sua participação.

Num pais sério, o(a) juiz(a) de direito e o(a) promotor(a) de justiça que atuaram no processo da regulamentação de visitas no qual litigavam o pai e a mãe da criança que morreram na chacina de Campinas seriam chamados para prestar depoimento. Todo o processo da regulamentação de visitas seria analisado. Se ficasse comprovado que a atuação do(a) juiz(a) de direito e do(a) promotor(a) de justiça ajudaram a produzir a tragédia, eles(as) dois seriam indiciados(as). É o que eu defendo que aconteça, o que seja, que haja uma investigação profunda dos fatos, que todo mundo envolvido seja ouvido e suas condutas sejam investigadas.

É relevante investigar a concessão da liminar que proibiu o convívio entre o pai e o filho desde o início do processo, situação que deve ter perdurado muito tempo, uma vez que a Lei Maria da Penha exige que seja feito antes um estudo multidisciplinar para que o pedido seja analisado. Ainda que outra tenha sido a lei usada como fundamento do pedido, isso não muda nada. As exigências legais se mantém, isto é, eram necessárias mais provas para fundamentar uma decisão tão excepcional como a que afasta o convívio entre pai e filho.

Ou seja, uma liminar sobre isso é praticamente impossível de ser concedida, salvo se os fatos forem robustamente comprovados desde o início. Mas as reportagens falam que houve o deferimento dessa liminar. É preciso sim investigar as circunstâncias processuais que autorizaram essa decisão. E se houve uma decisão incorreta ou até mesmo graciosa, produto de influência e/ou corrupção por parte da família da mãe? Tudo isso deve sim ser analisado, pois eu entendo que foi essa liminar o que desencadeou toda a tragédia.

Para mim, o pai foi apenas um dos atores da tragédia. Mais gente é responsável, inclusive as vítimas. O pai é autor do crime e vítima, ao mesmo tempo. Essa é a leitura que eu faço do caso.

Você não pode analisar o perfil do pai como se ele fosse mais um internauta que se deixa influenciar por ideias de direita, pura e simplesmente. Ele era um pai vivenciando uma situação de alienação parental endossada pela justiça, inclusive em sede de liminar, quando a lei diz que deve existir um estudo multidisciplinar antes de tomar essa medida extrema.

O pai não era um sujeito que fica coçando o saco na Internet o dia todo e que, de uma hora para outra, resolveu enlouquecer e matar todo mundo de quem ele discordava, supostamente influenciado por textos que disseminam ideias de direita. Comparar o pai com qualquer debiloide da Internet é errado. É o que a blogosfera progressista, leviana e irresponsavelmente, anda fazendo com que os outros acreditem. Isso é um absurdo, é mau jornalismo, é sensacionalismo e desvio de conduta por parte de quem anda vendendo essa tese.

Existem outros fatores que incidem na situação. Existia um processo judicial que discutia o direito de convivência entre pai e filho, existia um litígio entre o pai e a mãe. Não se pode analisar a situação extraindo esse dado, que é por demais relevante no entendimento do caso. É isso que muita gente anda fazendo, de forma completamente improcedente. E fazem isso apenas por razões de proselitismo político.

Eu li a carta e os xingamentos de “vadia” que aparecem em alguns trechos são meramente acessórios. Não foi a causa principal. Isso deriva do ódio que ele nutriu depois de ser alienado parentalmente do filho. A causa determinante da chacina foi essa e não qualquer outra.

As matérias a respeito não informam se ele, em algum momento, deteve a guarda do filho. Existe uma confusão sobre isso também. O que eu li e entendi é que o pai se separou da mãe e ambos discutiam o direito de convivência do pai com o filho, o que faz sugerir que a mãe era a guardiã desde o início. Eu não estou supondo que ele era um bom pai exatamente, ainda que eu tenha tomado conhecimento de uma declaração de uma testemunha que atestou isso, que o pai era presente, que sempre era visto jogando bola com o filho, que tinha uma relação aparentemente amorosa etc. Essa declaração apareceu numa reportagem do Fantástico sobre o caso. O que eu digo e reafirmo é que o caso não pode ser tratado como vem sendo tratado por sites como Diário do Centro do Mundo e Socialista Morena, que saltaram na frente e usaram como explicação da chacina coisas como machismo e/ou misoginia, extraindo todo um contexto de litígio judicial que existia entre o pai e a mãe.

Sobre a questão dos indícios, o que se tem de concreto sobre a acusação de abuso sexual é que ela não restou comprovada durante o processo. É preciso que se analise quais foram os fatos e provas que o juiz que concedeu a liminar levou em consideração para proibir a convivência entre o pai e o filho. Isso é importante sim, porque pode ser que a revolta do pai, pelo menos num momento inicial em que isso aconteceu, se justifique. E aí tudo deriva disso, é claro. É errado inverter a ordem dos fatos: para mim está claro que todo o ódio que ele manifesta na carta deriva da situação de ter sido proibido de ver o filho durante muito tempo. E pior, no fim do processo, mesmo com a acusação de abuso sexual não comprovada, a justiça de SP restringiu as visitas ao filho. O pai só teria direito de ver o filho na casa da mãe, na presença dela (chama-se visita assistida), em domingos alternados e por apenas 3 horas. Mas o que realmente amparou essa situação? Por que os blogs não se preocupam em analisar isso e já partem para concluir que foi apenas mais um caso de machismo e misoginia? Esse é o problema.

Se o motivo da proibição da convivência foi a acusação de abuso sexual e ela, ao final, restou não comprovada, o que foi então que respaldou a restrição das visitas? Isso precisa sim ser esclarecido, ora. O pai poderia sim estar sendo vítima de uma injustiça e isso causou todo o problema. Portanto, é errado afirmar misoginia e machismo, pura e simplesmente.

Só espero que a polícia investigue a fundo o caso da chacina ocorrida em Campinas na noite de réveillon. É preciso sim investigar as circunstâncias que resultaram na restrição das visitas ao filho por parte do pai, autor da chacina.

Comentando a coluna assinada pelo articulista do Diário do Centro do Mundo, Kiko Nogueira, onde eu dizia que não era possível restringir o caso a mais um cidadão que endossou o discurso de ódio e intolerância contra as mulheres, um internauta me respondeu dizendo que a defesa da mãe no processo que discutia o direito de visitas do pai ao filho teria uma prova áudio-visual do suposto abuso sexual que o pai teria cometido contra o filho. Segundo o internauta, haveria uma incompatibilidade entre a tecnologia da justiça paulista e o formato por meio do qual a prova teria sido produzida e juntada ao processo (geralmente se faz isso por meio de DVD ou CD ROM ou por softwares adotados pelo Poder Judiciário em cada Tribunal brasileiro). Por essa razão, a justiça paulista não teria conseguido comprovar cabalmente o alegado abuso sexual.

Veja bem a que ponto estão chegando. Alguém, respondendo ao meu comentário que pedia mais investigações sobre o caso, lança uma informação num dos comentários que, para ser colhida, somente tendo acesso aos autos. O fato é que a informação não goza da menor credibilidade, isso por vários motivos.

Primeiro, é muito difícil que advogados que representam uma mãe que acusou um pai de abuso sexual não fossem conseguir fazer a prova no meio adequado à tecnologia de que se vale o Poder Judiciário de SP, ao ponto de inviabilizar completamente a prova.

Segundo, ainda que isso tenha, de fato, acontecido, é inimaginável que não só o Ministério Público mas também o juiz de direito que conduzia a instrução do processo fossem deixar passar em branco a análise de uma prova tão importante num processo em que se discutia o direito de visitas do pai ao filho.

Ora, mesmo que a tecnologia de que se vale o Poder Judiciário de SP não conseguisse, por meio de seus próprios instrumentos e/ou ferramentas, analisar o teor probatório do material de mídia que tivesse sido juntado pela defesa da mãe, outros meios, inclusive externos ao Poder Judiciário, deveriam ser acionados para que se analisasse o material probatório, afinal, as crianças têm prioridade absoluta e uma prova dessa natureza, dada a relevância para o desfecho do processo, jamais poderia passar em branco.

Evidentemente que a alegação não goza de credibilidade e isso provavelmente não aconteceu. O que certamente aconteceu foi que todas as provas juntadas pela mãe para amparar a acusação de abuso sexual supostamente praticado pelo pai contra o filho foram analisadas e não se conseguiu comprovar cabalmente a acusação.Por que exatamente a justiça de SP restringiu as visitas do pai ao filho, isso somente tendo acesso ao teor do processo para saber.

O fato é que está existindo um grande equívoco por parte dos sites e grupos progressistas brasileiros quando interpretam esse caso como mais um de misoginia e/ou machismo direcionado contra as mulheres. Isso é falso. Claramente não foi isso o que aconteceu. O estopim de toda a discórdia reside no litígio que pai e mãe sustentavam no judiciário em relação ao direito de visitas que o pai tem em relação ao filho. Apenas esse dado afasta claramente as conclusões que estão sendo divulgadas em vários sites e pelos mais diversos perfis ligados a movimentos feministas. Se a causa da chacina foi o litígio entre pai e mãe sobre o direito de visitas ao filho, não há que se falar em feminicídio ou qualquer coisa semelhante. Houve um caso isolado onde as coisas saíram do controle gravemente.

Em suma, diante das informações disponíveis, posso resumir o caso da chacina ocorrida em Campinas/SP, na noite do último réveillon, aos seguintes aspectos:

1 – O que causou a chacina de Campinas?

O ódio que o pai sentiu da ex-esposa e de seus familiares por causa da justiça ter restringido o convívio com o filho baseada numa acusação, feita pela mãe da criança contra ele, de abuso sexual supostamente cometido contra o filho, acusação não comprovada no processo onde se discutia o direito de convivência.

2 – Não foi machismo e/ou misoginia, considerando que ele usou a palavra “vadia” em vários trechos da carta onde explicava suas motivações?

O machismo e/ou misoginia que transparecem em trechos da carta não foram determinantes para que ele praticasse a chacina, caso contrário, não precisaria esperar pela perda de convivência com o filho para praticar os homicídios. Sem esse fato, a perda da convivência com o filho, ninguém teria morrido.

3 – Negar a misoginia e/ou machismo como causas determinantes da chacina não é “justificar” o bárbaro crime?

Não, não é justificar o bárbaro crime. É apenas entender a real motivação da chacina, evitando contaminar o caso com ideias políticas enviesadas e irresponsáveis, que não estão nem um pouco interessadas em entender a complexidade do caso e usam a tragédia para fazer proselitismo político, atacando adversários políticos em cima dos cadáveres das vitimas, de forma constrangedora. Em suma, explicar a verdadeira causa da chacina não significa justifica-la.

4 – Se não foi machismo e/ou misoginia, por que então morreram mais mulheres do que homens?

O número de vítimas do sexo feminino tem relações com as pessoas que estavam presentes no recinto, na hora que o assassino entrou e começou a atirar. Se existissem mais homens, o número de vitimas do sexo masculino provavelmente teria sido maior. Portanto, morreram mais mulheres porque as mulheres eram maioria no local e não porque o autor agiu com misoginia e/ou machismo na hora de escolher suas vítimas. Ele provavelmente nem teve tempo de pensar nisso. Saiu atirando em quem encontrou pela frente.

5 -A quem interessa desvirtuar a verdade em relação à verdadeira causa da chacina de Campinas?

Interessa principalmente a quem precisa ter o que dizer e escrever na mídia em relação a bandeiras que defendem em termos políticos, subvertendo causas que são justas e legítimas, a exemplo do combate à misoginia e/ou ao machismo, por meio da distorção de fatos e informações que, na realidade concreta, não guardam propriamente relações com o que se afirma em determinado momento.

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O golpe em curso deve ser confrontado e derrotado

O momento exige determinação, coragem e consciência do que deve ser feito para o bem da preservação da democracia em nosso país. Não podemos aceitar o recrudescimento do autoritarismo de outros tempos, que nos levou a vinte e um anos de ditadura militar, com prejuízos para os mais variados setores da sociedade brasileira. Se antes os idealizadores do golpe tiveram o apoio da imprensa e das forças militares, hoje, os idealizadores têm o apoio da mesma grande imprensa e de setores do Poder Judiciário, do Ministério Público Federal e da Polícia Federal, com a séria possibilidade das forças de segurança, especialmente das Polícias Militares, passarem a atuar como linha auxiliar do golpe, sufocando a resistência democrática. Quero falar sobre isso mais adiante.

Momentos como o que atravessamos definem o tipo de Estado e sociedade que teremos no futuro. A Constituição, desrespeitada pelos golpistas desde o início, é alterada, leis benéficas são revogadas para dar lugar a outras leis, muitas vezes prejudicais ao interesse da maior parte das pessoas, privilegiando apenas os apoiadores do golpe autoritário. Políticas públicas são canceladas, investimentos sociais são cortados. Tudo isso gera efeitos sobre os valores sociais que serão vivenciados pelas pessoas, pelas gerações futuras, exatamente como aconteceu durante o regime militar, onde vidas foram diretamente afetadas pelos valores que foram difundidos.

Nós sabemos, e temos que ter plena consciência disso, que os que hoje aderem irracionalmente ao movimento golpista em pleno curso lançarão mão da violência, da intimidação para fazer valer os seus interesses. Nós também temos que estar preparados para esperar atos de repressão por Parte da Polícia militar em alguns estados, máxime naqueles onde os governos estaduais apoiam politicamente os interesses golpistas, como São Paulo e Paraná, de onde parte o núcleo duro do golpe, simbolizado pela Operação Lava Jato conduzida por um juiz de primeira instância arbitrário e politicamente instrumentalizado para derrubar o governo da presidenta Dilma Rousseff e prender o maior líder de esquerda da América Latina, Lula.

Apesar dessa reação golpista ser esperada, não há outra alternativa a não ser lutar pelo respeito à Constituição Federal, ao regime democrático e contra o autoritarismo, contra o desejo de se impor na base da força e da truculência. Não se pode permitir que a democracia seja mais uma vez derrotada pelo irracionalismo, pela truculência e pelo autoritarismo neste país.

Não desejo ou espero que ninguém seja heroi e enfrente, desarmado, as forças repressoras do Estado quando um eventual conflito com os manifestantes contrários ao golpe surgir. O que eu espero, sim, é que as pessoas não se permitam ao direito de se sentirem intimidadas por essa possibilidade, não se permitam ao direito de se acovardarem diante disso, pois não há como fazer frente ao golpe na base da omissão e da covardia.

Existe uma tentativa explícita de quebra da ordem democrática. O apelo à racionalidade não funcionará para muitas pessoas que apoiam a onda golpista. Elas estão cegas pelo ódio e pela intolerância fomentados pela grande imprensa ao longo de mais de 13 anos de governo do PT. Elas odeiam Lula, Dilma e tudo o que diga respeito ao PT. Elas não querem saber dos efeitos do que estão fazendo. Tais pessoas não possuem noção nenhuma sobre o que estão fazendo quando defendem o golpe e se comportam como fazem atualmente. Não passa pela cabeça delas coisas como respeitar a Constituição Federal, as leis, a democracia.

Algumas pessoas, quando percebem o tipo de quadro para o qual estamos nos dirigindo, ainda conseguem parar e refletir sobre tudo isso. Essas pessoas talvez consigam mudar de ideia e enxergar que o golpe não é certo. A maioria não vai fazer isso, não vai conseguir construir esse tipo de pensamento racional e tolerante, civilizado, o que não significa abdicar de suas preferências políticas, mas apenas respeitar as regras do Estado Democrático de Direito. A maioria tentará impor seus interesses e desejos na base da força e passando por cima das leis e da Constituição Federal.

Diante de tudo isso, será sim necessário enfrentar o golpe, pressionar as instituições, se mobilizar, não permitir que os golpistas criem a falsa ideia de que são donos do país e são os legítimos representantes de um desejo que seria o mesmo da ampla maioria das pessoas. Isso é falso. Não é o desejo da ampla maioria das pessoas deste país concordar com um golpe de estado. Não temos outra alternativa senão defender a democracia e derrotar o golpe que está em pleno curso.

Por tudo isso, eu estarei nas ruas amanhã, na manifestação do dia 18 de março de 2016,   como muitas outras pessoas nos mais variados lugares deste país. Vou às ruas em defesa da democracia, pela legalidade, pelo cumprimento das normas constitucionais, pela defesa do Governo Dilma, contra o impeachment ilegal, sem base em provas de crimes de responsabilidade, e contra a prisão ilegal de Lula, que tem o direito de se defender dentro das regras do devido processo legal. O golpe em curso deve ser confrontado e derrotado.

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Vaia da oposição não tem, por si só, relevância alguma e é até mesmo esperada

Vaia da oposição não tem, por si só, peso nenhum, relevância alguma. Não considero o caso da vaia que a presidenta da república, Dilma Rousseff, levou na abertura dos trabalhos parlamentares de 2016 relevante, de nenhum ponto de vista possível. O Governo Dilma é efetivamente ruim. Antes de se preocupar com as vaias, devia melhorar o desempenho.
Postarei vídeos abaixo que trazem o debate que se estabelece entre o primeiro ministro britânico e o líder da oposição na House of Commons, no que se conhece como Prime Minister’s Questions (PMQ, na sigla em inglês), que acontece toda quarta-feira, ao meio-dia, na House of Commons. Dura uma hora. O ânimo varia de acordo com os tipos de questões que são colocadas, com os debatedores e também com o clima político então vigente.
Num dos vídeos abaixo, o debate entre James Cameron (primeiro ministro do Partido Conservador Britânico) e Jeremy Corbyn (líder do Partido Trabalhista Britânico) ocorrido no último dia 14/10/2015 está longe de ser travado num clima ameno (num certo momento, Corbyn cobra seriedade à questão que ele vai fazer, dizendo que não é engraçado para um certo Mathew o problema relacionado à moradia que ele enfrenta). A última coisa que se espera nas PMQs é que a oposição aplauda ou seja “agradável” com o primeiro ministro.
Antes que digam que isso não significa autorização para vaiar, a oposição não só vaia, como faz piada, ridiculariza a figura do primeiro ministro. Chama-o de “fraco”, “mentiroso” e “incompetente” com todas as letras, dentre outros ataques. E ninguém se escandaliza com isso, num ambiente democrático de alta intensidade e exercício pleno do contraditório. Tudo bem que a coisa não descamba para a baixaria e falta de educação, mas tem vaia também, algazarra, ironia, comentários ácidos, desqualificação de todo tipo.
Eu considero um modelo de democracia incrível o britânico. Muito mais civilizado e inteligente. Inglaterra é categoria, cria uma independência e segurança nas pessoas. Ninguém se alarma ou se escandaliza com o contraditório, mesmo o mais ferrenho e implacável. Faz parte, simplesmente isso. Política não é uma “panelinha” para abrigar apaniguados ou compadres. Sempre foi e sempre será conflito, briga de interesses. Democracia é isso. Tem que testar o contraditório ao máximo, até isso entrar por osmose. No Brasil, as pessoas ainda engatinham nisso. Se você discorda de alguém no Brasil, é quase 100% certo, na maioria esmagadora das vezes, que você adquiriu um inimigo pessoal para o resto da vida hehe. O Reino Unido é um modelo do que eu chamo de democracia de alta intensidade.
Noutro dos vídeos abaixo, retirado do site do Parlamento britânico, temos uma audiência, ocorrida ontem (02/02/2016), do Secretário de Estado para os Negócios, Inovação e Habilidades (Secretary of State for Business, Innovation and Skills), um descendente de paquistaneses do partido conservador, chamado Sajid Javid. Os deputados questionam o secretário de estado para os negócios, inovação e habilidades das mais diversas formas. A pauta da discussão é sobre a indústria automobilística britânica. No Brasil, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal, ou qualquer de suas Comissões, poderão convocar Ministro de Estado ou quaisquer titulares de órgãos diretamente subordinados à Presidência da República para prestarem, pessoalmente, informações sobre assunto previamente determinado, importando crime de responsabilidade a ausência sem justificação adequada (caput do art. 50 da Constituição Federal). Quando isso acontece, geralmente estamos diante de uma crise política. No Reino Unido, esse tipo de interação é o habitual, o comum.
Portanto, as vaias são uma bobagem tremenda e a preocupação com elas mostra apenas o quanto este país não tem a menor ideia do que é uma verdadeira democracia. Brasileiro é, na média, autoritário e averso ao contraditório. Isso é assim também porque se perde neste país o foco no que realmente deve importar.
Essa diferença entre as realidades das políticas britânica e brasileira, quando o assunto é a forma com que reagimos ao contraditório e como lidamos com ele, em comparação ao que é observado no Reino Unido, é mais uma questão cultural mesmo. O exercício pleno do contraditório é uma tradição cultural existente no Reino Unido há séculos que os brasileiros precisam assimilar. Isso deve ser aplicado em todas as áreas, não apenas na política, frise-se. Não penso que exista democracia sem esse exercício e sem essa tolerância ao contraditório. A origem de nossa pouca prática democrática advém do regime de opressão e autoritário classista que dominou durante séculos e ainda domina este país.
O povo não era chamado para participar do debate político. As elites dirigentes, autoritárias, não permitiam e tratavam o povo na base da truculência e do desrespeito. Claro que isso termina se espalhando para muitos outros setores. Não temos um povo educado para exercer plenamente o contraditório, máxime na política. Isso, no entanto, precisa ser superado, para o bem de nossa democracia.
Vaia da oposição, reitere-se, não tem, por si só, significado nenhum relevante para a avaliação do governo. Mesmo se a Dilma estivesse fazendo o melhor governo possível, o que não está, ao contrário, faz provavelmente o pior governo possível, a tendência sempre será a de ser desaprovada e desprezada pela oposição. Muito mais importante é que ela melhore e se reporte aos seus eleitores e ao povo. Querer que a oposição seja “boazinha” com ela é uma piada. Oposição existe, dentre outras coisas, para vaiar mesmo. Isso é naturalmente esperado. O resto é ranço autoritário de um povo que ainda não aprendeu a conviver com o contraditório e a se impor com suas ideias. Esse vitimismo brasileiro, eterno sinal de imaturidade, é um atraso. Não gostou da vaia? Simples: Reaja à altura na hora em que ela acontece. Não adianta choramingar depois. Isso sim é ridículo.
David Cameron vs Gordon Brown:
Tony Blair vs. John Major – “Weak, weak, weak!”: 
Jeremy Corbyn vs. James Cameron:
Questionamento do Secretário de Estado para os Negócios, Inovação e Habilidades (Secretary of State for Business, Innovation and Skills), ocorrido na data de 02/02/2016 (ontem), um descendente de paquistaneses do partido conservador, chamado Sajid Javid: http://www.parliamentlive.tv/Event/Index/4158bf1d-1621-4577-a4fa-d42525c79d42

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A ignorância e a alienação política fortalecem os golpistas

Vejo algumas pessoas dizerem que Dilma deve cair porque o governo é ruim. Como se deveria saber, opinião da oposição ou meramente subjetiva sobre o governo, muitas vezes exclusivamente formada pelo que se lê em revistas e jornais que fazem oposição ao governo, não é suficiente para tirar Dilma da presidência. Percebo que existe muita ignorância e também alienação política na forma como as pessoas formam as suas opiniões, o que prejudica severamente o exercício da cidadania de uma forma racional e saudável. Tudo isso hoje é definitivamente um fator propulsor do golpe que se tenta aplicar contra o Governo Dilma.

Muitas das pessoas que acham o governo Dilma ruim, objetivamente não sabem dizer por que ele ruim. Eu diria que pelo menos 80% não sabem dizer, com clareza e de forma fundamentada, explicando de forma inteligível, por que acha ruim. A maior parte das explicações tenderá a meras opiniões subjetivas. Isso vale tanto para a esquerda quanto para a direita. Algo como “é um governo assistencialista” ou “faz menos reforma agrária do que deveria” ou ainda “onera demais o setor privado com uma alta carga tributária”, sem que tais pessoas demonstrem objetivamente por que outras políticas, se dependessem exclusivamente do governo para serem implementadas, o que nem sempre é o caso, seriam melhores para o país, e, assim, fariam com que o governo fosse efetivamente melhor. Nem sempre as críticas serão corretamente endereçadas ao governo Dilma, já que ele não responde por tudo sozinho. Existem os governos estaduais e municipais, além de existir o Poder Legislativo, que muita vezes impede que uma política pública, que depende da aprovação de uma nova lei para ser implementada, efetivamente o seja.

Muitas vezes o cidadão é mal remunerado pelo patrão, que inclusive não paga os direitos trabalhistas previstos na legislação, e quer culpar o governo por passar dificuldades financeiras, não conseguir pagar as contas etc. A culpa de você ser explorado é do seu patrão e não da Dilma. Cabe a você lutar pelos seus direitos, acionar o sindicato. Se não resolver, procure a justiça do trabalho,que não existe apenas quando a relação de emprego foi encerrada com a rescisão do contrato. Se você faz horas extras e o patrão não paga, por exemplo, você pode cobrar na justiça, com o contrato vigorando. Se você fizer isso e for dispensado sem justa causa, a culpa, de novo e mais uma vez, não é da Dilma. É porque o seu patrão é um desonesto e acha que você, trabalhador, não tem que ganhar todos os direitos previstos em lei.

Mesma coisa no serviço público estadual e municipal. O servidor público municipal e/ou estadual também é mal remunerado pelo governo local e quer culpar Dilma por isso. Sem falar aqueles casos em que o governo local (prefeitura ou governo estadual) não faz o que dele se espera e o cidadão culpa Dilma por isso. Qual a culpa que Dilma tem, por exemplo, se a rua do bairro onde você mora não tem o saneamento básico que deveria? Qual a culpa se os postos de saúde do município não têm os médicos que deveriam ter ou não têm os medicamentos que deveriam ter? Muitas vezes isso é culpa do gestor público municipal. Não é do Governo Federal. Se você vai a uma delegacia prestar queixa e é mal atendido, se a polícia não faz o trabalho de segurança e de combate ao crime que deveria fazer, nada disso é culpa da Dilma. Sem falar as escolas públicas estaduais e municipais. Se o ensino é ruim, de baixa qualidade, a culpa é da Dilma? Não, não é. Você pode aplicar esse raciocínio para várias áreas, transporte, moradia, assistência social (que não é só a União Federal quem presta) etc.

Isso porque eu não falei dos consumidores que sequer se dão ao trabalho de exigir a nota fiscal, ajudando os empresários sonegadores, muitos deles que hoje estão pedindo o impeachment de Dilma na maior cara de pau do mundo. Tem empresário que não paga nem os impostos que embute no preço dos produtos e serviços que comercializa e se acha no direito de apontar o dedo para os outros. Cínicos e hipócritas. Vão primeiro pagar corretamente os direitos da CLT, sem fraudes, e recolher os tributos devidos, que vocês poderão, quem sabe, reclamar de alguma coisa. Antes disso, é pura hipocrisia e desonestidade. Vocês são umas das muitas causas da crise que atinge alguns setores e não podem querer que Dilma assuma toda a responsabilidade sozinha.

Acredito que os critérios para avaliar a qualidade de um governo devem ser revistos. É preferível que se analise o quanto se fez em relação ao quanto se poderia fazer, sempre demonstrando a validade do que foi feito para a melhoria de vida de uma forma geral. Uma determinada política pública deve ser analisada dentro de um contexto maior e de forma comparativa com o que outros governos fizeram naquela pasta. Vejo muitas análises simplistas.

A questão do PIB é um bom exemplo disso. Muito se critica no governo Dilma porque ele não foi capaz de imprimir ao PIB um crescimento mais forte e sustentável. Analisar por que as coisas foram assim e se houve realmente incompetência do governo, poucos dentre os que defendem a derrubada de Dilma serão capazes de fazer ou sustentar.

Os que dizem que o principal motivo é a corrupção são hipócritas e incoerentes, pois em qualquer governo existe caso de corrupção, crime que sempre existiu no Brasil (para se ter uma ideia, eu tenho um livro antigo de direito penal que traz uma apuração de um caso ocorrido no século XIX de corrupção na construção de uma estrada de ferro).

Se o governo Dilma é ruim por causa disso e deve cair, todos os outros são ruins, em maior ou menor grau, e também devem cair. Claro que usar os casos de corrupção é uma bobagem, porque o que importa é se Dilma cometeu pessoalmente ou não algum ato que possa ser considerado corrupção. Cometeu? Não, então não há que se falar nisso para pedir que ela saia do poder. Aliás, sequer a acusação do impeachment que foi acatada por Eduardo Cunha trata disso.

Em suma, muitos dos que apoiam o movimento golpista contra o Governo Dilma, travestido de impeachment, na verdade padecem de ignorância e alienação política, desconhecem os seus direitos mais básicos enquanto cidadãos, desconhecem a divisão de competências existente na Constituição Federal e quem são os agentes públicos e privados que devem responder pelo descumprimento dos mais diversos direitos previstos em lei. Por essa razão, tendem a engrossar o coro daqueles que os manipulam via grande imprensa e que pretendem assumir o poder em Brasília passando por cima do resultado da última eleição presidencial.

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As leituras políticas incorretas dos ataques terroristas em Paris

Fico perplexo com certos comentários, com certas leituras políticas, inclusive a respeito da reação que suscitaram os ataques terroristas realizados em Paris na noite dessa sexta-feira, 13 de novembro de 2015, que deixaram um saldo, até aqui, de pelo menos 127 mortos, segundo fontes oficiais, e inúmeros feridos em estado grave. O grupo terrorista Estado Islâmico (EI) assumiu a autoria dos atentados.

Alguns fazem comentários deprimentes, como, por exemplo, lamentar que Chico Buarque não estivesse em Paris para ser uma das vítimas. Esses são os cretinos de sempre. No entanto, existe outro tipo de comentário que eu considero extremamente equivocado.

Falo dos comentários que comparam a reação aos ataques terroristas em Paris com a reação a fatos trágicos ocorridos no Brasil nos últimos dias. Teve um cidadão de Fortaleza que foi no perfil da presidenta Dilma Rousseff e comentou, em resposta à manifestação de solidariedade ao povo francês que ela registrou em sua página no Facebook, para dizer que não viu a mesma reação em relação a uma chacina que matou 12 pessoas em Fortaleza no dia de ontem, como se Dilma fosse insensível ao que aconteceu na cidade por não ter se manifestado no mesmo tom. Evidentemente que é um comentário totalmente errado, já que Dilma se manifestou como uma chefe de estado diante de um ataque terrorista brutal contra um país com quem o Brasil mantém excelentes relações diplomáticas. Violência urbana não é terrorismo, apesar de matar também. São situações diferentes. De modo algum a manifestação de solidariedade de Dilma pode ser interpretada como se a presidenta desse mais valor à vida de um cidadão francês do que à de um brasileiro. É uma obtusidade tratar as coisas dessa forma.

Existe outro tipo de comentário que eu também considero equivocado: é o que enxerga na solidariedade ao povo francês uma espécie de “colonização” política e cultural e compara com a reação supostamente tímida, quando não inexistente, principalmente por parte da grande imprensa, por exemplo, à tragédia causada pelo rompimento de uma barragem recentemente em Minas Gerais, na cidade de Mariana. Esse argumento pode ser expandido para qualquer outra tragédia, num país pródigo em tragédias, como é o Brasil.

Discordo desse tipo de crítica, por vários motivos. Considero inapropriada, impertinente, equivocada e meramente oportunista, da pior forma possível. O argumento se volta contra ele: Foi preciso esperar a reação da imprensa ao que aconteceu em Paris para criticar a alegada falta de atenção ao caso brasileiro. Ou seja, a suposta (e falsa) omissão já existia antes, mas os críticos não se manifestaram antes. E o que eles fizeram ou fazem além de criticar a imprensa? Provavelmente nada.

A comparação é ate irrazoavel. Num caso, temos um ataque terrorista deliberado, intencional. No outro, temos um acidente, que certamente tem os seus responsáveis, mas é muito diferente de um ataque terrorista como o que aconteceu em Paris, onde pessoas foram executadas por meio de detonação de granadas e tiros de armas automáticas (AK-47) quando estavam em restaurantes e num show de rock. A comoção ao que aconteceu em Paris é justificadamente muito maior. Não há nem como comparar. Comparar as duas situações é burrice.

Esse tipo de argumento é tipicamente brasileiro. Brasileiro, na média, é mestre em criar dissensos em cima de consensos, pois é do caráter nacional o desentendimento, a picuinha etc. Tudo isso fundamentado em argumentos muito ruins, o que é o pior de tudo. Esse é o caso: o crítico que usa esse argumento consegue contrapor uma tragédia à outra. Ele vê na comoção dispensada aos ataques terroristas em Paris algo nocivo, como se as pessoas fossem insensíveis ao que aconteceu em Mariana (neste ponto, o argumento se baseia até numa premissa falsa: É MENTIRA que a imprensa não deu atenção ao rompimento da barragem, simplesmente mentirosa a alegação, posso colocar aqui dezenas de links que abordaram o assunto). O argumento parte do pressuposto de que as pessoas são canalhas, desprovidas de qualquer sentimento humanitário. Explicar de onde o crítico retira isso exatamente, por que ele acha que a imprensa é tão ruim assim, ao ponto de apenas dedicar atenção aos fatos ocorridos em Paris mas não no Brasil, isso ele não faz. Ele está interessado em aparecer fazendo a acusação leviana. É isso. A comparação é absurda, enfim. No Brasil, houve um acidente. Na França, houve ataques terroristas. A comoção em relação aos ataques terroristas é naturalmente maior, pois são atos intencionais.

O argumento usado para acusar a grande imprensa serve para acusar Dilma Rousseff, exatamente como fez ontem um sujeito de Fortaleza no perfil da presidenta no Facebook, que criticou o fato dela não ter a mesma reação que teve em relação aos ataques em Paris quando 12 pessoas foram assassinadas na quinta-feira última, em Fortaleza. É mais ou menos o mesmo argumento usado pelos críticos que enxergam uma indignação seletiva na grande imprensa. Ou seja, para esse tipo de crítica, a presidenta Dilma Rousseff é igual à imprensa em sua indignação seletiva.

Acesse o link a seguir e leiam o comentário de um certo Geovane Sousa Portela: https://www.facebook.com/SiteDilmaRousseff/posts/1017967694923488

O argumento leva ao absurdo paroxismo de que sempre que formos manifestar indignação contra alguma coisa, sempre que formos manifestar solidariedade diante de uma alguma tragédia, teremos que lembrar de todas as tragédias anteriores, caso contrário, estaremos sendo injustos, omissos, silentes, tendenciosos, enfim, mal intencionados. Não dá. O argumento é muito ruim. Nunca deu certo isso de criticar alguém por se manifestar contra uma coisa errada comparando com a reação dela em relação à outra coisa errada. O suposto silêncio num caso não é conclusivo. Muitas vezes isso acontece por razões práticas: a pessoa não vai se referir a todos os problemas do mundo sempre que tiver que manifestar a sua indignação ou solidariedade em relação a um determinado acontecimento. A crítica, no caso dos que acusam a indignação seletiva da grande imprensa e de algumas pessoas, que trataram de forma diferente o caso do terrorismo em Paris e o rompimento da barragem em Mariana, foi até injusta: as situações são diferentes, incomparáveis. Não se compara terrorismo com acidentes. Isso deveria ser básico.

Para essas pessoas eu digo apenas o seguinte: é bom começar a perceber que o mundo é globalizado, cada vez mais. Ser brasileiro não significa deixar de ser humano e não poder sentir solidariedade diante de uma tragédia como essa que caiu sobre Paris. A solidariedade é universal. E o caso de Paris foi mesmo chocante, quando vemos que pessoas foram executadas aos montes, sem qualquer chance de defesa quando estavam meramente num show de uma banda de rock ou num restaurante. Saíram de casa para serem brutalmente assassinadas. A violência dos ataques em Paris explica por que causou tanta comoção. As pessoas se colocam nos lugares das vítimas, como aconteceu no ataque terrorista a Oslo, em 22 de julho de 2011. Aliás, essa é uma marca do terrorismo do Estado Islâmico, autor dos ataques a Paris: ele atua para que todo mundo se sinta pessoalmente ameaçado em sua individualidade, em sua forma de viver. Não existem alvos estratégicos, exatamente. O alvo são os cidadãos comuns, atacados em suas individualidades. É uma guerra contra a forma que as pessoas pensam o mundo, é um ataque contra os valores mais básicos defendidos nas democracias ocidentais. Nessa linha, todo mundo que não se ajusta ao que eles querem é um alvo, sem qualquer espaço para a tolerância.

Não adianta muito querer se afastar disso e alegar questões geopolíticas fomentadas pelo Ocidente. Isso é um erro. A questão não é essa. A questão é que o terrorismo jihadista do Estado Islâmico tenta se impor na base da violência e não está disposto a dialogar democraticamente, longe disso. Com eles, não há qualquer entendimento possível. Ou é do jeito que eles querem ou é morte, guerra, escravidão etc. Diante dessa postura, a única alternativa civilizatória é mesmo a guerra. A guerra termina sendo, paradoxalmente, a melhor resposta da civilização contra grupos como o Estado Islâmico. É uma guerra totalmente legitimada pelos fatos.

O Estado Islâmico, a propósito, é combatido por simplesmente todo o mundo. Nem os outros grupos extremistas islâmicos são aliados do Estado Islâmico. É unânime a repulsa que ele provoca. O Irã é contra, a Al Qaeda é contra, o Hezbollah é contra, a Arábia Saudita é contra, o Hamas é contra, a Rússia é contra, Israel é contra, os EUA e a Europa Ocidental são contra. Enfim, todo o mundo é contra o Estado Islâmico. Ficar com discursos que, na entrelinhas, esquecem o problema que é o Estado Islâmico para querer atacar a “culpa” do Ocidente na situação é uma asneira política completa. A mesma coisa aconteceu na época do atentado ao Charlie Hebdo, ocorrido em janeiro deste ano. Tinha gente que preferia criticar o jornal a condenar o ataque que matou os cartunistas e editores. É uma questão de razoabilidade aí, de se colocar no lugar das vítimas, de ter um pouco daquilo que nos faz seres humanos capazes de entender uns aos outros, por mais que tenhamos diferenças. Quando se perde essa capacidade e se passa a odiar o outro por simplesmente pensar e agir diferente, a violência vem naturalmente. Contra a violência, as pessoas têm o direito de se defender.

É importante ter em mente que se hoje foi em Paris, amanhã pode ser perfeitamente no Brasil, principalmente considerando que o país passou a sediar eventos internacionais importantes, como Copas do Mundo e Olimpíadas (não preciso citar exemplos de ataques terroristas em Olimpíadas para sustentar esse ponto, basta pesquisar, pois tem até filme de Hollywood sobre isso). O terrorismo em Paris interessa a todo mundo, inclusive aos brasileiros também, lógico. E cada vez mais isso será uma realidade para um país que se pretende ser importante no cenário internacional. Discursar “politicamente” contra a solidariedade genuína que as pessoas manifestam é uma falta de humanidade.

Quem tenta minimizar o ocorrido, criticando ora o Ocidente (supostamente “culpado” pelo que o Estado Islâmico faz, eles dizem: Se alguém decide decapitar outrem ou fuzilar pessoas barbaramente, lembre-se de que sempre é possível culpar outras pessoas e poupar os assassinos que permitem a acusação), ora a reação legítima que o inegável ato de guerra causará (procurar se defender de terroristas que matam qualquer um sem dó nem piedade agora virou objeto de “preocupação” de quem acha ser fuzilado enquanto se está num restaurante ou num show de rock algo banal, digno inclusive de ser ignorado, pois o que importa é se preocupar com a reação do governo do país vitima do ataque, ao passo em que os terroristas, ah, esses podem continuar explodindo e fuzilando friamente as pessoas que não serão objeto de qualquer preocupação), deveria ter a oportunidade de vivenciar uma experiência dessas (por exemplo, estar num show onde pessoas fortemente armadas entram e começam a atirar em todo mundo que vêem pela frente) para nos contar depois como foi. Se conseguisse sair vivo, claro.

O fato é que a França tem o direito e o dever de se defender na situação. Nenhum país sério e decente vai aceitar candidamente que grupos pratiquem em seu solo atos de terrorismo e de guerra como os que foram praticados ontem em Paris. O país tem o direito e o dever de se defender. O povo está morrendo brutalmente apenas porque é cidadão do país. A situação é muito mais séria e grave do que fatos isolados que fazem a festa dos oportunistas de plantão. Retórica de brasileiro de esquerda bunda-mole (que não são todos, frise-se, mas apenas uma parte), que mal consegue defender a honra dos grupos políticos que integra (são chamados de “ladrões” e “safados” e ficam se borrando de medo, por exemplo), é descartável.

No Brasil, é comum a confusão e a perda de foco quanto ao que importa. Brasileiro, na média, é meio voador, barraqueiro e gosta de picuinha. Se você deixar, sempre considerando o padrão médio que se vê por aí, um brasileiro tomar uma decisão num momento importante, que afetará a vida de muitas pessoas, a chance de todo mundo “entrar pelo cano” é grande. No Brasil, a impressão que se tem é que as pessoas são criadas e formadas para escolher errado, para decidir errado. Falta objetividade, noção correta da realidade. Falta bom senso. Tudo isso explica certas opiniões em relação à reação que a França terá depois de ter sido atacada brutalmente. Eles se preocupam com isso e não com a grotesca ação terrorista. Eles acham que é mais um caso policial brasileiro, daqueles em que a classe média branda “bandido bom é bandido morto”.

Os comentários de boa parte dos internautas brasileiros que se autodeclaram “de esquerda” são qualquer coisa de ridículos. Eles realmente acham que a culpa do Estado Islâmico fazer atentados é de países como a França. Para eles, o Estado Islâmico é exclusivamente uma criação dos países que investiram na derrubada de Bashar Al-Assad, o que é falso. O Estado Islâmico cresceu no bojo de um movimento jihadista global cujas raízes contemporâneas foram lançadas pela Al Qaeda. É um movimento internacionalista que não se restringe a questões locais do Oriente Médio, seja na Síria, seja no Iraque. Se grupos paramilitares, embrionários do EI, se mimetizaram entre os vários grupos em conflito na guerra civil síria e conseguiram acesso a armas, isso não significa que os países que financiaram tais grupos conscientemente concordaram com a proposta da jihad global do EI. A conclusão não se se segue da premissa. O Estado Islâmico conta com adesão maciça de pessoas do norte da África e inclusive da Europa (geralmente, descendentes de muçulmanos, muitos deles jovens que mal chegaram à casa dos 20 anos). Existe um movimento ainda pouco estudado e compreendido.

Há um mercado de informações organizado que alimenta grupos como o EI. Pensar que tudo foi um acidente de percurso, algo mal planejado pelas potências ocidentais, é puro desvario e ignorância. Ao contrário do que dizem, a visão de mundo que permitiu que surgisse o EI já existia há muito tempo e, mais recentemente, sempre esteve presente e organizada em sites, blogs, várias entidades islâmicas e nas redes sociais. Eles se valeram de técnicas de propaganda veiculadas para uma sociedade de massas. Foi uma evolução de uma situação pré-existente, com um certo “romantismo” na estratégia do EI de conquistar adeptos. Camile Paglia, em recente entrevista publicada na Folha de São Paulo, tem muita razão quando identifica o elemento da sede por “ação física e aventura”, ao fato de integrarem uma “irmandade”, na adesão de jovens muçulmanos nascidos e criados na Europa. Portanto, o EI não foi uma mera estratégia de atuação geopolítica equivocada do Ocidente. Ele surgiria mais cedo ou mais tarde. A guerra civil na Síria apenas proporcionou, contribuiu ou facilitou que isso acontecesse. O que motiva grupos como EI são conceitos jihadistas fundamentalistas, o ataque aos infiéis e a conversão deles nem que seja na base da força ou da violência. O EI defende o expansionismo islâmico de outras épocas históricas. Não é uma coisa restrita ao nosso tempo, a não ser na forma como eles hoje atuam. Ideologicamente, a semente do EI é intrínseca a uma certa interpretação do islamismo.

Comentando um post citado por um amigo em seu perfil no Facebook, fiz algumas observações que considero pertinentes sobre os ataques terroristas de ontem contra Paris, de autoria atribuída ao Estado Islâmico. O post citado falava sobre o papel de países como EUA e França tiveram ou têm na forma como o EI conseguiu surgir e atuar no cenário internacional. Numa das passagens do post, o autor acusava a França de também praticar o que considerou “terrorismo”, da mesma forma que o EI faz. Transcrevo o trecho do post para que fique mais clara a ideia:

“(…” a França há meses vem atacando áreas supostamente onde o Estado Islâmico atua, todavia matando civis também. Terroristas da mesma laia. O problema é que um lado pode cometer atos terroristas, o outro não. Terrorismo é uma questão conceitual e depende de que lado você se encontra. Infelizmente morre gente inocente dos dois lados. Quem realmente tem culpa está sentado com sua bunda protegida.”

Comparar supostas mortes por “erros” com as mortes de ontem em Paris é um erro e tanto, além de ser um argumento absurdo, totalmente inválido. É dizer que a França conscientemente quis as alegadas mortes dos civis citadas, como os terroristas de ontem intencionalmente quiseram matar as vítimas dos atentados em Paris. Não enxergar a diferença é lamentável. Há uma diferença fundamental entre uma situação e outra: os alvos originais eram diferentes, as intenções eram diferentes. Sobre ser o terrorismo uma questão conceitual que depende do lado em que se encontra, eu até posso concordar com isso. Com o que eu não posso concordar é dizer que o que o EI fez e faz não é terrorismo. Aliás, faltou quem escreveu essas linhas se pronunciar expressamente sobre isso. Apesar de ter dito que eram “terroristas da mesma laia”, não houve a condenação expressa ao que o EI fez e ainda faz. É como se o EI estivesse reagindo com legitimidade aos ataques franceses.

Eu considero um grave problema de certos discursos tentarem relativizar ou minimizar as ações do grupo terrorista Estado Islâmico, usando, para isso, acusações contra ações militares desastradas de países ocidentais. Uma coisa não justifica a outra. No máximo, são ambas as ações condenáveis, sendo importante perceber que as ações de grupos terroristas como o EI, especificamente, não dependem exatamente do que os países ocidentais fazem em suas incursões no Oriente Médio. O que motiva grupos como o EI são questões relativas à interpretação que eles fazem do islamismo (o conceito de jihad que eles assumem como correto). Isso independe da política externa dos países ocidentais para o Oriente Médio. Fazer essa confusão apenas ajuda o EI em sua escalada de terror.

O amigo em questão, onde o comentário foi postado, argumentou com razão que “Acredito que o Ocidente viu nesse movimento jihad uma oportunidade que usa-los para seus fins escusos (desestabilizar países não afinados com suas políticas), mas esqueceram que poderiam provocar uma reação contrária.”

Isso se aplica certamente à Síria. Nisso eu concordo com ele. Os ocidentais não aceitam que Assad consegue manter esses radicais sob controle. A mesma coisa Sadam Hussein (não quero igualar os dois, obviamente, mas sim falar do papel de controle que eles exerciam nos seus países).

Mas temos que combater o terrorismo islamofascista do EI. É um erro das esquerdas enxergarem neles um aliado circunstancial. Não são aliados de ninguém. São inimigos de todos nós. Observe que, por vias tortas, o que a esquerda critica nas potências ocidentais pode acabar sendo o que ela mesma pratica, de forma diferente: deixa de atacar o EI quando deveria estar fazendo isso.

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No Brasil, confronto “oposição x governo” atrasa o país

No Brasil, tudo está muito convencional, repetitivo. Essa conversa de “governo x oposição” é completamente psicótica e nada criativa. Impede as pessoas de pensarem em outras coisas. O país fica cada vez mais conservador. Os intelectuais são pouco ou nada inventivos. A mesma coisa os artistas. Ninguém mais tem projeto genuinamente original e inovador para o país. Viraram repetidores do que outros já fizeram.

Antes, o artista era engajado. Ele pensava em novas ideias, influenciava a sociedade. Atualmente o artista brasileiro, em seu esnobismo imbecil, mal consegue se fazer conhecido e acha que a culpa é do público. O pior é que existe a patota imbecil que concorda com isso, quando o pais já pariu movimentos culturais relevantes em termos internacionais, como a Tropicália ou Bossa Nova. O último movimento cultural surgido no Brasil relevante que eu consigo me lembrar foi o mangue beat. Atualmente e já há um bom tempo, não há nada de criativo e inovador, militante e organizado, com peso e influência sobre a sociedade. Nada. Nem na ciência nem na arte (nem mesmo os projetos de Nicolelis contam porque cai no problema político atual, oposição x governo, perdendo força e influência). Os intelectuais brasileiros se limitam a debates estéreis. Ninguém tem projetos grandiosos que sejam percebidos assim pela sociedade e exerçam influência sobre as pessoas.

Inconcebível que em países como EUA, França, Alemanha, Inglaterra etc, a mediocridade impere entre os intelectuais e artistas. Isso seria inadmissível. Os caras pensam o país e criam ideias que se pretendem importantes, que influenciem a vida das pessoas. No Brasil, as pessoas estão preocupadas em brigar umas com as outras, em xingar uns aos outros. Um é chamado de “petralha” e o outro de “coxinha”. Sério, para ficar nesse tom monocórdico é preciso ser muito limitado. Esse papo de “oposição x governo” é o que está atrasando o país. Essa conversa tem que ser superada. Já deu. É preciso pensar em outras coisas. O país não pode ficar estagnado mais por causa disso. Tem gente que só fala disso, o ano todo. Vamos se tocar aí. O Brasil precisa que as pessoas pensem em outras coisas. Caso contrário, será o triunfo do marasmo, da burrice, da mesmice sobre a inteligência, a criatividade, o talento.

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O sensacionalismo e a ignorância dos que não sabem o que é o fascismo

Eu vi dois vídeos que documentam o episódio que uma ala alarmista, sensacionalista e não séria da esquerda brasileira anda chamando de “fascismo”. Falo aqui do episódio que envolveu Eduardo Suplicy e Fernando Haddad, após sabatina realizada pela Rádio CBN numa loja da Livraria Cultura em São Paulo, onde eles foram recebidos por manifestantes que gritavam palavras de ordem e coisas do tipo (as pessoas gritavam coisas como “Suplicy, vergonha nacional!”, “Vergonha!, Vergonha!” ou entoavam canções de protesto contra petistas, tais como a já conhecida “a nossa bandeira jamais será vermelha” etc). Coloquei links abaixo para dois dos vídeos disponíveis no YouTube acerca do episódio.

Fui ver os vídeos, curioso, até pela chamada alarmista que alguns blogs fizeram sobre o assunto. Não vi fascismo nenhum. Vi um bando de brasileiros fora de forma (gordo, obeso, sobrepeso etc) agindo como conservadores tupiniquins bundas-moles.

O que o vídeo abaixo mostra não tem nada de fascismo, como alguns textos estão falando por aí na blogosfera, fazendo sensacionalismo tosco e politicamente desinformado. Isso é apenas a classe média reacionária brasileira, udenista, preconceituosa, se manifestando. Isso não é o fascismo ideológico, arraigado, de pessoas como Mussolini e tantos outros. É apenas a má educação brasileira, a falta de estilo, a incivilidade tupiniquim, a brutalidade, a grosseria do modo brasileiro de ser. As pessoas no Brasil, na média, principalmente quando se trata de discutir política, são assim, desclassificadas, barraqueiras, escandalosas, desequilibradas, não sabem respeitar o contraditório, quem pensa diferente.

Isso a esquerda brasileira também faz com os adversários políticos, é intolerante. Esse é o povo do Brasil, na média. O vídeo retrata as típicas questiúnculas de classe brasileiras, com a sempre presente falta de categoria, a típica maloqueiragem brasileira. O rico, o remediado, não gosta de pobre e quer oprimi-lo.

Na verdade, isso tem muito pouco a ver com o fascismo enquanto ideologia política. Esses caras que andam dizendo isso por aí não sabem o que é o fascismo. Pela intolerância com o adversário político, apenas analisando esse critério, a esquerda brasileira é muito mais fascista do que a direita brasileira. Até parece que a esquerda brasileira nunca vaiou ou xingou adversário político em algum lugar público. Ora, faça-me o favor.

Vídeo 1:

Vídeo 2:

O deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ), em sua página no Facebook,  no seu já famoso estilo “comentarista de redes sociais”, foi outro que andou vociferando histericamente contra os imaginados “fascistas” brasileiros, a exemplo da psolista Celene, a mulher que aparece nos vídeos discutindo com Suplicy, exibindo uma voz rouca desequilibrada, típica de quem pode até ter um ataque cardíaco a qualquer momento e que, de fato, não tem o menor perfil para aquele tipo de confronto.

Ao contrário do que vaticina o deputado Jean Wyllys, do alto de seu tom alarmista, típico de quem gosta de aparecer para os holofotes, invariavelmente falando bobagem, não vejo, necessariamente, fascismo nenhum no que ela fez.

Jean Wyllys, que gosta tanto de desqualificar os outros em seus textos, de uma forma até grosseira e megalomaníaca, deveria aprimorar o nível de suas análises políticas, cada vez menos sofisticadas e sem nuances. Ninguém é fascista apenas por fazer o que a psolista Celene fez na Livraria Cultura em São Paulo. Ela pode ser uma alienada, “Maria vai com as outras”, uma desequilibrada ou mau caráter. Pode ate ser verdadeiramente fascista. Mas não é fascista apenas pelo que fez, necessariamente. Essa conclusão é falsa.

Jean Wyllys, mais uma vez, fala bobagem no seu estilo deslumbrado de quem acha que sabe mais do que os outros, mas apenas consegue mostrar o perfil do eterno provinciano da Bahia que de repente se tornou conhecido e tenta se mostrar “intelectualmente sábio” a todo custo, mesmo que seja comprometendo a verdade em afirmações absolutamente incorretas e até constrangedoras em sua forma tosca de se apresentar, sempre desqualificando os outros.

No mundo de Jean Wyllys, repleto de lugares comuns, que ele vende como “grandes sacadas”, todos os adversários políticos são “burros” e “despreparados intelectuais”, incapazes de saber o que ele sequer mostra que sabe direito, a exemplo do que significa ser verdadeiramente fascista. Neste quesito, Jean Wyllys mostrou ser apenas mais um típico esquerdista brasileiro para quem “fascista” é um xingamento que se usa para atacar alguém que age politicamente de uma forma da qual se discorda.

Em suma, Jean Wyllys é mais um esquerdista brasileiro que não sabe classificar corretamente quem é fascista. Tudo o que a esquerda brasileira, geralmente desinformada e sem rigor intelectual, diferentemente do que Wyllys pensa que ela é, escreve sobre isso, sobre Fascismo e coisas do tipo, é lixo intelectual, coisa de quinta categoria. Eles não sabem de nada sobre o assunto. O que brasileiros de esquerda escrevem sobre o fascismo é algo que só existe no Brasil. Eles não sabem o que verdadeiramente é o fascismo. Não fazem a mínima ideia.

Aliás, é até engraçado ver o comportamento moralista e demagógico de Jean Wyllys ao falar do Fascismo com tanto desprezo e abominação, como se o Fascismo não fosse apenas uma corrente política, como qualquer outra, a exemplo do Anarquismo, do Comunismo, do Socialismo, etc.

E é mais ainda curioso quando sabemos que ele mesmo já exibiu características tipicamente fascistas em sua atuação como deputado federal. No vídeo abaixo, é possível ver o deputado federal Jean Wyllys exibindo características tipicamente fascistas, como o autoritarismo, a intolerância ao contraditório e querendo cercear a liberdade de expressão alheia, tudo isso ao reagir de forma desproporcional contra a plateia que apenas riu quando ele disse que era “oposição ao Governo Dilma”. Para Jean Wyllys, ninguém pode discordar dele, nem que seja simplesmente rindo. Ele ameaça expulsar as pessoas do local.

Na Inglaterra, o primeiro ministro vai ao parlamento e é xingado, vaiado, confrontado, as pessoas riem sim na cara dele, do que ele fala etc. Em nenhum momento, ele age como o baiano Wyllys agiu no vídeo abaixo. Seria inimaginável ou inadmissível numa verdadeira democracia, como a britânica, coisa que Wyllys não sabe o que é. E um sujeito desses, incivilizado, arrogante que acha que pode ficar “lecionando” para as pessoas, se acha no direito de acusar os outros de fascistas. Isso é coisa de fraude política mesmo. Símbolo da esquerda atrasada brasileira, sempre incoerente, sempre casuísta, sempre antidemocrática e flertando com o fascismo, por mais que não saiba disso, em sua ignorância política. Com líderes desse naipe, a esquerda brasileira vai de mal a pior. Tudo ignorante, segundo time, tentando enganar os mais incautos e passando vergonha perante os que sabem minimamente das coisas. A arrogância tosca e ignorante de Wyllys desmorona a farsa que ele tenta sustentar em seus pronunciamento. É patético.

Confirme a intolerância e o autoritarismo de Jean Wyllys, que exibiu, nesse vídeo, inequívocas características fascistas, como a intolerância contra quem pensa diferente dele em termos políticos, uma das maiores marcas do fascismo e também do comunismo, como qualquer um que estudou a sério tais assuntos sabe:

O problema da esquerda brasileira é justamente esse, qual seja, ela é casuísta, incoerente e usualmente ignorante, desinformada. É incapaz de conhecer e usar corretamente os conceitos que usa displicentemente. Quando enquadrada no que acusa, desdiz o que disse antes, enxerga diferenças inexistentes etc. Isso também tem relações com uma postura fascista, a de se colocar acima de tudo, de se considerar “dono da verdade”, de não reconhecer os erros, isto é, o de discursar em prol de um enaltecimento da pessoa, de defender a sua “infalibilidade” (de onde surge o culto à personalidade, tão caro aos fascistas), mesmo que isso seja sustentado da forma mais tosca e ridícula possível, como faz a esquerda brasileira.

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Até quando seremos reféns de golpistas?

O primeiro presidente eleito depois da ditadura militar sofreu um processo de impeachment e acabou renunciando ao mandato antes do término do julgamento no Senado Federal. E agora, eles querem repetir a dose com a primeira mulher a presidir este país, quem sabe aplicando efetivamente a pena de impeachment, já que ela disse que não renuncia. Eles querem o poder novamente.

Sou favorável a um contragolpe, na acepção da palavra. Sem alardes, discreto, mas potente e eficaz. Nada de ditadura nem de regimes de exceção, mas criação de novas práticas que persigam, enquadrem e detonem os movimentos golpistas e sabotadores da democracia. Não se pode tolerar mais que o status quo reacionário brasileiro tome de assalto a democracia e faça dela uma caricatura que não convence mais ninguém. Isso tem que ser implementado em todas as áreas de atuação, inclusive por meio do uso da força, se for necessário. Golpista, reacionário, anti-povo e anti-democracia não pode mais ter o direito de se criar neste país. Tem que ser esmagado, cerceado, marcado, perseguido desde o primeiro momento. Sou favorável a esse tipo de contragolpe, criando uma sociedade onde nunca mais sejamos reféns desse udenismo canalha e golpista.

Eu não aceito retrocesso e muito menos me sentir desrespeitado em meus direitos básicos de cidadão por causa de meia dúzia de canalhas que se acham acima dos outros. Eu não aceito. Se tem gente no governo ou na esquerda brasileira que aceita, aí é coisa da covardia histórica brasileira com a qual eu não compactuo.Se a Dilma quiser ficar no poder, é preciso endurecer o discurso e começar a praticar ações que realmente confrontem os golpistas. Qualquer coisa longe disso não será libertador. O que o país precisa é se libertar dos golpistas, de sua ideologia. É esse pensamento, o que eles defendem que vem atrasando o país desde sempre. O momento é ideal para acertar de vez essa conta histórica. Democracia não pode ser usurpada por pessoas que não têm o menor respeito por ela.

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Eleitores de Dilma em vias de terem o voto cassado pela oposição

O pedido de impeachment assinado por Hélio Bicudo foi protocolado hoje na Câmara dos Deputados, entregue diretamente ao presidente Eduardo Cunha, quase onze meses depois do segundo turno das eleições de 2014. O que assusta e causa uma certa revolta é a apatia da maior parte dos eleitores que votaram em Dilma. O golpe sendo dado na maior cara de pau e a maior parte das pessoas que votaram em Dilma passiva, assistindo a tudo, como se fosse normal tudo isso. Tudo o que vinha sendo feito em termos de políticas públicas, todos os projetos governamentais dos ministérios, enfim, toda a linha que vinha sendo seguida corre o risco de virar um nada.

Qual a legitimidade disso, sem o endosso das urnas? E com base em quê, exatamente? Qual o crime de responsabilidade que cometeu Dilma Rousseff? Pedaladas fiscais? Uma coisa que todos os governos fizeram antes dela? Sequer um ato de Dilma praticado no mandato anterior pode legitimar o impeachment. É preciso que seja um ato deste mandato, iniciado em 2015. É preciso pressionar o Congresso Nacional para não embarcar nessa aventura golpista.

Na Câmara dos Deputados, eu tenho poucas dúvidas de que será aprovado o relatório do impeachment. No Senado Federal, no julgamento do pedido propriamente dito, aí eu acredito que Dilma tem mais chances de se manter no poder. O problema é que ela será afastada do poder já com a aprovação do pedido perante a Câmara dos Deputados. E com ela fora do poder, as coisas tendem a se acomodar numa direção, a do afastamento definitivo. Com ela afastada do poder, a tendência é vir uma caça às bruxas sem precedentes contra os partidos de esquerda, principalmente o PT, e principalmente Lula. Os movimentos sociais também sofrerão represálias, para o regozijo dos paneleiros golpistas. Esse é o cenário que se avizinha.

Exige-se dos eleitores que votaram em Dilma de forma consciente que se coloquem firmes contra essa iniciativa golpista. Os votos de vocês estão sendo flagrantemente cassados de forma anti-democrática, autoritária, passando por cima da soberania popular. Essa é a verdade. Não existe qualquer motivo válido para pedir o impeachment de Dilma Rousseff. O que existe é a não aceitação da derrota nas eleição de 2014 e a tomada do poder a pulso pelos golpistas da oposição e a escumalha paneleira que a apoia.

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