Arquivo do mês: agosto 2015

Prestar queixa contra os manifestantes anti-Lula e anti-PT deveria ser a prioridade

Ao tomar conhecimento da notícia dada pela jornalista Mônica Bergamo, da Folha de São Paulo, em sua coluna, dando conta de que o PT irá defender Emanuelle Thomaziello, também conhecida como Manú, a menina da União da Juventude Socialista acusada de furar o boneco inflável do Lula, apelidado “Pixuleco”, na última sexta-feira (28/08/2015), fui tomado pela perplexidade.

Explico: Será que ninguém do PT, inclusive Lula, não é capaz de atentar para o fato de que muito mais importante do que defender a garota da UJS é prestar queixa contra os criminosos que usam o boneco inflado “Pixuleco” para atacar os direitos da personalidade de Lula e do Partido dos Trabalhadores (PT)??

Como se pode admitir que CRIMINOSOS, QUE PODEM SER PRESOS EM FLAGRANTE DELITO, BASTA UMA QUEIXA DO LULA OU DO PRÓPRIO PT, fiquem posando de “VÍTIMAS” na situação???

Evidentemente que não podem, claro. Seria a mais completa inversão de valores, da lei e da Constituição Federal, a qual vem sendo sistematicamente aviltada neste episódio de um modo inacreditável. Tudo isso se torna ainda mais grave quando vemos órgãos do Estado, como a Polícia Militar do Estado de São Paulo, fornecer escolta para que os manifestantes anti-PT e anti-Lula possam livremente continuar a cometer crimes contra os direitos da personalidade do presidente Lula e do próprio PT, afinal, a camisa de presidário usada pelo boneco inflado que simboliza Lula contém o número 13 (“13-171” é o número que aparece), uma clara referência ao PT e ao artigo do Código Penal que trata do crime de estelionato.

Portanto, antes de pensar em defender a corajosa e digna militante da UJS, Manú Thomaziello, que agiu, no máximo, em legítima defesa de terceiros, a prioridade deveria ser prestar queixa contra os manifestantes anti-Lula e anti-PT que atacam, praticamente todos os dias e com promessas de fazerem tour pelo país, os direitos de personalidade de Lula e do PT, que, enquanto partido político regularmente cadastrado na justiça eleitoral (pessoa jurídica), também possui os direitos à imagem e ao nome garantidos (art. 52 do Código Civil e Súmula nº 227 do STJ).

A lei e a Carta Política brasileira estão sendo grosseiramente violadas neste episódio. E as pessoas, física e jurídica, que deveriam agir do modo pertinente, ficam se omitindo de tomar as providências cabíveis.

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O “direito” de atacar os direitos da personalidade garantido por escolta da PM de São Paulo

O jornal “O Globo” noticiou hoje, em sua página do Facebook, que manifestantes anti-PT usaram hoje o boneco inflado do Lula, apelidado “Pixuleco”, na Avenida Paulista, em São Paulo. Detalhe: eles estavam sob escolta policial da PM de São Paulo para evitar que acontecesse um novo “atentado” (sic) contra o boneco, como classificou a grande imprensa o episódio acontecido na manhã da última sexta-feira, quando uma integrante da União da Juventude Socialista (UJS), de nome Manú Thomaziello, foi acusada de furar o boneco inflado de Lula.

Quer dizer que agora neste país o direito de atacar a imagem dos outros é garantido pela polícia?? Definitivamente, virou ditadura da irracionalidade já. Isso era suficiente para fazer cair o comandante da PM, o secretário de segurança pública e o governador de SP. Fascismo explícito.

O PT devia fazer um boneco para o SERRA recebendo propina pelo TRENSALÃO ou algo que identificasse isso, um boneco do AÉCIO cheirando PÓ usando como canudo uma nota do dinheiro roubado de FURNAS, com uma camisa escrito “UMA PROPINA, VÁRIAS CARREIRAS DE PÓ”, e um boneco do FHC usando uma camisa com o dizer “CRIADOR DO MENSALÃO PARA COMPRAR A REELEIÇÃO E PAI DA PRIVATARIA”.

Marca uma passeata que a PM fará a escolta. Ah, e não precisa se preocupar com prova alguma. Estão dizendo agora neste país que atacar a imagem dos outros é legal e que não precisa de prova alguma para tanto. É tão legal e constitucional, que até tem direito à escolta policial da PM. Beleza isso. Vamos poder atacar a imagem, o nome, a honra e a dignidade de qualquer um que isso é permitido. Ou só pode atacar os direitos da personalidade do Lula? Claro que não. Se pode atacar os direitos da personalidade dele, pode atacar de qualquer um, sob pena de discriminação inconstitucional. É um caso de legítima defesa. Uso de meios proporcionais e condizentes com o ataque sofrido. Afinal, Lula está sendo chamado de “ladrão”, “corrupto”, “estelionatário” etc, por meio desse boneco inflado. Num instante, eles, os idealizadores desse protesto e quem lhes dá segurança por meio de escolta policial, pipocavam.

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Lula anuncia que, “se for necessário”, pode ser candidato a presidente em 2018

Em uma entrevista dada na manhã de ontem, sexta-feira, 28/08/2015, a uma rádio de Belo Horizonte (Radio Itatiaia), Lula declarou que “Não posso dizer que sou, nem que não sou [candidato]. Sinceramente, espero que tenha outras pessoas para serem candidatas. Agora, uma coisa pode ficar certa. Se a oposição pensa que vai ganhar, que não vai ter disputa e que o PT está acabado, ela pode ficar certa do seguinte: se for necessário, eu vou para a disputa e vou trabalhar para que a oposição não ganhe as eleições”, deixando claro que poder ser candidato em 2018 a presidente da república.

Se ele se candidatar, ele vai ganhar. Lula é, atualmente e enquanto viver, imbatível numa eleição. É considerado o melhor presidente da história do país, uma liderança internacional, respeitada. Não existe nenhum candidato capaz de ganhar de Lula. Serra, Alckmin, Aécio, Marina etc, nenhum deles é capaz de ganhar de Lula. Lula vence todos eles com folga. É, disparado, o franco favorito, caso isso se confirme.

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A novela que fracassou naquilo que ela tinha de melhor

Babilônia foi uma novela que fracassou naquilo que ela tinha de melhor. Mostrou um casal de lésbicas idosas se beijando. Mostrou uma mulher que transava casualmente por desejo. Mostrou uma negra pobre, vendedora de praia, se relacionando com um advogado branco de classe média alta. Nada disso agradou ao público conservador.

Resultado: Mesmo com todas as tentativas de mudar a trama, Babilônia amargou a pior audiência de uma “novela das 8” em 50 anos de Rede Globo. Antes de fazerem leituras equivocadas como “é sinal de que a Globo perde audiência paulatinamente” e blá blá blá, a análise é outra. Vivemos uma onda conservadora de extrema-direita que é puro retrocesso, principalmente em termos de costumes. Os autores de Babilônia, entre eles um dos mais famosos, Gilberto Braga, autor de “Vale Tudo”, por exemplo, não perceberam isso e fracassaram em termos de audiência.

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O pior poder da república, disparado

Eu vejo muita gente reclamando do governo. Pior seria se dependessem do Poder judiciário para alguma coisa. Eu não dependo muito do governo, em qualquer das três esferas (municipal, estadual e federal). Dependo, na condição de advogado, muito mais do Poder Judiciário. Não tem nem como comparar. O Executivo pode ser criticado em muitos aspectos, mas pelo menos ele age, na maioria das vezes. O Judiciário é completamente ineficiente, moroso, o pior dos três poderes, disparado.

Além disso, é o poder menos investigado em termo de corrupção, mesmo sendo lotado de ladrões do erário, corruptos, fraudadores de licitação, vendedores de sentença, gente improba, preguiçosos, despreparados, desqualificados tecnicamente etc. Tirando uma ou outra exceção, geralmente contatos que vêm de longa data e de outras situações, nada a ver com o ambiente judicial, não tenho qualquer relacionamento de amizade com juiz de direito e prefiro que continue assim. Para mim, juiz de direito existe para julgar de acordo com lei e a Constituição e só. Se eles cumprirem essa função, o que cada vez menos acontece do jeito que deveria, já estará de bom tamanho.

O que existe hoje em dia no Poder Judiciário é a transformação dele num grande balcão de negócios, cuja finalidade maior é homologar acordos, muitas vezes ilegais e imorais. Foi nisso que o Poder Judiciário se transformou. Hoje em dia, praticamente não existe mais a nobre missão de aplicar corretamente a lei, dar direitos a quem tem e distribuir justiça. Esqueça. Isso não faz mais parte do cenário. Os jurisdicionados são chantageados a partir da ineficiência do Poder Judiciário. A chantagem a que me refiro funciona da seguinte forma: ou eles, os jurisdicionados, aceitam celebrar um acordo ridículo, em muitos casos, ou quem tem direitos a pleitear amargará durante anos a completa ineficiência do pior poder da república, que é o Poder Judiciário.É assim que as coisas estão funcionando no Poder Judiciário, que não é capaz de cumprir, em patamares minimamente razoáveis, sua função constitucional.

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Mídia brasileira está 10 anos defasada no debate político

Post de minha autoria originalmente publicado no portal do Jornal GGN, seção Luis Nassif Online, na data de 11/11/2014.

Mídia brasileira está 10 anos defasada no debate político, por Alessandro de Argolo

Comentário referente ao post Dilma, a regulação dos oligopólios de mídia e as meninas do Jô

A mídia brasileira está defasada no debate político uns 10 anos

A verdade é que a mídia brasileira, isso de uma forma geral, está defasada, desinformada mesmo, no debate político sobre o cenário internacional em pelo menos uns 10 anos. Isso vale tanto para a grande imprensa quanto para a blogosfera. Os jornalistas brasileiros são de uma pobreza nas análises políticas impressionante e o exemplo na cobertura sobre o bolivarianismo é emblemático nesse sentido. O que a grande imprensa brasileira hoje reverbera sobre o assunto é o que sujeitos como Olavo de Carvalho falavam há 10 anos quando se debruçavam sobre entidades como o Foro de São Paulo, o que é evidentemente uma piada e mostra a pobreza política das análises que campeiam na grande imprensa brasileira, a qual sempre foi limitadíssima ao analisar o cenário latino americano, sul-americano em particular. A mesma coisa pode ser dita sobre a situação na Ucrânia e sobre o cenário político russo, dos quais os órgãos de imprensa brasileiros sabem muito pouco. Por exemplo, a imprensa brasileira, inclusive a blogosfera, sabe muito pouco sobre figuras complexas como Putin, o que ajudou a produzir lamentáveis análises por parte de setores de esquerda que encamparam, ridicularmente, a ideia de que Putin seria um contraponto à esquerda ao neoconservadorismo dos EUA, o que evidentemente é falso e mostra o grau de desinformação que marca o jornalismo político brasileiro.

Por incrível que pareça, Olavo de Carvalho e até mesmo Júlio Severo estavam mais informados sobre Putin do que 99% dos que escreveram sobre ele na grande imprensa e na blogosfera durante a crise da Ucrânia, que ainda se arrasta. Os analistas mal sabiam o que significava eurasianismo e ainda hoje não sabem o que é a Tradição de que falam autores como Dugin, que recentemente esteve no Brasil e deu palestras na USP num encontro evoliano, organizado, de uma forma um tanto amadora, sem grande apoio político ou financeiro, por estudantes de filosofia em homenagem ao pensador italiano Julius Evola, ao lado de Alain Soral, ativista francês um tanto maldito em seu país, que é inclusive alvo de acusações de antissemitismo, o que levou alguns membros da comunidade judaica brasileira a falarem inclusive em denunciar o evento junto à Polícia Federal e ao MPF, pois seria um evento de índole racista e etc, uma bobagem completa que não deu em nada. A verdade é que o Encontro Evoliano é organizado com interesses puramente acadêmicos, sem maiores pretensões políticas. Eu conheço inclusive a pessoa que organiza, que é doutoranda em filosofia pela USP e é natural de João Pessoa, na Paraíba, Dídimo Matos. Quem hoje tenta escrever com um mínimo de propriedade sobre a Ucrânia, Putin e que tais é Pepe Escobar, que também corre atrás do prejuízo, um tanto tardiamente comparecendo à festa. Enfim, no Brasil, os jornalistas estão defasados no debate e patinam para entender o cenário político internacional que emergiu de dez anos para cá.

O bolivarianismo, por exemplo, é muito pouco compreendido no Brasil. Não existem grandes estudiosos sobre o assunto. Os jornalistas europeus, a exemplo dos ingleses Robert Fisk, do The Independent, e John Pilger, do The Guardian, escreveram ao longo dos últimos anos e no período de maior efervescência, artigos muito interessantes sobre a situação na Venezuela e na Bolívia do que um dia fizeram os órgãos de comunicação brasileiros, o que é realmente uma vergonha para o jornalismo político brasileiro e para os próprios grupos de esquerda brasileiros. Sem falar de monumentais jornalistas independentes, como o americano Alexander Cockburn, do CounterPunch, infelizmente falecido de câncer no ano passado, um dos melhores exemplos do que é fazer jornalismo verdadeiramente independente e de qualidade, engajado politicamente, sempre na vanguarda com o seu estilo clássico da imprensa trotskista que marcava e ainda marca a esquerda americana. Esses caras escreveram artigos realmente elucidativos sobre o cenário político venezuelano e sobre o bolivarianismo de uma forma geral nos últimos 10 anos que, no Brasil, os leitores simplesmente não tinham acesso a partir de textos de jornalistas brasileiros. Era preciso estar atento ao órgãos de imprensa internacionais para se informar melhor sobre o que estava acontecendo, seja no Resistir.Info, site português que publicava artigos traduzidos desses jornalistas, seja diretamente nos sites dos órgãos de imprensa internacionais.

Eu vi no vídeo o Jô Soares falar sobre um suposto contato do MST com grupos venezuelanos, notícia que foi recentemente divulgada, em tom alarmista, no Brasil, por jornalistas como Cláudio Tognolli, que é da turma que faz oposição raivosa e direitista ao Governo Federal do PT, um tanto paranoica na linha defasada que eu apontei anteriormente. O pior é constatar que esse espírito era o mesmo que existia nos escritos de Olavo de Carvalho de 10 anos atrás, lá por 2004, por aí. Ou seja, a grande imprensa está pautada por visões distorcidas e nada embasadas sobre o bolivarianismo, vendendo preconceitos e ideias falsas, sem sequer fazer um trabalho jornalístico sério mínimo que seja.

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“X-Men: Dias de um Futuro Esquecido” é o ótimo retorno dos mutantes ao cinema

xman CartazSegue texto de minha autoria originalmente publicado no site do Jornal GGN na data de 25/05/2014.

“X-Men: Dias de um Futuro Esquecido” é o ótimo retorno dos mutantes ao cinema

Assisti ontem ao filme “X-Men: Days of Future Past” (“X-Men: Dias de um Futuro Esquecido”, no título brasileiro). Fiquei muito satisfeito com a adaptação da clássica HQ americana da Marvel do início dos anos 80 (lançada no Brasil em 1986, na antiga revistinha Superaventuras Marvel, da Editora Abril), criada por Chris Claremont e John Byrne, última parceria de ambos no comando das histórias em quadrinhos dos X-Men, depois de anos de sucesso e de uma conturbada parceria. Os dois discordavam muito dos destinos das personagens de X-Men e isso foi determinante para que o desenhista Byrne abandonasse o título dos X-Men e passasse os próximos cinco anos revolucionando o Quarteto Fantástico (ficou responsável pelos desenhos e pelos roteiros das HQs). A ideia essencial da versão original foi preservada, que é a tentativa de alterar o curso da história, mantendo um certo suspense sobre isso e uma certa indecisão.

A peculiaridade desse novo filme da nova franquia dos X-Men está na direção de Bryan Singer, que cria links com os primeiros filmes dos X-Men, principalmente os dois primeiros que foram por ele dirigidos, isso no início dos anos 2000. O filme é muito bom. Possui uma competente direção de Singer, que prova que detém pleno domínio sobre as personagens e o universo das HQs dos X-men. É uma cineasta talentoso na construção das cenas. Ninguém é melhor do que ele para recriar o universo dos X-Men. Ele domina a linguagem, conhece as personagens, os dramas existenciais que marcam cada uma delas. É um craque. Mantém o clima impactante do primeiro filme da nova franquia, “X-Men: First Class”, indo um pouco além com as cenas de um futuro sombrio dominado pelos super-robôs Sentinelas.

A participação dos atores da primeira franquia de X-Men, além dos que interpretam os novos mutantes que são apresentados no filme, como os mutantes do futuro, deu uma força extra ao filme. Hugh Jackman está muito bem, como sempre, no papel de Wolverine, assim como Patrick Stewart e Ian McKellen, respectivamente, nos papeis de Charles Xavier (Professor X) e Erik Lehnsherr (Magneto) mais velhos. Destaque também para a participação de atrizes como Ellen Page, que interpreta a mutante Kitty Pride, responsável pela viagem no tempo de Wolverine, e Halle Berry, que interpreta a mutante Tempestade. Os novos mutantes apresentados, todos no futuro, são Blink, interpretada pela atriz Fan Bingbing, com poderes de manipular dimensões, teletransportando pessoas e objetos, um mutante brasileiro superpoderoso chamado Roberto da Costa, o Mancha Solar, com capacidade de absorção de energia solar, o que o faz deter grande força bruta e emitir rajadas de energia, detendo inclusive poder de vôo, Apache, um descendente de índios americanos com força sobrehumana, sentidos aguçados, velocidade, agilidade e vigor, e Bishop, um mutante com a capacidade de absorver e re-canalizar a energia. Ao lado desses, atuam os veteranos Collossus, cujo poder está em transformar o corpo em aço orgânico quase indestrutível, e Homem de Gelo, que tem o poder de manipular a temperatura, gerando rajadas de gelo.

Ao lado desses personagens, também merece menção a ótima interpretação de Peter Dinklage, o anão Tyrion Lannister de “Game of Thrones”, que interpreta o cientista obcecado por mutantes, Bolívar Trask, criador dos super-robôs Sentinelas, capazes de detectar mutantes. Trask, antes de ser um mero odiador de mutantes, é um profundo admirador das suas capacidades. No entanto, influenciado pela tese de doutorado de Charles Xavier, defendida em Oxford, como mostrou “X-Men: First Class”, enxerga nos mutantes uma ameaça real ao homo sapiens, assim como estes foram uma ameaça que se concretizou contra o homo neanderthalensis. Evitar que a situação chegue a este ponto é o objetivo de Trask.

Mas o protagonismo da trama ainda ficou concentrado nos atores que estrelam a nova franquia desde First Class, quais sejam, o brilhante ator escocês James McAvoy, que interpreta Charles Xavier jovem, o excelente ator alemão Michael Fassbender, que interpreta Magneto mais jovem, o competente ator inglês Nicholas Hoult, que interpreta Hank McCoy, o Fera, e a impressionante jovem atriz americana Jennifer Lawrence, perfeita como Raven ou Mística, de certa forma, a personagem central de “X-Men: Dias de um Futuro Esquecido” (na versão original da HQ ela já tinha o protagonismo também presente na versão do cinema).

Participação brilhante teve o ator Evan Peters, que interpreta o mutante Pietro Maximoff, cujo codinome mutante é Mercúrio, que detém o poder da supervelocidade. As cenas que ele interpreta estão entre as melhores do filme.

“X-Men: Dias de um Futuro Esquecido” é a clássica estória de um plano dramático, traçado para alterar o curso dos fatos programados para acontecer de uma determinada forma e que redundam numa realidade que se quer evitar, tudo isso diante do risco iminente da extinção certa. O plano é implementado como último recurso desesperado de um grupo de mutantes sobreviventes que vivem, no futuro, escondidos dos Sentinelas, que caçam mutantes, exterminando-os ou aprisionando-os, assim como os humanos normais também começam a ser vítimas dos Sentinelas, pois eles podem gerar novos mutantes a partir de seus genes. Os mutantes que formam uma espécie de resistência são liderados por Charles Xavier e Magneto.

É a luta de sempre entre o que oprime e o oprimido. É uma reflexão sobre as razões que as partes têm para levar seus interesses adiante, a qualquer custo. E do quanto nossas ações podem ter consequências nefastas, mesmo quando são tomadas supostamente para criar efeitos positivos ou benéficos, para proteger interesses legítimos quando nos encontramos em determinadas situações.

O principal interesse de “X-Men: Dias de um Futuro Esquecido” está na redenção da humanidade na superação de suas fraquezas, que podem ser usadas até em seu favor se encaradas de frente, assim como também está no reconhecimento da natureza humana nos momentos de maior adversidade e na certeza de que nem tudo pode ser tomado como certo e acabado. Afinal, sempre existe algo que pode mudar o curso da história no momento decisivo e esse algo é a capacidade de tomarmos a decisão certa quando chegar o momento certo. O filme tem uma proposta um tanto otimista, apesar das dificuldades que a realidade invariavelmente apresenta.

São esses temas que estão presentes no roteiro brilhante de “X-Men: Dias de um Futuro Esquecido”, onde o drama da existência está simbolizado na luta dos mutantes pela sobrevivência de toda a espécie humana, da qual eles seriam uma denominada “evolução” genética, mas, no entanto, não deixam de vivenciar e exprimir os mais básicos e singelos valores da humanidade. Os mutantes estão no filme para demonstrar que evoluir não significa negar a humanidade que lhes é intrínseca.

PS: Dica: Quem for ao cinema ver o filme deverá ficar na cadeira até o término dos créditos. Quem sair antes, perderá a última cena, que passa depois dos créditos, que é introdução do próximo filme da nova franquia dos X-Men, previsto para ser lançado em 2016. O título já anunciado por Bryan Singer, que será o produtor, co-roteirista e diretor, é “X-Men: Apocalypse”, título que fez menção a uma conhecida saga dos X-Men das HQs, “A Era do Apocalypse”. A sugestão do roteiro de “X-Men: Dias de Um Futuro Esquecido”, da forma como eu entendi essa última cena, é a de que os fatos ocorridos neste filme geraram uma espécie de efeito colateral na escala do tempo.

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The Chills, clássica banda de rock independente da Nova Zelândia

Texto de minha autoria publicado originalmente em 13/03/2015 no site do Jornal GGN.

The Chills, clássica banda de rock independente da Nova Zelândia

sex, 13/03/2015 – 15:50
Atualizado em 13/03/2015 – 15:56

Enviado por Alessandre de Argolo

The Chills, clássica banda de rock independente da Nova Zelândia

Aí é banda. Direto da Nova Zelândia, The Chills, expoentes de um tipo de som que ficou conhecido como Dunedin Sound, um tipo de estilo de rock independente criado no sudeste da Nova Zelândia, no início dos anos 80, mais precisamente por estudantes da universidade de Dunedin:

Boa parte das pessoas tem um Mr. Hyde escondido dentro de si (às vezes ele fica lá, adormecido, mas pode ser despertado), personagem do clássico romance de Robert Louis Stevenson, chamado “Strange Case of Dr Jekyll and Mr Hyde” ( no Brasil, “O Médico e o Monstro”). É o tema da excelente canção do The Chills chamada “The Male Monster from the ID”:

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A esquerda deve ocupar mais os espaços da grande imprensa nas redes sociais

Eu considero que as esquerdas no Brasil ocupam muito menos os espaços da grande imprensa nas redes sociais do que deveriam. Era para ocupar muito mais. Preferem, o que considero um erro de avaliação, se enfurnar na blogosfera, quando o debate deve ser público e em todos os espaços possíveis.

Eu, sempre que posso, marco posição e rebato as informações dadas em alguma notícia que considero enviesada politicamente ou não se atendo a outros aspectos importantes. Um aspecto que eu tomei conhecimento recentemente é que as mulheres de esquerda sofrem ataques muito agressivos quando se aventuram a comentar contra alguma notícia anti-governo veiculada pela grande imprensa.

Uma vez eu questionei por que o que uma mulher escreveu na página do site Pragmatismo Político no Facebook e obteve tantas curtidas não foi escrito por ela também numa página da grande imprensa na mesma rede social. Disse que ela tinha que expor aquela opinião não apenas num espaço supostamente favorável em termos políticos, mas também num espaço mais diversificado, para estimular o senso crítico das pessoas em geral. Sabe qual foi a resposta dela? Que era fácil falar isso porque eu era homem (!). Eu disse: “Como assim? Você sofre agressão por ser mulher?” Ela disse: “exatamente” e saiu contando alguns casos concretos. É por essas e por outras que a esquerda deve se unir e atuar mais em conjunto nos espaços da grande imprensa. Quebrar essa hegemonia, ora. Os caras falam sozinhos. Eu sempre exponho minha opinião, sem qualquer receio. Mais gente deveria fazer isso.

Vejo notícias e mais notícias veiculadas pela Folha, Estadão, O Globo, Veja etc, nas redes sociais praticamente livres de contestação, de contraponto. Só quem se manifesta, em muitos casos, são os que concordam com a linha editorial da grande imprensa. Isso não pode. A Internet é livre. Tem que invadir e começar a questionar, em peso, em bloco. Quebrar essa hegemonia de só ter gente reacionária, de direita ou conservadora opinando nos espaços mais acessados. Não existe espaço desse ou daquele. O espaço é, em tese, público e lida com temas de interesse público. Quem é de esquerda é também cidadão e tem o direito de expressar o seu pensamento, suas opiniões políticas. O Brasil é uma democracia e nós precisamos exercitar melhor esse conceito.

Vou citar um exemplo ocorrido hoje na página do jornal “O Globo” no Facebook, que publicou uma notícia com a seguinte manchete: “Maioria do TSE vota pelo desarquivamento de investigação contra campanha de Dilma” (ver a notícia clicando no link a seguir: https://www.facebook.com/jornaloglobo/posts/1105846169455061).

Eu comentei explicando o erro, a tentativa de manipulação das pessoas contida na manchete, afinal, não foi uma “investigação” que foi desarquivada, mas sim um processo judicial que veiculava uma Ação de Impugnação de Mandato Eletivo (AIME), proposta pelo PSDB contra a candidatura de Dilma Rousseff. Expliquei que a situação suscitada por iniciativa do ministro Gilmar Mendes era teratológica, uma monstruosidade jurídica, absolutamente inválida, uma vez que ele decidiu pelo desarquivamento do processo com base em fatos novos, posteriores à propositura da ação e ao próprio arquivamento do processo, algo completamente proibido e não autorizado pelo direito.

Eis o comentário na íntegra:

“Desarquivar uma investigação? Que espécie de jornalismo é esse? Não consegue nem dar a notícia de forma correta e verdadeira. O que foi desarquivado, por força de uma iniciativa teratológica do ministro Gilmar Mendes, foi uma Ação de Impugnação de Mandato Eletivo (AIME) que já tinha sido arquivada. Detalhe: desarquivaram um processo usando fatos novos, o que não é permitido em direito. Se um processo foi arquivado, ele foi arquivado e pronto. Novos fatos devem ser discutidos numa nova ação. Acontece que a ação para impugnar mandato eletivo tem prazo de 15 (quinze) dias, contados da diplomação. O que o Gilmar Mendes fez? Como uma nova ação de impugnação de mandato eletivo encontra obstáculo na questão do prazo para a sua propositura (os quinze dias já finalizaram faz tempo), ele usou fatos novos ou supervenientes (não usados pelo autor da ação no primeiro momento) para desarquivar o processo, passando por cima da lei, da Constituição Federal e do direito processual. Querem dar o golpe a pulso, contando com a “forcinha” da grande imprensa, que distorce os fatos e manipula as pessoas. Essa manchete é uma vergonha absoluta em termos de jornalismo!!”

Eu li rapidamente os comentários dos internautas e a maioria sequer atentava para a manipulação de O Globo e, mais grave, sequer atentava para o quão grave foi essa iniciativa de desarquivar o processo com base em fatos novos. Claro que as coisas são assim: não existe contraponto na dimensão exigida porque simplesmente quem deveria fazer isso, se omite, seja lá a razão pela qual faz isso.

Portanto, considero importante e mesmo fundamental que a esquerda ocupe os espaços da grande imprensa nas redes sociais. A esquerda brasileira deve ocupar cada vez mais tais espaços e quebrar a hegemonia reacionária que existe. O debate de ideias é sempre salutar para a democracia.

Discordo, inclusive, de recente texto, intitulado “Compartilhar para falar mal. Apenas parem”, publicado no site da revista Carta Capital, em que o autor, Lino Bocchini, defende a tese de que é errado divulgar textos que saem na grande imprensa dos quais você discorda, mesmo que seja para mostrar os erros do colunista autor do texto ou criticá-los, defender ideias contrárias as que se encontram no texto divulgado. O erro estaria no fato de que, ao fazer isso, a pessoa estaria “legitimando o veículo ou o colunista como um polo de discussão”. Para Bocchini, seria irrelevante se você concorda ou discorda do texto. Cada vez que alguém compartilha o texto, mais pessoas são pautadas por ele, inclusive quem compartilhou e os amigos dele.

Eu discordo da ideia, apesar de entender a intenção do boicote proposto, ainda que ela não tenha qualquer força na realidade dos fatos. O boicote às notícias da grande imprensa das quais você discorda, ao fim e ao cabo, é um tanto quanto inócuo para lutar contra a importância mercadológica da grande imprensa. É importante sim rebater o que está escrito. Pior é imaginar que os deixar para lá, ignorar, irá diminuir o efeito do que eles escrevem. O debate aberto, o confronto de ideias, sempre será melhor do que simplesmente deixar alguém que você considera que está errado falando sozinho. Quem tem razão no debate não precisa cercear nem censurar a opinião discordante. A liberdade de expressão deve ser exercida inclusive para legitimar aquilo que você defende. E não se faz isso evitando o contraditório, o confronto de ideias. O debate deve ser encarado com naturalidade. O que deve prevalecer é a força das ideias, tudo isso dentro de um ambiente democrático e livre de cerceamentos.

Acredito que é importante não só rebater os textos da grande imprensa dos quais se discorda no próprio espaço ou em espaços favoráveis à visão política de quem discorda deles, se for o caso, mas também ocupar os espaços nos quais as notícias, colunas ou posts em geral são originalmente publicados e fazer o contraponto. Nada disso impede que você divulgue os seus próprios textos críticos nos espaços que acha melhor. Dá para fazer as duas coisas. Ignorar quem pensa diferente de você nunca foi uma boa estratégia, ainda mais quando a correlação de forças é desproporcional, como neste caso da grande imprensa.

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A exploração e o uso indevido do trabalho intelectual de terceiros na blogosfera

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O que se convencionou chamar de “blogosfera” na Internet brasileira, que nada mais é, para além dos usuais blogs escritos por pessoas anônimas e não conhecidas do grande público, do que um conjunto de sites administrados por diversos jornalistas que saíram da grande imprensa, em algumas situações, pratica a exploração do trabalho intelectual alheio e usa indevidamente esse mesmo trabalho intelectual alheio em seus sites, ganhando recursos financeiros com isso sem a regular autorização legal e sem ofertar qualquer contraprestação aos terceiros explorados, que se colocam, muitas vezes, em situação de risco de serem processados ao terem os seus textos divulgados unilateralmente, situação que inegavelmente aumenta a margem de lucros, praticamente caracterizando uma espécie de dumping social, dada a informalidade com que esse tipo de prática é exercida.

Como alguns já devem saber, eu criei um novo blog, dessa vez no site Word Press. Anteriormente, eu tinha um blog no site do Jornal GGN (ver link: http://jornalggn.com.br/blogs/alessandre-de-argolo), mas fui descadastrado abruptamente e sem qualquer explicação, provavelmente porque a direção do site não gostou de algumas críticas que eu fiz ao site e à forma com que ele administra o fórum de discussões, os comentários aos posts e às notícias que publica, permitindo que perfis fakes se valham do anonimato para praticar stalking e outras ações covardes, imorais e até mesmo criminosas profundamente lamentáveis.

Curioso que eu fui descadastrado imediatamente depois de uma resposta que eu escrevi dirigido a um perfil fake, de nome “Almeida”, que vivia tentando cercear a minha participação na seção Luis Nassif Online, a principal e mais lida do site.

A tolerância da seção Luis Nassif Online (ver link aqui: http://jornalggn.com.br/luisnassif) para com os perfis falsos, que se valem covardemente do anonimato para atacar os perfis regularmente cadastrados de quem eles discordam, sempre me chamou a atenção.

No mínimo, o site incentiva, concorda com esse tipo de atitude, que viola a liberdade de expressão, na medida em que permite que anônimos possam agir livremente de forma ilícita contra quem opina naquele espaço, e à vedação ao anonimato.

No máximo, é mais do que possível cogitar que pessoas que trabalham no site atuam diretamente como fakes, atacando os perfis regularmente cadastrados dos quais eles discordam, manjada técnica de que se valem alguns blogs, cujos donos ou principais nomes se fantasiam de fakes para não expor o seu próprio nome nos ataques que proferem, quando não usam esse expediente para fingir popularidade, comentando com nomes diferentes e, assim, conseguir “turbinar” algum post. Muita gente faz isso e eu não me surpreenderia nem um pouco se tomasse conhecimento que a seção Luis Nassif Online faz uso desse tipo de prática fraudulenta.

Voltando a falar do que realmente importa neste post e deixando o site do Jornal GGN um pouco para lá (a essa altura dos fatos, a maior preocupação do Jornal GGN é saber como vai manter as verbas de publicidade de estatais federais, como a Petrobras, a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil, sem falar os anúncios feitos pelo próprio Governo Federal, caso haja mudança na pessoa que hoje ocupa a cadeira da presidência da república, algo não tão inimaginável assim de acontecer pelo caminhar atual das coisas), irei aqui comentar um fato que passa despercebido por muitos dos internautas que escrevem nos sites da assim chamada “blogosfera”.

O perfil desses sites se notabiliza por uma espécie de “marcação de posição política” contra a grande imprensa, máxime no que diz respeito a uma “voluntária” defesa, supostamente independente, ética e desinteressada em termos financeiros, do Governo Federal. Nessa linha, a chamada “blogosfera” brasileira vive, majoritariamente, de rebater, criticar, apontar os erros, as “armações”, as tentativas de “golpe”, as “conspirações”, os atos supostamente contrários ao povo do que sai na grande imprensa, apelidada, em muitos casos, de “PIG”, iniciais de “Partido da Imprensa Golpista”, termo que, ao que parece, é uma criação do jornalista Paulo Henrique Amorim, que já trabalhou na Rede Globo e hoje trabalha na Record e que possui um site chamado “Conversa Afiada“, onde ele, com a sua peculiar irreverência, critica muito dos críticos do Governo Federal, principalmente os políticos e jornalistas que ele considera integrantes do tal “PIG”. O público que consome esse tipo de site é majoritariamente formado por pessoas com perfil autodeclarado “de esquerda” e que geralmente defende o Governo Federal comandado pelo PT contra as investidas da grande imprensa.

Esse perfil do “Conversa Afiada” é encontrado em vários outros sites da “blogosfera” brasileira, tais como o “Viomundo“, do jornalista Luiz Carlos Azenha, que também já trabalhou em grandes órgão da imprensa brasileira, tais como a extinta Rede manchete, o SBT, a Rede Globo e desde 2008 trabalha para a Rede Record, no Luis Nassif Online (mais conhecido como “Blog do Nassif”), uma das seções do site do Jornal GGN, pertencente ao jornalista Luis Nassif, que já trabalhou na Folha de São Paulo, o Tijolaço, cujo principal nome é o do jornalista Fernando Britto, O cafezinho, do Miguel do Rosário, e tantos outros.

Não há, a priori, qualquer problema em se criar um blog ou site jornalístico na Internet e veicular suas opiniões, matérias jornalísticas etc. Isso é legítimo e deve ser defendido, sempre. Da mesma forma, não há qualquer problema em fazer um contraponto à grande imprensa. Ao contrário, isso é bastante salutar e deve até ser incentivado, a bem da liberdade de expressão e da livre circulação de ideias, quebrando a hegemonia de um certo tipo de opinião.

O problema, em determinados casos, é um procedimento que eu considero, no mínimo, questionável por parte de alguns sites da blogosfera brasileira no que diz respeito à apropriação do trabalho intelectual de terceiros. Usarei como exemplo o que aconteceu comigo em relação ao site do Jornal GGN, site que eu frequentava com mais assiduidade e possuía uma conta cadastrada lá, como informei acima. O quanto essa prática é reiterada por outros sites da blogosfera brasileira, eu agora não saberia dizer.

Este meu novo blog surge como uma iniciativa em resposta ao cerceamento à minha liberdade de expressão promovida pelo site do Jornal GGN e aqui eu preservarei parte do que escrevi lá, até para que nada se perca. Isso é o mais certo a fazer após ter sido abruptamente descadastrado, isso quando a seção Luis Nassif Online usou várias vezes os posts para se promover e ganhar repercussão com o que eu escrevi, sem que eu recebesse nada por isso, dentro da linha que se chama “jornalismo colaborativo”, que mais serve para explorar, ganhar dinheiro nas custas dos outros (no caso, majoritariamente de estatais federais e do próprio Governo Federal, vide os anúncios publicitários existentes no site do Jornal GGN),  do que para qualquer outra coisa.

Interessante perceber que essa forma do site se organizar suscita alguns questionamentos quanto à verdadeira proposta do site do Jornal GGN, o qual, na superficialidade de sua aparência, parece ser uma empresa que possui uma proposta séria enquanto órgão jornalístico, mas que pode, em verdade, esconder uma iniciativa amadora, pouco profissional em termos organizacionais e que, até mesmo por isso, precisa explorar mão de obra alheia para que continue a fazer o papel que possivelmente lhe cabe enquanto destinatário de verbas federais.

As questões éticas que isso suscita são inúmeras, com possíveis desdobramentos legais graves. O site do Jornal GGN se vale, de forma obscura, sem qualquer prévio esclarecimento nesse sentido, diferentemente do que, por exemplo, faz o site do Tijolaço (ver clicando aqui, que traz as regras de uso adotadas pela equipe do site do Tijolaço), de textos produzidos por terceiros, sem remunerá-los e sem que isso esteja suficientemente explicado em qualquer texto ou documento disponibilizado no site por ocasião do cadastramento da conta.

Uma coisa é o internauta cadastrar a sua conta e passar a comentar as notícias e os posts publicados no site, passar a publicar os seus textos no espaço do site que equivale ao seu blog pessoal. Outra coisa é um determinado texto de autoria do internauta cadastrado no site do Jornal GGN ser usado pela direção do site, unilateralmente, sem autorização expressa e previamente informada ao autor, na seção Luis Nassif Online.

Quando isso aconteceu comigo, eu tomei até um susto no início, até mesmo pela repercussão que os posts obtinham ao serem disponibilizados na seção mais acessada do site. Nunca questionei formalmente porque imaginava que existia alguma norma nos termos de uso do site que autorizava isso. Somente depois, quando fui descadastrado, foi que eu tomei conhecimento de que não há absolutamente nada, nenhuma regra ou contrato que autorize a conduta do site do Jornal GGN de se apropriar dos textos dos usuários cadastrados e publicar na seção Luis Nassif Online. Nada existe neste sentido, nem tampouco é disponibilizado ao internauta alguma informação que esclareça essa possibilidade na hora que ele cadastra o seu perfil no site e passa a comentar os posts e escrever os seus próprios posts no espaço equivalente ao seu blog pessoal.

Em outras palavras, não há nada que indique ao internauta que opta por cadastrar uma conta no site do Jornal GGN que os seus posts ou comentários poderão ser usados pelo site na seção Luis Nassif Online e, dessa forma, servir de atração para que o site obtenha público. É uma prática unilateral, onde muitas vezes os textos são editados e até mesmo o enfoque contido na chamada do texto (“machete”) nem sempre coincide com o teor do que foi publicado, mudança contra a qual o autor do texto não possui qualquer poder para intervir ou sequer foi consultado previamente a respeito.

E, assim, o site do Jornal GGN vai publicando textos de terceiros, obtendo muitas vezes repercussão com eles, sem ofertar qualquer contraprestação financeira. Ou seja, os internautas ajudam o Jornal GGN a conquistar público e, assim, amparar os investimentos dos anunciantes que são feitos no espaço (repita-se, na maioria das vezes de estatais federais e do próprio Governo Federal), assumindo a responsabilidade pelo teor crítico dos textos, os quais podem, dependendo da situação e da repercussão, gerar problema no Poder Judiciário, caso alguém se sinta ofendido pelo que foi publicado e decida processar não só o site, mas também e principalmente quem assinou o texto publicado.

Ressalte-se que a divulgação dos textos na blogosfera atinge um público considerável, como se pode constatar no seguinte link de O cafezinho, que traz post de Miguel do Rosário datado de 26/06/2014, onde se fala que os sites de “O cafezinho” e do “Tijolaço” estavam conseguindo obter quase meio milhão de visitas num só dia: http://www.ocafezinho.com/2014/06/26/cafezinho-e-tijolaco-quase-meio-milhao-de-visitas-num-so-dia/

É presumível que os outros sites também possuam uma quantidade de acessos nada desprezível ou que pelo menos chegue a esse patamar, sendo certo que o site do Jornal GGN divulga em sua página que obtém algo em torno de 4 milhões de acessos (“views”) por mês, como se pode ler aqui: http://jornalggn.com.br/institucional

É uma situação na qual a pessoa que cadastrou a conta no site do Jornal GGN assume exclusivamente o risco do que escreveu, com todo o ganho da iniciativa ficando com o Jornal GGN. Para o Jornal GGN, só existe o bônus, enquanto que para o internauta, o terceiro explorado, só existe o ônus.Uma inequívoca situação de ônus sem bônus para o terceiro explorado. Definitivamente, não é um bom negócio. Está longe disso. Claramente evidencia postura que se enriquece ilicitamente do trabalho dos outros, de uma forma imoral. Configura claramente hipótese de um autêntico caso de enriquecimento ilícito ou sem justa causa.

Não sei o quanto isso se repete nos outros sites da blogosfera brasileira. Seria algo a se analisar com mais cuidado. O certo mesmo é que essa postura é totalmente errada e indica que a blogosfera talvez não possua uma proposta séria e profissional para se estabelecer no mercado de jornalismo, como os outros órgãos que normalmente existem. A exploração do trabalho intelectual de terceiros aponta para uma forma de atuação no mercado ilegítima e conotativa de desapego ao empenho profissional normalmente exigido, respeitando todos os direitos de terceiros que incidem na situação.

É uma clara situação que apresenta aspectos informais de exercício da atividade econômica que pode esconder, repita-se, uma forma de atuação no mercado travestida de uma proposta séria, mas que existe apenas como espaço de defesa de certas opiniões políticas coadunadas com o Governo Federal, visando a obtenção de recursos advindos de publicidade de órgãos ou estatais federais, tudo isso alavancando consideravelmente o ganho de lucros por parte de quem age dessa forma.

A pergunta que deve ser feita é se o Governo Federal fiscaliza a forma de atuação desses sites nos casos em que efetivamente investe neles verbas publicitárias. Existe efetivamente a necessidade de fiscalização desses sites quanto a este aspecto, afinal, o Governo Federal não pode investir as verbas federais de publicidade num site que explora ilegalmente a mão de obra, o trabalho intelectual de terceiros, alavancando os lucros, apenas porque a linha editorial lhe é favorável.

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Arquivado em Direito e Justiça, Jornalismo, Política