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O dia em que Leandro Karnal “saiu do armário” em termos políticos

Jantar

Leandro Karnal, o filósofo/historiador midiático dotado de voz de padre, finalmente se revelou politicamente para quem nunca tinha percebido seu verdadeiro perfil político ao se encontrar para jantar com o juiz federal Sérgio Moro. Não seria demais afirmar que, até que enfim, Leandro Karnal “saiu do armário” em termos políticos. Eu não me surpreendi nem um pouco com a notícia. Diferentemente da “neutralidade” civilizada que apregoa o fingido Karnal, ele tem lado sim e o lado dele é o do dinheiro que ele ganha bancando o racional que a todos respeita. Posar ao lado do juiz federal Sergio Moro durante um jantar, onde inclusive projetos em comum foram discutidos, segundo o próprio Karnal, diz muito sobre quem ele realmente é.

Neste momento do país, onde Sérgio Moro é corretamente apontado como um juiz federal parcial e um dos maiores protagonistas do golpe de estado perpetrado contra Dilma Rousseff, estando inclusive denunciado na ONU pela defesa do presidente Lula como violador de direitos humanos, é realmente constrangedor ver um sujeito que ganhou notoriedade bancando o pensador racional e ético dar de ombros para todos os atos ilegais e denotativos de desvios de caráter praticados por Sérgio Moro.

Karnal assumiu de vez seu perfil de picareta interessado em ganhar dinheiro sem qualquer compromisso político com a luta contra o golpe de estado fomentado pela Lava Jato. Desconfio inclusive de cooptação, como algo que era o que faltava para ele assumir de vez o que sempre teve vontade de fazer. A imparcialidade de Leandro Karnal é a “imparcialidade” de Sérgio Moro.

Vendo a foto do jantar (acima), postada na página de Leandro Karnal no Facebook, inegável não perceber que ele ostenta na foto o sorriso de quem acabou de conversar sobre “grandes projetos” com o juiz do golpe. É o sorriso de quem está muito satisfeito com a situação no Brasil. Que diferença da postura do escritor Raduan Nassar.

Alguém do alto empresariado brasileiro que financia o golpe provavelmente bancou esse encontro. É uma estratégia de marketing político. Ajuda ambos os lados perante uma parcela da população. Favorece à causa de Moro, o juiz parcial, que tenta a todo custo condenar Lula, mesmo sem provas, e favorece à carreira de Leandro Karnal, que agora ampliará seu rol de admiradores ao atrair a presença ou atenção para a sua carreira dos reacionários que apoiam as ilegalidades da Lava Jato, os quais antes o viam como um filósofo defensor de ideias esquerdistas. Pelo visto,  Leandro Karnal vai agora palestrar para o público da Lava Jato sobre como violar direitos humanos em nome do combate à corrupção. Não pode esquecer, nas palestras, do tópico sobre como um estado de exceção vira algo palatável. Vai ser um “$uce$$o”. Karnal engordou um pouco mais o seu alto faturamento com essa jogada.

Karnal corria atrás de ganhar dinheiro com palestras para um público cada vez maior. Claro que uma pessoa assim não podia ter lado que não o do dinheiro. Um intelectual sério até pode dar palestras. Mas ele não faz disso o objetivo maior de sua vida profissional. Muito menos neutralizando o discurso para parecer “imparcial” politicamente. Essa foi a maior deixa para que Karnal jamais pudesse ser considerado exemplo de defensor de causas políticas que exigem uma tomada de posição. O que puder prejudicar os ganhos dele, ele abdica. É diferente de um palestrante como Lula, que deixa claro sua posição em termos políticos.

No caso do jantar com Sérgio Moro, a explicação pela opção, que normalmente implicaria perder uma parcela do público, a mais progressista e contrária aos arroubos ilegais e antidemocráticos da Lava Jato, é que ele retardou até onde pôde, isto é, até quando a realidade econômica permitiu. Deve ter feito uma análise mercadológica e viu, no atual cenário econômico do país, que era mais positivo para a carreira dele de palestrante, de onde ele certamente extrai a maior parte de sua renda, ficar do lado dos que apoiam Moro. Afinal, a classe trabalhadora viverá tempos de desemprego e de arrocho salarial daqui em diante. Qual o público que sobrará para as palestras dele? Claro que é o público que apoia incondicionalmente a parcial Lava Jato, formado pelos que bateram panela nas varandas dos apartamentos em favor do golpe de estado perpetrado com a Presidenta da República eleita, Dilma Rousseff.

De outra banda, incrivelmente passou despercebido por muita gente o fato do jantar ter acontecido exatos dois dias depois que o TRF da 4ª região, incorretamente, visando blindar o querelado, não recebeu a queixa-crime subsidiária proposta por Lula, Da. Marisa e filhos contra o juiz federal Sérgio Moro, relativa aos atos que ele praticou durante as investigações, como a condução coercitiva feita em franca violação à lei, as interceptações telefônicas ilegais, que culminaram na quebra criminosa do sigilo a partir das divulgações à imprensa, e à busca e apreensão determinada ao arrepio da lei, visando exclusivamente constranger Lula e família, proporcionando um espetáculo midiático com fins manifestamente políticos. Leandro Karnal definitivamente aderiu ao movimento golpista.O jantar entre ele e Moro não foi por acaso. Ele foi pensado estrategicamente. Não pode passar despercebido o relevante fato de que o evento aconteceu exatamente na época em que a queixa-crime subsidiária proposta por Lula e família contra Moro foi invalidamente rejeitada. O jantar, como se observa, tem esse efeito de mostrar solidariedade e apoio a Moro e à Lava Jato.

A atitude do filósofo/historiador careca com voz de padre atrás de rebanho não me surpreendeu em nada. Para mim ele nunca passou de um empresário tentando ficar rico ao difundir suas ideias. Não há qualquer compromisso político com a melhoria da situação do país. Karnal é um elitista que só quer ganhar dinheiro, mesmo que isso implique posar, anunciando amizade e parceria profissional, ao lado de um sujeito que até crime já cometeu no exercício da magistratura quando divulgou conversas gravadas em interceptações telefônicas das mais altas autoridades do país, além de fazer isso com as conversas privadas de Da. Marisa e filhos. Karnal merece ser criticado como um fingido interesseiro atrás de lucro.

Isso se os garotos da Virgínia não chegaram a lustrar a careca do filósofo/historiador com voz de padre para ele dar uma forcinha ao recruta mór na implementação do golpe de estado. Que me desculpem os politicamente corretos, mas é evidente que Leandro Karnal tem o típico perfil do gay enrustido terceiro mundista que sonha em ter o seu lugar ao Sol no Jet Set internacional. Moro tem know how nisso: Até em evento organizado pela revista americana Time já foi homenageado. Leandro Karnal está atrás disso. Em breve estará palestrando na Universidade de Columbia, como fez Sérgio Moro. Nada de novo no front.

São apenas subdesenvolvidos new riches sendo cooptados pelos grupos americanos. Eu sei há muito tempo que gente de origem pobre ou classe média sem consciência política que ascende na vida nunca teve a altivez nacionalista que se deve ter. Isso é coisa geralmente que, no Brasil, só gente de um certo padrão de vida e consciente politicamente tem. A história brasileira é marcada por essa característica. Os maiores nacionalistas brasileiros geralmente vêm da elite brasileira, isso quando adquirem a consciência política necessária. Ascendente social tem uma grande chance de ser colonizado e sem altivez.

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A supremacia dos otários

O mundo hoje é povoado por mais otários do que antigamente. As pessoas se tornam normalmente otárias no mundo de hoje. E muitos dos que não eram otários, pelo contato com o mundo virtual, perderam o tino e o senso crítico e se tornaram otários também. Existe hoje em dia, sem dúvida, uma espécie de supremacia dos otários em todo o mundo.

“Otário” aqui eu uso no sentido de pessoa facilmente enganável, besta, sem esperteza, sem perspicácia, que acredita em qualquer coisa. Hoje em dia, muitas pessoas perderam o saudável costume de questionar o que se vê, se ouve e se lê. Bastam alguns vídeos circularem no WhatsApp que a maioria esmagadora das pessoas acredita que eles são reais, que retratam a realidade. E, dessa forma, farsas sem qualquer credibilidade se passam por verdadeiras.

Foi assim que a orquestração descarada, implementada nos últimos dias no ES, ganhou credibilidade e gerou pânico. A maior parte dos vídeos é feita por anônimos que não se identificam. Gente circulando pelas ruas e mostrando o comércio fechado, que narram os vídeos com o inconfundível tom policial. Muita necessidade de propagar a situação. Assaltos absurdos acontecendo em plena luz do dia, com direito à narração, na maior cara de pau. Casos isolados onde pessoas filmam livremente e os bandidos não pensam em invadir os apartamentos, mesmo quando se diz que o caos é total.

Somente se eu fosse um retardado mental em último grau para dar credibilidade a essa encenação de quinta categoria, que tenta passar a ideia de caos generalizado, quando boa parte dos casos que geram o pânico, justamente inseridos nos que foram filmados, foi fabricada por pessoas ligadas ao movimento paredista da PM.

Foi a pior “false flag operation” da história da humanidade. Uma coisa pateticamente grosseira. Até fingir assaltos os caras estão fazendo nos vídeos, como um vídeo em que um homem bem vestido, correndo, aponta uma arma para um carro em fuga. Pura encenação. Não houve nada daquilo. É justamente no que o órgão terrorista em que se transformou a PM quer que os otários de plantão acreditem. E eles acreditam.

O fato é que muitos casos realmente aconteceram, até pelo incentivo provocado pela divulgação do sentimento de caos completo. No entanto, a situação está longe de ser a que eles tentam retratar. O caos é controlado e surge em situações específicas. Não se trata de um sentimento que atingiu toda a sociedade, que supostamente enlouqueceu e saiu praticando crimes a torto e a direito, mesmo pessoas sem qualquer antecedente criminal. Para acreditar nisso, repito, só mesmo fazendo papel de otário. Ninguém se torna bandido de uma hora para outra apenas porque a PM não faz o policiamento. Qualquer pessoa com o mínimo de discernimento é capaz de perceber e entender isso.

Toda a culpa da situação experimentada pelo ES é do movimento paredista da PM. Eles estão provocando diretamente o “caos” (sic) e praticando diretamente muitos dos episódios. O movimento paredista reacionário de ultradireita é ilegítimo e age como autêntico grupo terrorista.

O movimento é classicamente fascista. Só não vê os inocentes úteis de sempre (entenda-se, otários) ou os mal intencionados.

Movimento de ultradireita, caracterizado por agentes da provocação e que milita na cartilha “bandido bom é bandido morto”. Isso é descarado na situação no ES.

É uma “false flag operation” que utiliza recursos grosseiros de comunicação e encenações para gerar pânico. Só funciona porque o nível critico no Brasil é baixíssimo. Acreditam cegamente em vídeos do WhatsApp. Fala sério. Por isso que o golpe de estado foi dado tão facilmente e não encontra resistência.

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Jornalista egresso da grande imprensa não é liderança política nem partidária

Um dos maiores engodos dos últimos anos no Brasil foi aceitar como válida a ideia de que jornalistas que sempre foram empregados da grande imprensa pudessem ser considerados porta-vozes, líderes políticos ou representantes da esquerda brasileira. Isso é uma asneira, uma burrice sem tamanho. Uma ideia sem qualquer sentido.

Jornalista que tinha que arrumar um emprego para sobreviver, porque essa era a sua profissão, não pode ter o protagonismo político que ganhou nos últimos anos no Brasil. Está errado isso. Não pode formar o pensamento de esquerda no Brasil.

Quem forma pensamento de esquerda são os líderes políticos, os intelectuais e pensadores de esquerda. Jornalista profissional, com histórico de ter sido empregado de grandes grupos midiáticos, não se enquadra nisso. Eles, por dever de ofício, devem ser imparciais tanto quanto possível, sob pena de terem que abdicar da posição de jornalistas que tanto exigem para si. Só esse fato coloca na devida lata do lixo a pretensão de fazer de jornalistas lideranças políticas. Isso ajuda a entender por que as análises políticas em determinados sites autodeclarados “progressistas” são tão pobres e não ultrapassam o limite da opinião sem maior consistência.

Desprovidos da estrutura dos grandes grupos midiáticos com os quais estavam acostumados, os jornalistas, ex-empregados da grande imprensa, viraram meros palpiteiros políticos, sem a formação e o histórico de militância política realmente comprometida com as ideias que tentam fazer crer que defendem. Jornalista não é liderança política nem partidária. Não existe para isso.

Eventualmente, suas opiniões ou matérias que se pretendem reportagens, cada vez mais raras nesse tipo de jornalista palpiteiro político, podem assumir contornos políticos, mas não como vem acontecendo há anos no Brasil, onde eles literalmente assumiram um protagonismo político ilegítimo ou inadequado, contraproducente. Política partidária e que realmente luta pelo poder é para quem é do ramo e quem assume compromissos políticos sem tergiversações ou conveniências. Quem deve escrever para as massas são as lideranças políticas, os militantes políticos, fora das amarras do jornalismo egresso da grande imprensa, com os seus compromissos “profissionais” e seu histórico de amizades que não pode ser desprezado.

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O nefasto proselitismo político feito em cima dos cadáveres da chacina de Campinas

Sinto muito, mas o caso da chacina ocorrida em Campinas na noite do último dia 31/12/2016, em pleno réveillon, em que um homem chamado  Sidnei Ramis de Araujo, de 46 anos, pulou o muro de uma residência num bairro de classe média da cidade e abriu fogo contra todos os presentes no recinto, matando doze pessoas, entre elas a ex-esposa e mãe do seu filho, Isamara Filier, e seu filho de 8 anos de idade, João Victor Filier de Araujo,  e se suicidando em seguida, é muito mais complicado do que dão a entender as rasas e superficiais, nada jornalísticas, opiniões que andam sendo divulgadas pela mídia brasileira, principalmente na blogosfera autodeclarada “progressista”.

O caso, para além da influência da ideologia direitista misógina e/ou machista, trata da alienação parental também, aspecto fundamental do caso que anda sendo desprezado pelas análises “progressistas” feitas em sites da blogosfera brasileira. Seria pertinente fazer uma reportagem séria sobre o assunto e analisar como as coisas estão acontecendo no âmbito da Lei Maria da Penha quando se trata de transferir as medidas protetivas de urgência para os filhos, bem como quais são os critérios que andam sendo aplicados no âmbito do direito de família e do direito da infância e juventude para suspender o convívio entre pais e filhos, direito que goza de amparo constitucional, como deixa claro o caput do art. 227 da Constituição Federal, cuja ideia basilar é repetida em outras leis, a exemplo do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA, Lei nº 8.069/1990), como deixa claro o caput do art. 4º da referida lei, que trata do direito à convivência familiar e comunitária, direito melhor detalhado nos arts. 19 usque 24 do ECA .

Pois é, isso vem acontecendo muito. Mulheres se aproveitam da Lei Maria da Penha para impedir que os pais tenham contato com os filhos. Usam a lei de uma forma contrária à sua finalidade social, contando com o despreparo de juízes de direito e de promotores de justiça que terminam concordando com o pedido sem que ele esteja devidamente fundamentado e dentro do que preconiza a referida lei.

O crime bárbaro é injustificado, mas partes da carta escrita pelo autor da chacina, onde ele se refere às motivações do crime, deixam transparecer esse uso, que é real, existe e vem causando inúmeros conflitos familiares que poderiam ser evitados se houvesse uma aplicação mais criteriosa da Lei Maria da Penha.

O Poder Judiciário, caso se confirme que o pai foi alvo de uma medida protetiva de urgência que impedia o contato com o filho, também deve fazer uma autocrítica em relação ao acerto da decisão. Pode ser que o caso concreto não ensejasse essa medida extrema.

A alienação parental é um problema gravíssimo e é verdade sim que muitas mulheres tendem a afastar o pai do convívio com os filhos, o que é inadmissível e não pode ser tolerado.

Eu fico muito tranquilo em falar sobre isso, pois advogo bastante no Direito de Família e tenho conhecimento de causa. Para se ter uma ideia de como anda a insensibilidade e a intolerância de algumas mulheres quando o assunto é o direito de convivência dos pais com os seus filhos, uma vez eu fui procurado por uma mulher que queria simplesmente que o padrasto se tornasse ele próprio titular do poder familiar em relação ao filho que ela teve com outro homem.

Em outras palavras, queria praticamente abolir a paternidade do pai biológico, alegando uma suposta indiferença afetiva dele para com o filho. Quando eu comecei a entrevistar a pretensa cliente e comecei a fazer as perguntas, percebi que ela vivia se mudando de cidade em razão do atual marido dela ser um militar do Exército, que vez ou outra era transferido para outro Estado do país.,

Ou seja, ele vivia se mudando de cidade e queria colocar a culpa da falta de contato no pai biológico, como se ele antes não tivesse dado a atenção devida, chegando ao cúmulo de pretender tornar o padrasto do filho o verdadeiro pai, na realidade concreta dos fatos. Evidentemente que eu declinei o caso e disse que não iria patrocinar a causa. Que ela procurasse outro advogado, registrando que o que ela queria fazer era ilegal.

Iguais a esse caso existem tantos outros. As mulheres que detém a guarda dos filhos constituem nova família e passam a tentar substituir a figura do pai biológico pela do padrasto. Não pode, está errado. O pai biológico tem a primazia no exercício do poder familiar em relação aos filhos, mantendo o direito de convivência, mesmo quando a mãe constituiu nova família. Tudo isso está previsto em lei, é disposição expressa de lei.

O resultado é que um pai que se sente sacaneado pela mãe de seus filhos, que fica boicotando a relação entre pai e filho, fundamental na formação de qualquer pessoa, está sim lidando com uma situação que pode claramente gerar violência.

Então, antes de ficar fazendo politicagem nas redes sociais e na blogosfera, é melhor começar a realmente fazer jornalismo, analisar os fatos, fazer uma reportagem decente, estudar o tema e aí sim tirar as suas conclusões.

Um dos pontos sensíveis da Lei Maria da Penha é o disposto no art. 22, inciso IV, vejam:

Art. 22. Constatada a prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos desta Lei, o juiz poderá aplicar, de imediato, ao agressor, em conjunto ou separadamente, as seguintes medidas protetivas de urgência, entre outras:

I – suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com comunicação ao órgão competente, nos termos da Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003;

II – afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida;

III – proibição de determinadas condutas, entre as quais:

a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando o limite mínimo de distância entre estes e o agressor;

b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por qualquer meio de comunicação;

c) freqüentação de determinados lugares a fim de preservar a integridade física e psicológica da ofendida;

IV – restrição ou suspensão de visitas aos dependentes menores, ouvida a equipe de atendimento multidisciplinar ou serviço similar;

V – prestação de alimentos provisionais ou provisórios.

§ 1º As medidas referidas neste artigo não impedem a aplicação de outras previstas na legislação em vigor, sempre que a segurança da ofendida ou as circunstâncias o exigirem, devendo a providência ser comunicada ao Ministério Público.

§ 2º Na hipótese de aplicação do inciso I, encontrando-se o agressor nas condições mencionadas no caput e incisos do art. 6o da Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003, o juiz comunicará ao respectivo órgão, corporação ou instituição as medidas protetivas de urgência concedidas e determinará a restrição do porte de armas, ficando o superior imediato do agressor responsável pelo cumprimento da determinação judicial, sob pena de incorrer nos crimes de prevaricação ou de desobediência, conforme o caso.

§ 3º Para garantir a efetividade das medidas protetivas de urgência, poderá o juiz requisitar, a qualquer momento, auxílio da força policial.

§ 4º Aplica-se às hipóteses previstas neste artigo, no que couber, o disposto no caput e nos §§ 5o e 6º do art. 461 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código de Processo Civil).

Eu já vi juiz de direito deferir essa medida protetiva de urgência de suspensão de visitas aos dependentes menores SEM ouvir a equipe de atendimento multidisciplinar ou serviço similar. Pelo que eu li na imprensa, isso também aconteceu no processo em que o autor da chacina de Campinas litigava com a ex-esposa sobre o direito de convivência com o filho, conforme noticiou o site G1, em notícia cuja manchete era “Justiça chegou a proibir atirador de chacina de ver filho, diz advogada”.

Essa decisão, em condições normais, deve estar extremamente fundamentada em fatos relevantes, totalmente comprovados e cujos efeitos sejam demonstrados tecnicamente como prejudicais aos menores.

Foi sobre esse ponto que o homicida de Campinas provavelmente se referiu em sua carta. A Lei Maria da Penha não foi aprovada com a finalidade de criar um quadro de alienação parental. Somente se justifica a adoção dessa medida extrema em casos igualmente extremos. A mera alegação de violência doméstica e familiar contra a mulher, ainda que evidenciada por fortes indícios, NÃO é suficiente para deferi-la. A conduta do agressor tem que se mostrar também prejudicial aos filhos menores e isso depende de uma avaliação multidisciplinar, o que, por si só, já impede a concessão em caráter de tutela de urgência, devendo ser garantido o amplo contraditório.

Segundo eu li na imprensa, especificamente no site do UOL, a mulher acusou o autor da chacina de ter abusado sexualmente do filho. Eu conheço outros casos em que mulheres fizeram isso, apenas para atacar a imagem do pai perante o Poder Judiciário e afastar a convivência dele com o filho, tudo isso feito com a intenção de punir o pai. No caso do autor da chacina, a agressão sexual teria acontecido quando ele tinha 3 anos de idade. A reportagem do UOL relatou que a justiça não comprovou as agressões, mas, sem que a matéria esclarecesse, a justiça entendeu que o garoto deveria ser “protegido” e restringiu as visitas aos dias de domingo, alternados, de forma supervisionada, das 9hs às 12 hs. Ou seja, o pai tinha que ir até a casa da mãe, ficar sob vigilância com o filho por apenas três horas.

Pode ser que tudo isso se justificasse, não sei. Mas pode ser sim que o pai estivesse sendo vítima de uma injustiça, de uma falsa acusação, tudo isso feito por meio de distorção intencional dos fatos.

A chacina foi um caso brutal, horrível e condenável. Acontece que eu considero difícil que um técnico de laboratório, com cursos no exterior (EUA, Holanda, foram países citados) fosse tomar uma medida extrema sem que algo grave, na sua perspectiva, tivesse acontecido. Pode ser sim que ele tivesse sido vítima de uma injustiça e tudo isso cooperou para o que aconteceu. Então, antes de culpar ideologias de direita, é bom antes entender os fatos. Não retira a gravidade do crime, mas pelo menos impede leituras equivocadas do que realmente aconteceu.

Claro que alienação parental se resolve na justiça e não justifica crime nenhum, via de regra, frise-se. Entender a verdadeira causa da chacina ocorrida em Campinas não significa que se esteja “justificando” o crime. Significa apenas falar sobre a verdadeira causa do crime e não distorcer como estão fazendo ao dizer que foi machismo e/ou misoginia. Se o pai convivesse normalmente com o filho ninguém teria morrido.

Ele criou ódio da ex-esposa e dos familiares dela a partir do momento que impediram a convivência dele com o filho baseados numa falsa acusação de abuso sexual ou, no mínimo, numa acusação de abuso sexual que não restou comprovada. Foi isso que causou todo o problema. Nada a ver com misoginia ou machismo. Se é certo que não se pode matar, também é certo que não se pode pretender, inclusive por meio de falsas acusações, separar o pai do filho. Isso é mau caratismo, é canalhice e também é um tipo de violência.

Muitas coisas justificam homicídios. Situações de legitima defesa, de estado de necessidade e de estrito cumprimento do dever legal justificam mortes e retiram o caráter criminoso do homicídio. Não foi o caso da chacina de Campinas, pelo menos com os elementos disponíveis até o momento e que são de conhecimento do público em geral a partir das reportagens sobre o caso.

De qualquer forma, falar nisso perde um pouco o sentido no atual cenário. Ninguém, provavelmente, será punido diretamente pelas mortes. O autor material do crime se matou. Ele mesmo se puniu. A polícia está a procura de quem vendeu a arma usada na chacina. Esse vai ser o bode expiatório, caso seja identificado. Vai assumir a responsabilidade pela chacina na medida da sua participação.

Num pais sério, o(a) juiz(a) de direito e o(a) promotor(a) de justiça que atuaram no processo da regulamentação de visitas no qual litigavam o pai e a mãe da criança que morreram na chacina de Campinas seriam chamados para prestar depoimento. Todo o processo da regulamentação de visitas seria analisado. Se ficasse comprovado que a atuação do(a) juiz(a) de direito e do(a) promotor(a) de justiça ajudaram a produzir a tragédia, eles(as) dois seriam indiciados(as). É o que eu defendo que aconteça, o que seja, que haja uma investigação profunda dos fatos, que todo mundo envolvido seja ouvido e suas condutas sejam investigadas.

É relevante investigar a concessão da liminar que proibiu o convívio entre o pai e o filho desde o início do processo, situação que deve ter perdurado muito tempo, uma vez que a Lei Maria da Penha exige que seja feito antes um estudo multidisciplinar para que o pedido seja analisado. Ainda que outra tenha sido a lei usada como fundamento do pedido, isso não muda nada. As exigências legais se mantém, isto é, eram necessárias mais provas para fundamentar uma decisão tão excepcional como a que afasta o convívio entre pai e filho.

Ou seja, uma liminar sobre isso é praticamente impossível de ser concedida, salvo se os fatos forem robustamente comprovados desde o início. Mas as reportagens falam que houve o deferimento dessa liminar. É preciso sim investigar as circunstâncias processuais que autorizaram essa decisão. E se houve uma decisão incorreta ou até mesmo graciosa, produto de influência e/ou corrupção por parte da família da mãe? Tudo isso deve sim ser analisado, pois eu entendo que foi essa liminar o que desencadeou toda a tragédia.

Para mim, o pai foi apenas um dos atores da tragédia. Mais gente é responsável, inclusive as vítimas. O pai é autor do crime e vítima, ao mesmo tempo. Essa é a leitura que eu faço do caso.

Você não pode analisar o perfil do pai como se ele fosse mais um internauta que se deixa influenciar por ideias de direita, pura e simplesmente. Ele era um pai vivenciando uma situação de alienação parental endossada pela justiça, inclusive em sede de liminar, quando a lei diz que deve existir um estudo multidisciplinar antes de tomar essa medida extrema.

O pai não era um sujeito que fica coçando o saco na Internet o dia todo e que, de uma hora para outra, resolveu enlouquecer e matar todo mundo de quem ele discordava, supostamente influenciado por textos que disseminam ideias de direita. Comparar o pai com qualquer debiloide da Internet é errado. É o que a blogosfera progressista, leviana e irresponsavelmente, anda fazendo com que os outros acreditem. Isso é um absurdo, é mau jornalismo, é sensacionalismo e desvio de conduta por parte de quem anda vendendo essa tese.

Existem outros fatores que incidem na situação. Existia um processo judicial que discutia o direito de convivência entre pai e filho, existia um litígio entre o pai e a mãe. Não se pode analisar a situação extraindo esse dado, que é por demais relevante no entendimento do caso. É isso que muita gente anda fazendo, de forma completamente improcedente. E fazem isso apenas por razões de proselitismo político.

Eu li a carta e os xingamentos de “vadia” que aparecem em alguns trechos são meramente acessórios. Não foi a causa principal. Isso deriva do ódio que ele nutriu depois de ser alienado parentalmente do filho. A causa determinante da chacina foi essa e não qualquer outra.

As matérias a respeito não informam se ele, em algum momento, deteve a guarda do filho. Existe uma confusão sobre isso também. O que eu li e entendi é que o pai se separou da mãe e ambos discutiam o direito de convivência do pai com o filho, o que faz sugerir que a mãe era a guardiã desde o início. Eu não estou supondo que ele era um bom pai exatamente, ainda que eu tenha tomado conhecimento de uma declaração de uma testemunha que atestou isso, que o pai era presente, que sempre era visto jogando bola com o filho, que tinha uma relação aparentemente amorosa etc. Essa declaração apareceu numa reportagem do Fantástico sobre o caso. O que eu digo e reafirmo é que o caso não pode ser tratado como vem sendo tratado por sites como Diário do Centro do Mundo e Socialista Morena, que saltaram na frente e usaram como explicação da chacina coisas como machismo e/ou misoginia, extraindo todo um contexto de litígio judicial que existia entre o pai e a mãe.

Sobre a questão dos indícios, o que se tem de concreto sobre a acusação de abuso sexual é que ela não restou comprovada durante o processo. É preciso que se analise quais foram os fatos e provas que o juiz que concedeu a liminar levou em consideração para proibir a convivência entre o pai e o filho. Isso é importante sim, porque pode ser que a revolta do pai, pelo menos num momento inicial em que isso aconteceu, se justifique. E aí tudo deriva disso, é claro. É errado inverter a ordem dos fatos: para mim está claro que todo o ódio que ele manifesta na carta deriva da situação de ter sido proibido de ver o filho durante muito tempo. E pior, no fim do processo, mesmo com a acusação de abuso sexual não comprovada, a justiça de SP restringiu as visitas ao filho. O pai só teria direito de ver o filho na casa da mãe, na presença dela (chama-se visita assistida), em domingos alternados e por apenas 3 horas. Mas o que realmente amparou essa situação? Por que os blogs não se preocupam em analisar isso e já partem para concluir que foi apenas mais um caso de machismo e misoginia? Esse é o problema.

Se o motivo da proibição da convivência foi a acusação de abuso sexual e ela, ao final, restou não comprovada, o que foi então que respaldou a restrição das visitas? Isso precisa sim ser esclarecido, ora. O pai poderia sim estar sendo vítima de uma injustiça e isso causou todo o problema. Portanto, é errado afirmar misoginia e machismo, pura e simplesmente.

Só espero que a polícia investigue a fundo o caso da chacina ocorrida em Campinas na noite de réveillon. É preciso sim investigar as circunstâncias que resultaram na restrição das visitas ao filho por parte do pai, autor da chacina.

Comentando a coluna assinada pelo articulista do Diário do Centro do Mundo, Kiko Nogueira, onde eu dizia que não era possível restringir o caso a mais um cidadão que endossou o discurso de ódio e intolerância contra as mulheres, um internauta me respondeu dizendo que a defesa da mãe no processo que discutia o direito de visitas do pai ao filho teria uma prova áudio-visual do suposto abuso sexual que o pai teria cometido contra o filho. Segundo o internauta, haveria uma incompatibilidade entre a tecnologia da justiça paulista e o formato por meio do qual a prova teria sido produzida e juntada ao processo (geralmente se faz isso por meio de DVD ou CD ROM ou por softwares adotados pelo Poder Judiciário em cada Tribunal brasileiro). Por essa razão, a justiça paulista não teria conseguido comprovar cabalmente o alegado abuso sexual.

Veja bem a que ponto estão chegando. Alguém, respondendo ao meu comentário que pedia mais investigações sobre o caso, lança uma informação num dos comentários que, para ser colhida, somente tendo acesso aos autos. O fato é que a informação não goza da menor credibilidade, isso por vários motivos.

Primeiro, é muito difícil que advogados que representam uma mãe que acusou um pai de abuso sexual não fossem conseguir fazer a prova no meio adequado à tecnologia de que se vale o Poder Judiciário de SP, ao ponto de inviabilizar completamente a prova.

Segundo, ainda que isso tenha, de fato, acontecido, é inimaginável que não só o Ministério Público mas também o juiz de direito que conduzia a instrução do processo fossem deixar passar em branco a análise de uma prova tão importante num processo em que se discutia o direito de visitas do pai ao filho.

Ora, mesmo que a tecnologia de que se vale o Poder Judiciário de SP não conseguisse, por meio de seus próprios instrumentos e/ou ferramentas, analisar o teor probatório do material de mídia que tivesse sido juntado pela defesa da mãe, outros meios, inclusive externos ao Poder Judiciário, deveriam ser acionados para que se analisasse o material probatório, afinal, as crianças têm prioridade absoluta e uma prova dessa natureza, dada a relevância para o desfecho do processo, jamais poderia passar em branco.

Evidentemente que a alegação não goza de credibilidade e isso provavelmente não aconteceu. O que certamente aconteceu foi que todas as provas juntadas pela mãe para amparar a acusação de abuso sexual supostamente praticado pelo pai contra o filho foram analisadas e não se conseguiu comprovar cabalmente a acusação.Por que exatamente a justiça de SP restringiu as visitas do pai ao filho, isso somente tendo acesso ao teor do processo para saber.

O fato é que está existindo um grande equívoco por parte dos sites e grupos progressistas brasileiros quando interpretam esse caso como mais um de misoginia e/ou machismo direcionado contra as mulheres. Isso é falso. Claramente não foi isso o que aconteceu. O estopim de toda a discórdia reside no litígio que pai e mãe sustentavam no judiciário em relação ao direito de visitas que o pai tem em relação ao filho. Apenas esse dado afasta claramente as conclusões que estão sendo divulgadas em vários sites e pelos mais diversos perfis ligados a movimentos feministas. Se a causa da chacina foi o litígio entre pai e mãe sobre o direito de visitas ao filho, não há que se falar em feminicídio ou qualquer coisa semelhante. Houve um caso isolado onde as coisas saíram do controle gravemente.

Em suma, diante das informações disponíveis, posso resumir o caso da chacina ocorrida em Campinas/SP, na noite do último réveillon, aos seguintes aspectos:

1 – O que causou a chacina de Campinas?

O ódio que o pai sentiu da ex-esposa e de seus familiares por causa da justiça ter restringido o convívio com o filho baseada numa acusação, feita pela mãe da criança contra ele, de abuso sexual supostamente cometido contra o filho, acusação não comprovada no processo onde se discutia o direito de convivência.

2 – Não foi machismo e/ou misoginia, considerando que ele usou a palavra “vadia” em vários trechos da carta onde explicava suas motivações?

O machismo e/ou misoginia que transparecem em trechos da carta não foram determinantes para que ele praticasse a chacina, caso contrário, não precisaria esperar pela perda de convivência com o filho para praticar os homicídios. Sem esse fato, a perda da convivência com o filho, ninguém teria morrido.

3 – Negar a misoginia e/ou machismo como causas determinantes da chacina não é “justificar” o bárbaro crime?

Não, não é justificar o bárbaro crime. É apenas entender a real motivação da chacina, evitando contaminar o caso com ideias políticas enviesadas e irresponsáveis, que não estão nem um pouco interessadas em entender a complexidade do caso e usam a tragédia para fazer proselitismo político, atacando adversários políticos em cima dos cadáveres das vitimas, de forma constrangedora. Em suma, explicar a verdadeira causa da chacina não significa justifica-la.

4 – Se não foi machismo e/ou misoginia, por que então morreram mais mulheres do que homens?

O número de vítimas do sexo feminino tem relações com as pessoas que estavam presentes no recinto, na hora que o assassino entrou e começou a atirar. Se existissem mais homens, o número de vitimas do sexo masculino provavelmente teria sido maior. Portanto, morreram mais mulheres porque as mulheres eram maioria no local e não porque o autor agiu com misoginia e/ou machismo na hora de escolher suas vítimas. Ele provavelmente nem teve tempo de pensar nisso. Saiu atirando em quem encontrou pela frente.

5 -A quem interessa desvirtuar a verdade em relação à verdadeira causa da chacina de Campinas?

Interessa principalmente a quem precisa ter o que dizer e escrever na mídia em relação a bandeiras que defendem em termos políticos, subvertendo causas que são justas e legítimas, a exemplo do combate à misoginia e/ou ao machismo, por meio da distorção de fatos e informações que, na realidade concreta, não guardam propriamente relações com o que se afirma em determinado momento.

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Jean Wyllys pratica censura à liberdade de expressão e bloqueia quem discorda dele

Fui bloqueado na página do deputado Jean Wyllys no Facebook depois de escrever um comentário dizendo que a SECAD do ministério da educação apoiou ou apoia um projeto que usa o livro denunciado pelo deputado Jair Bolsonaro, chamado “Aparelho Reprodutor e Cia”, da Companhia das Letras. O nome do projeto, desenvolvido pela UFPB, é Biblioteca Digital Escolas Plurais, cujo site disponibiliza o livro para download.

No mesmo post, fiz outro comentário falando sobre o fato dos judeus sionistas brasileiros que o apoiaram durante a polêmica sobre a viagem a Israel não participarem mais da sua página, apoiando os outros temas ou causas que ele apoia. Isso deve ter calado fundo, pois a reação foi drástica. Depois de eu fazer esses dois comentários, a administração da página achou suficiente para eu ser bloqueado (impedido de comentar) e tive simplesmente todos os meus comentários apagados (todos, não só os dois feitos na caixa de comentários deste post).

Na verdade, eu já tinha discordado dele durante toda a viagem a Israel e escrevi um relato crítico minucioso que está rolando na Internet. Eu mesmo divulguei na página dele. Como ele é hipócrita em relação à liberdade de expressão, à democracia, à livre circulação de ideias, ele me bloqueou para que eu não escrevesse mais lá. Esse é o nível. Tem que censurar quem faz crítica a você, quem discorda de você etc. Confissão de que não tem razão, de que não tem argumentos etc. Depois vai para as redes sociais dizer-se democrata, defensor dos direitos humanos, da liberdade, enfim, pura hipocrisia.

Creio que lembrar a ele de que ele foi capturado pela propaganda sionista israelense não lhe agradou. De fato, ontem de tarde eu fui à página do Jean Wyllys no Facebook e constatei, ao analisar vários posts, que os judeus sionistas brasileiros que o apoiaram durante a polêmica sobre a viagem a Israel não aparecem em nenhum dos outros posts do deputado. Eles apenas compareceram quando os seus interesses estavam em discussão. As demais causas defendidas pelo Jean Wyllys, pelo visto, não são objeto de nenhum interesse dos judeus sionistas brasileiros que o defenderam durante a polêmica sobre a viagem a Israel. A omissão sobre os demais assuntos defendidos por Jean Wyllys é relevante e tem sim um significado. Falta de tempo não pode ser usada como desculpa, já que durante a polêmica sobre a viagem a Israel, por vários dias e nos mais diversos horários, a presença dos sionistas brasileiros foi sentida em peso.

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Marcia Tiburi sai em defesa de Jean Wyllys contra a “militância de tribunal”

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Marcia Tiburi escreveu um artigo (ver aqui: http://revistacult.uol.com.br/home/2016/01/odio-ao-semelhante-sobre-a-militancia-de-tribunal/” basicamente criticando as pessoas que criticaram Jean Wyllys pelos relatos e ideias que ele defendeu quando fez a viagem a Israel (ver o meu post sobre o assunto aqui: https://alessandreargolo.wordpress.com/2016/01/11/a-captura-de-jean-wyllys-pela-propaganda-sionista-israelense/) com a intenção de apenas destilar “ódio” e puni-lo de forma particularmente cruel, isto é, tais pessoais apenas registraram as críticas para atacá-lo por puro desejo, o que seria uma espécie de comportamento patológico social nos tempos de Internet e redes sociais. Ela cunhou até uma expressão. Disse que tais pessoas integravam uma “militância de tribunal”. São, portanto, “militantes de tribunal”. No caso, os “tribunais” são as redes sociais, a Internet, os sites de notícia da imprensa, etc.

Tentando proteger o amigo que assinou o prefácio do livro que ela publicou (“Como Conversar Com Um Fascista”), ela diz que a “militância de tribunal” se apresenta da seguinte forma:

“(…) manifestação de ativismo político, mas se reduz ao ato de proferir julgamentos, todos de natureza condenatória, contra seus adversários e, muitas vezes, em desfavor dos próprios parceiros de projeto político. São típicos julgamentos de exceção, nos quais a figura do acusador e do julgador se confundem, não existe uma acusação bem delimitada, nem a oportunidade do acusado se defender. Nesses julgamentos, que muito revela do “militante de tribunal”, os eventuais erros do “acusado”, por um lado, são potencializados, sem qualquer compromisso com a facticidade; por outro, perdem importância para a hipótese previamente formulada pelo acusador-julgador, a partir de preconceitos, perversões, ressentimentos, inveja e, sobretudo, ódio.”

Depois de cunhar o conceito e definir a forma de atuação da “militância de tribunal”, de uma forma muito abstrata e sem indicar as características concretas desses julgamentos, isto, sem dizer como exatamente eles se manifestam no caso concreto, ela chega à conclusão que isso, esse ódio todo que o “acusador-julgador” destila contra o “julgado”, claro, é ruim, e pessoas como Jean Wyllys, pelo conjunto da obra, não merecem ser julgados pela “militância de Tribunal”, até porque muitos desses militantes não têm trabalho nenhum ofertado junto à sociedade na área dos direitos humanos. Estão, portanto, abaixo de pessoas como Jean Wyllys e não têm o direito de criticá-las.

Nessa categoria, Marcia Tiburi, a teórica pós-moderna da esquerda brasileira que está na moda, inclui particularmente os “defensores dos direitos humanos” e não apenas os internautas ignorantes e imbecis que existem aos montes. O alvo dela são as pessoas que defendem e trabalham com direitos humanos que criticaram Jean Wyllys e, de acordo com ela, sem apontar nomes, apenas destilaram ódio contra o deputado. Termina dizendo que tais pessoas não querem transformar nem melhorar nada com as suas críticas, mas apenas puni-lo de uma forma que tudo continue do mesmo jeito, “para manter o seu próprio poder, para justificar o tribunal que montou no sofá de sua casa diante de um computador.”

Espremendo o texto, sobra isso de argumento.

A ideia é dizer que tais pessoas não defendem, na realidade dos fatos, preguiçosos e ineptos que são, os direitos humanos como Jean Wyllys defendeu e, por isso, não têm o direito de criticá-lo, pois nada fizeram de significativo sobre tais assuntos, enquanto o super-heroi dos direitos humanos, Jean Wyllys, enfrentava os “temíveis monstros” do “fascismo” tupiniquim, como homofóbicos e reacionários da estirpe de Bolsonaro, Malafaia e Feliciano.

Como eu fui um dos críticos de Jean Wyllys, me sinto no direito de responder a essa bobagem relativista e casuísta. Primeiro, a acusação é genérica, abstrata, nada específica ou concreta. Ela não fez nenhum levantamento sobre as críticas para estabelecer quaisquer estatísticas. Portanto, não demonstra, como deveria, se as críticas foram pertinentes ou meras manifestações de ódio.

Ela sequer explica como podemos identificar uma crítica dessa. Por exemplo, quando podemos saber exatamente que uma crítica está eivada de “ressentimentos” e “inveja”? É uma acusação covarde em sua obscuridade, uma vez que não enfrenta os fatos que ataca nem exemplifica. Existe margem para uma subjetividade muito grande, algo como “você me criticou porque tem inveja de mim”. Vira desculpa para atacar a crítica e o crítico que contrariou o criticado. É uma estratégia de proteção do criticado que se expôs seriamente em questões importantes por causa da péssima qualidade das ideias que defendeu. É uma mitigação da responsabilidade que deve existir no debate dos grandes temas. Quem aceita participar ativamente do cenário político que envolve temas importantes, como direitos humanos, deve estar preparado para responder por suas ações e pelas ideias que defende. Não pode apelar para argumentos que buscam minimizar e tornar aceitável a invalidade das ideias que defende ou os erros que cometeu, os quais podem inclusive comprometer a pessoa do ponto de vista moral.

Por outro lado, fiquei curioso para saber quais foram as críticas que incentivaram-na a escrever esse texto. Quem foram os críticos que agiram assim, Marcia Tiburi? Dê nomes aos bois para que as pessoas possam se defender, ora.

Paulo Sérgio Pinheiro? Milton Temer? Amir Sader? Waldo Melmerstein? Quem??

Esse argumento se volta contra as premissas do próprio discurso que ela usa contra quem ela chama de “fascista”. Ou esse discurso não é patrulhamento e uma espécie de “militância de tribunal” também, só que veiculada na mídia de uma outra forma?

A partir do momento que ela se colocou contra as críticas, vistas apenas como meras manifestações de ódio contraproducente para a causa dos direitos humanos, e saiu em defesa do discurso do deputado Jean Wyllys, registrado nos relatos que ele fez sobre a recente viagem a Israel, fundamentado na “complexidade” do conflito palestino-israelense, “complexidade” esta que se resume aos extremistas de ambos os lados (do lado judeu-israelense, a direita e extrema-direita, sem citar os fanáticos religiosos, problema que ele reserva aos palestinos), do lado palestino, os fundamentalistas e terroristas islâmicos, continuando, a partir desse momento, a situação que ela criou é a de também comprometer as premissas em relação a que conceito de “fascismo” é esse com o qual ela trabalha e, o mais importante, quais as ações válidas, inclusive em termos de crítica, que devem ser praticadas a partir dessa constatação.

O discurso de crítica ao “fascismo” fica esvaziado do significado político que poderia estabelecer julgamentos morais e definir ações. Fica-se sem saber o que fazer quando detectamos certos padrões políticos de comportamentos que julgamos incorretos, quando o direito de crítica é criticado, pois visto como mera manifestação de ódio.

Israel mata uma quantidade absurda de pessoas ao longo de décadas, muitas vezes de forma covarde, brutal, completamente desumana, desrespeita inúmeros direitos humanos, expulsa todo um povo de suas terras, derruba casas, impõe restrições ao direito de ir e vir, que inclusive afeta o direito das crianças estudarem, aprisiona anualmente cerca de 700 crianças que estão em idade de nove anos de idade, sob a acusação de arremessar pedras em forças de ocupação israelenses, crianças estas que são maltratadas, torturadas, espancadas (escolha a palavra, tem para todos os gostos), que não gozam de qualquer defesa legal, dentro dos princípios do direito internacional.

Diante disso, Marcia Tiburi faz divulgar artigo nas redes sociais e nos sites da imprensa, logo ela, a pessoa que aponta e sai dizendo para os outros quem são os seres humanos “fascistas”, como eles são “ruins”, “burros”, “incapazes”, “maléficos”, “sem coração”, “sem amor”, “desumanos” etc, no qual defende o direito de Jean Wyllys discutir normalmente o conflito palestino-israelense por mei0 de uma posição que estabelece uma simetria entre ambas as partes, inclusive moral, concedendo-lhe o direito de ouvir os dois lados como se cada um tivesse as suas razões legítimas e aceitáveis, igualando opressor e oprimido, isso num país cuja população não só elege políticos que instituíram um verdadeiro apartheid, mas também promovem o que muitos consideram uma limpeza étnica, sem que as pessoas que tomam conhecimentos das ideias e posições políticas de Wyllys possam manifestar sua opinião crítica em relação a essa postura, sem que elas possam discordar disso fazendo os juízos morais rigorosos cabíveis na espécie, pois estamos lidando muitas vezes com violações ao direito à vida, quando sabemos que essa condescendência toda que exige que se tenha, os Bolsonaros, Malafaias, e Felicianos da vida não recebem do mesmo Jean Wyllys.

Eu pergunto: como é que ela, de agora em diante, pode ser levada a sério na hora de emular aquele discurso todo indignado contra quem acha que é “fascista”?

Ela se depara com algo talvez pior do que o conceito que ela tem de fascismo e acha normal, ao ponto de defender o direito de se dialogar como se não estivesse diante de algo nem sequer parecido com o fascismo como ela entende esta palavra, algo diferente, que tem suas razões “legítimas”.

É constrangedor eu dizer tudo isso, mas eu tenho que dizer. Quem foi “cordeirinho” diante de Israel, não tem muita moral mais agora para ficar emulando uma de “indignado” com os Bolsonaros, Felicianos e Malafaias da vida, muito menos fazer os juízo de valor moral que costuma fazer Jean Wyllys. Existe uma incoerência aqui. As premissas para ser tolerante e buscar o diálogo, compreendendo e considerando legítimas suas motivações, com Israel, que eu considero um dos exemplos máximos de violação aos direitos humanos que temos atualmente no mundo (o resto é a carnificina de sempre, ISIS, Arábia Saudita, Boko Haram etc), serão exigidas em casos muito menos graves de agora em diante, se o que defende Marcia Tiburi em relação a invalidade da “militância de tribunal” vingar ao final.

Ou seja, pessoas como Jean Wyllys e Marcia Tiburi comprometeram os próprios discursos, inequivocamente criaram precedentes para serem desautorizadas naquilo que defendem e costumam exibir em muitos lugares, sob pena de serem acusadas de casuístas.

São complacentes com os judeus israelenses porque…por que mesmo?

Judeu israelense tem agora passe livre para cometer qualquer tipo de atrocidade, mas pode ser considerado detentor de razões “legítimas”, o que exclui a possibilidade de se fazer juízos de valor moral mais rigorosos, “direito” este negado aos “fascistas”, como a trupe define de forma assistemática?

Ou, ao contrário, judeu israelense é ser humano como qualquer um e está sujeito aos julgamentos morais rigorosos e previstos em lei a que se submetem qualquer um em situação similar?

Essas perguntas devem ser enfrentadas por aquelas pessoas que parecem defender o privilégio, não o direito, de serem os únicos que podem integrar validamente a “militância de tribunal”, desde que os julgados não sejam judeus israelenses. Por que exatamente, eu não sei. Pensei que a igualdade de tratamento, a isonomia, fosse algo a ser observado em tais casos. Pelo visto, a se julgar pelo que defende Marcia Tiburi, eu estava enganado. O rigor das críticas só deve ser observado contra os outros. Nunca contra os privilegiados.

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Informação atribuída a Snowden é um hoax

Anda circulando na Internet um texto que diz que o ex-funcionário da National Security Agency (NSA) dos Estados Unidos, Edward Snowden, hoje refugiado na Rússia depois de divulgar documentos americanos sigilosos, acusa os serviços secretos de Israel, da Grã-Bretanha e dos EUA de terem criado o Estado Islâmico numa operação cognominada “Ninho da Vespa”.

Segundo eu li num site americano chamado PunditFact (ver o link do texto aqui: http://www.politifact.com/…/edward-snowden-leaked-nsa-docu…/), cuja principal fonte é um texto de Alan Kurtz, intitulado “The Snowden Hoax – How a Lie Traveled Around the World Before the Truth Could Get Its Boots On” ou “O Hoax de Snowden – Como uma mentira viajou ao redor do mundo antes que a verdade pudesse calçar as botas” (ver aqui: http://snowdenhoax.blogspot.com.br/2014/08/andreasept.html…), na verdade é um hoax (boato ou informação falsa, não confirmada) que vem sendo divulgado desde julho deste ano em alguns sites árabes.

Glenn Greenwald, um dos principais contatos de Snowden na mídia ocidental, que escreveu no prestigiado jornal inglês The Guardian, de onde divulgou o material que Snowden lhe disponibilizou, e atualmente trabalha no The Intercept, tratou logo de desmentir o boato em sua conta no Twitter, quando postou que “never heard him (Snowden) say any such thing, nor have I ever heard any credible source quoting him saying anything like that.” (traduzindo: “Nunca o ouvi dizer algo parecido com isso, nem nunca ouvi qualquer fonte com credibilidade que o tivesse citado (Snowden) dizendo qualquer coisa parecida com isso”).

Portanto, é informação falsa, sem qualquer fonte confiável que confirme o boato. Até aqui, Edward Snowden nunca disse isso. O tweet do jornalista Glenn Greenwald pode ser lido aqui: https://twitter.com/ggreenwald/statuses/497058967026429953

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A esquerda deve ocupar mais os espaços da grande imprensa nas redes sociais

Eu considero que as esquerdas no Brasil ocupam muito menos os espaços da grande imprensa nas redes sociais do que deveriam. Era para ocupar muito mais. Preferem, o que considero um erro de avaliação, se enfurnar na blogosfera, quando o debate deve ser público e em todos os espaços possíveis.

Eu, sempre que posso, marco posição e rebato as informações dadas em alguma notícia que considero enviesada politicamente ou não se atendo a outros aspectos importantes. Um aspecto que eu tomei conhecimento recentemente é que as mulheres de esquerda sofrem ataques muito agressivos quando se aventuram a comentar contra alguma notícia anti-governo veiculada pela grande imprensa.

Uma vez eu questionei por que o que uma mulher escreveu na página do site Pragmatismo Político no Facebook e obteve tantas curtidas não foi escrito por ela também numa página da grande imprensa na mesma rede social. Disse que ela tinha que expor aquela opinião não apenas num espaço supostamente favorável em termos políticos, mas também num espaço mais diversificado, para estimular o senso crítico das pessoas em geral. Sabe qual foi a resposta dela? Que era fácil falar isso porque eu era homem (!). Eu disse: “Como assim? Você sofre agressão por ser mulher?” Ela disse: “exatamente” e saiu contando alguns casos concretos. É por essas e por outras que a esquerda deve se unir e atuar mais em conjunto nos espaços da grande imprensa. Quebrar essa hegemonia, ora. Os caras falam sozinhos. Eu sempre exponho minha opinião, sem qualquer receio. Mais gente deveria fazer isso.

Vejo notícias e mais notícias veiculadas pela Folha, Estadão, O Globo, Veja etc, nas redes sociais praticamente livres de contestação, de contraponto. Só quem se manifesta, em muitos casos, são os que concordam com a linha editorial da grande imprensa. Isso não pode. A Internet é livre. Tem que invadir e começar a questionar, em peso, em bloco. Quebrar essa hegemonia de só ter gente reacionária, de direita ou conservadora opinando nos espaços mais acessados. Não existe espaço desse ou daquele. O espaço é, em tese, público e lida com temas de interesse público. Quem é de esquerda é também cidadão e tem o direito de expressar o seu pensamento, suas opiniões políticas. O Brasil é uma democracia e nós precisamos exercitar melhor esse conceito.

Vou citar um exemplo ocorrido hoje na página do jornal “O Globo” no Facebook, que publicou uma notícia com a seguinte manchete: “Maioria do TSE vota pelo desarquivamento de investigação contra campanha de Dilma” (ver a notícia clicando no link a seguir: https://www.facebook.com/jornaloglobo/posts/1105846169455061).

Eu comentei explicando o erro, a tentativa de manipulação das pessoas contida na manchete, afinal, não foi uma “investigação” que foi desarquivada, mas sim um processo judicial que veiculava uma Ação de Impugnação de Mandato Eletivo (AIME), proposta pelo PSDB contra a candidatura de Dilma Rousseff. Expliquei que a situação suscitada por iniciativa do ministro Gilmar Mendes era teratológica, uma monstruosidade jurídica, absolutamente inválida, uma vez que ele decidiu pelo desarquivamento do processo com base em fatos novos, posteriores à propositura da ação e ao próprio arquivamento do processo, algo completamente proibido e não autorizado pelo direito.

Eis o comentário na íntegra:

“Desarquivar uma investigação? Que espécie de jornalismo é esse? Não consegue nem dar a notícia de forma correta e verdadeira. O que foi desarquivado, por força de uma iniciativa teratológica do ministro Gilmar Mendes, foi uma Ação de Impugnação de Mandato Eletivo (AIME) que já tinha sido arquivada. Detalhe: desarquivaram um processo usando fatos novos, o que não é permitido em direito. Se um processo foi arquivado, ele foi arquivado e pronto. Novos fatos devem ser discutidos numa nova ação. Acontece que a ação para impugnar mandato eletivo tem prazo de 15 (quinze) dias, contados da diplomação. O que o Gilmar Mendes fez? Como uma nova ação de impugnação de mandato eletivo encontra obstáculo na questão do prazo para a sua propositura (os quinze dias já finalizaram faz tempo), ele usou fatos novos ou supervenientes (não usados pelo autor da ação no primeiro momento) para desarquivar o processo, passando por cima da lei, da Constituição Federal e do direito processual. Querem dar o golpe a pulso, contando com a “forcinha” da grande imprensa, que distorce os fatos e manipula as pessoas. Essa manchete é uma vergonha absoluta em termos de jornalismo!!”

Eu li rapidamente os comentários dos internautas e a maioria sequer atentava para a manipulação de O Globo e, mais grave, sequer atentava para o quão grave foi essa iniciativa de desarquivar o processo com base em fatos novos. Claro que as coisas são assim: não existe contraponto na dimensão exigida porque simplesmente quem deveria fazer isso, se omite, seja lá a razão pela qual faz isso.

Portanto, considero importante e mesmo fundamental que a esquerda ocupe os espaços da grande imprensa nas redes sociais. A esquerda brasileira deve ocupar cada vez mais tais espaços e quebrar a hegemonia reacionária que existe. O debate de ideias é sempre salutar para a democracia.

Discordo, inclusive, de recente texto, intitulado “Compartilhar para falar mal. Apenas parem”, publicado no site da revista Carta Capital, em que o autor, Lino Bocchini, defende a tese de que é errado divulgar textos que saem na grande imprensa dos quais você discorda, mesmo que seja para mostrar os erros do colunista autor do texto ou criticá-los, defender ideias contrárias as que se encontram no texto divulgado. O erro estaria no fato de que, ao fazer isso, a pessoa estaria “legitimando o veículo ou o colunista como um polo de discussão”. Para Bocchini, seria irrelevante se você concorda ou discorda do texto. Cada vez que alguém compartilha o texto, mais pessoas são pautadas por ele, inclusive quem compartilhou e os amigos dele.

Eu discordo da ideia, apesar de entender a intenção do boicote proposto, ainda que ela não tenha qualquer força na realidade dos fatos. O boicote às notícias da grande imprensa das quais você discorda, ao fim e ao cabo, é um tanto quanto inócuo para lutar contra a importância mercadológica da grande imprensa. É importante sim rebater o que está escrito. Pior é imaginar que os deixar para lá, ignorar, irá diminuir o efeito do que eles escrevem. O debate aberto, o confronto de ideias, sempre será melhor do que simplesmente deixar alguém que você considera que está errado falando sozinho. Quem tem razão no debate não precisa cercear nem censurar a opinião discordante. A liberdade de expressão deve ser exercida inclusive para legitimar aquilo que você defende. E não se faz isso evitando o contraditório, o confronto de ideias. O debate deve ser encarado com naturalidade. O que deve prevalecer é a força das ideias, tudo isso dentro de um ambiente democrático e livre de cerceamentos.

Acredito que é importante não só rebater os textos da grande imprensa dos quais se discorda no próprio espaço ou em espaços favoráveis à visão política de quem discorda deles, se for o caso, mas também ocupar os espaços nos quais as notícias, colunas ou posts em geral são originalmente publicados e fazer o contraponto. Nada disso impede que você divulgue os seus próprios textos críticos nos espaços que acha melhor. Dá para fazer as duas coisas. Ignorar quem pensa diferente de você nunca foi uma boa estratégia, ainda mais quando a correlação de forças é desproporcional, como neste caso da grande imprensa.

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