Arquivo da categoria: Arte

O Ocaso de Elias Canetti

Voltando a falar do Nobel de Literatura de 1981, Elias Canetti, gostaria de deixar registrado o quanto o ser humano é suscetível de análises negativas em termos de caráter. No final da vida ou de sua carreira literária brilhante, Canetti se expôs pessoalmente de uma forma tão comprometedora que é perfeitamente possível vislumbrar que ele sofreu um autêntico ocaso.

Canetti, escritor judeu sefardim de língua alemã, escreveu grandes livros. Os escritores brasileiros pós-modernos que tinham uma certa originalidade e notável força literária, como Rubem Fonseca e Ignácio de Loyola Brandão (ainda vivo), o tinham em alta conta.

Ele escreveu um único monumental romance, publicado em 1935, sua estreia como escritor, traduzido para todas as línguas como “Auto-De-Fé” (em alemão, o romance se chama “Die Blendung”, que se poderia traduzir em português como “A Cegação” ou “O Ofuscamento”). O grande escritor brasileiro Ignácio de Loyola Brandão, particularmente, escreveu sobre a experiência de ler “Auto-de-Fé” quando esteve em Berlim no início dos anos 80, fato narrado no seu livro “O Verde Violentou o Muro”.

“Auto de Fé” é um dos maiores registros literários do ambiente centro-europeu anterior à II Guerra Mundial, que já mostrava as características sociais que levariam o mundo à loucura do maior conflito bélico da história da humanidade.

Ele também escreveu um tratado antropológico único em seu estilo, chamado “Massa e Poder”, um livro que ele escreveu durante 35 (trinta e cinco) anos, extremamente denso, diferente de tudo o que você pode ler em qualquer lugar. Canetti decidiu escrever sobre os fenômenos de massa e poder quando testemunhou, in loco, manifestações ocorridas em Viena, cidade em que ele residia na época e estudava a graduação do curso de Química, profissão que nunca exerceu, em 15 de julho de 1927, em repúdio a uma sentença de absolvição dos acusados da mortes de operários. Os trabalhadores reagiram principalmente ao escárnio do partido do governo em considerar a sentença justa, mais até do que a sentença em si.

Canetti presenciou os protestos e sentiu a força das massas e o quanto era um fenômeno diferente de tudo o que ele presenciou, além de se relacionar estritamente com a noção de poder. Dessa experiência, da qual ele nunca esqueceu, nasceu a sua obsessão em entender e estudar os fenômenos de massa e poder.

“Massa e Poder” é um estudo, extremamente erudito, sobre os movimentos de massa e sobre o poder, analisado nas mais diversas esferas sociais e culturais ao longo da história, absolutamente fascinante.

“Massa e Poder” é completamente diferente de tudo o que você já leu até hoje que possa ser, de longe, comparado com o livro. Provavelmente você ficará fora da realidade por alguns dias depois de lê-lo. Isso aconteceu comigo, quando eu li a tradução da UnB e depois da Cia das Letras.

Os estudiosos, cientistas sociais e intelectuais em geral que se aventuraram a ler “Massa e Poder” notaram uma das maiores características do opus magnum de Canetti que é o seu estilo próprio, original, singular, em abordar o tema do livro, sem beber em nenhuma fonte anterior.

A originalidade de “Massa e Poder” é tão grande que muitos apontaram que ele teria criado uma nova disciplina em ciência sociais, que é aquela que analisa as patologias antropológicas da sociedade, de forma profunda e com linguagem literária singularmente imagética.

Canetti também escreveu várias peças de teatro únicas, como a mais conhecida, chamada “Comédia da Vaidade” (no alemão “Komödie der Eitelkeit“), sempre com uma crítica social pertinente, além de ensaios literários de grande categoria, máxime uma obra-prima sobre Kafka, presente na coletânea de ensaios “A Consciências das Palavras”.

Sobre a peça “Comédia da Vaidade”, vale lembrar de um episódio, no mínimo, curioso, contado por Canetti, quando leu a peça pela primeira vez para um restrito círculo intelectual em Viena. Canetti contou, numa passagem do terceiro volume das suas memórias, “O Jogo dos Olhos”, uma história sobre a leitura da comédia de costumes “Comédia da Vaidade”, num certo círculo intelectual de Viena que contou com a presença de James Joyce, então um jovem escritor irlandês em busca de fama e já conhecido por alguns intelectuais europeus.

Essa peça de Canetti se tornou um clássico com o tempo e, numa de suas mais famosas passagens, uma das personagens se barbeia sem precisar usar espelhos. Depois da leitura, Canetti foi apresentado a James Joyce, cujo único comentário sobre a peça foi um arrogante “eu me barbeio sem usar espelhos”.

Na hora, Canetti percebeu que ele, de quem se dizia dominar muitos idiomas, não tinha entendido nada da peça, toda ela escrita num autêntico dialeto vienense, e somente tinha entendido a parte em que a personagem se barbeava sem usar espelhos.

Ou seja, o “gênio” Joyce se sentiu intelectualmente inferiorizado ao não entender nada da leitura, feita no dileto alemão falado em Viena. A história da literatura do século XX consagrou James Joyce como um grande escritor, mas desconfio que muito disso vem de um hype pouco justificável, como convém a alguns círculos. Canetti, um verdadeiro monstro da literatura mundial, que nunca precisou de hype nenhum, insuperável enquanto memorialista, continua um tanto subestimado em razão de ser pouco lido, o que ajuda a entender o seu ressentimento e rancor no fim da vida.

Em “A Consciência das Palavras” também existe inclusive um ensaio sobre o arquiteto nazista Albert Speer, extremamente interessante.

Apesar de todo o background literário de fôlego, Elias Canetti se mostrou realmente um mestre da literatura, sua inequívoca expertise, principalmente nos livros de memória, verdadeiras obras-primas.

Canetti é provavelmente o maior memorialista da literatura mundial, absolutamente imbatível. Por mais que eu goste do brasileiro Pedro Nava, excelente, Canetti tem um estilo mais original. Ele escreve como se dialogasse com a nossa consciência.

Falo do escritor Elias Canetti porque aprendi muito com ele, não só com o seu olhar peculiar e único sobre muitas coisas, sempre com um tom desconcertantemente profundo e erudito, mas também aprendi sobre o quanto ele era humano, até nos defeitos que mostrou ter no fim da vida.

Em suas memórias, onde era genial, Canetti escrevia como se a voz dele se projetasse na nossa consciência, inclusive com os seus defeitos, os quais não escondia mas que se mostraram ser graves no fim da vida, denotativos de defeitos de caráter.

Foi para mim extremamente decepcionante, apesar de compreensível, tomar conhecimento dos defeitos de caráter de Canetti ao ler as resenhas sobre a obra póstuma do quarto volume de memórias, até hoje inédito no Brasil, não tendo a Ed. Schwartz (Cia das Letras) o publicado.

Eu li os três primeiros livros das memórias de Canetti ainda nos anos 90, publicados no Brasil pela Cia das Letras. Esses livros com certeza estão fora de catálogo. Não ter publicado no Brasil até hoje o quarto e último volume das memórias já indicava que algo estranho aconteceu.

O primeiro volume de memórias de Elias Canetti se chama “A Língua Absolvida”, lançado originalmente no fim dos anos 70. O segundo se chama “Uma Luz em Meu Ouvido”, lançado na primeira metade dos anos 80, e o terceiro se chama “O Jogo dos Olhos”, lançado na segunda metade dos 80.

Eu vou dizer porque tenho que dizer, não ligo para quem achar que é arrogante, pelo menos aproveite a minha dica, corra atrás e vá ler: se vc não conhece esses livros, vc não conhece a melhor literatura de memórias, a mais sofisticada, do século XX.

Canetti narra encontros com James Joyce, Bertolt Brecht, Robert Musil, Isaac Babel etc. O próprio Canetti é um peso pesado da literatura do século XX, mesmo que os ingleses tenham ficado muito ressentidos, com razão, quando o quarto livro de memórias dele foi lançado postumamente.

O quarto volume das memórias de Canetti abordava a vida na Inglaterra, país que Canetti viveu durante décadas, após antecipar o genocídio do Holocausto depois que a Alemanha anexou à Áustria, e não poupou críticas, do começo ao fim, o que soou inegavelmente como ressentimento.

Rubem Fonseca, o maior escritor brasileiro pós-moderno, bebeu na fonte de Canetti ao escrever a obra-prima de 1988, “Vastas Emoções e Pensamentos Imperfeitos”, especialmente citando as impressões que Canetti teve de Babel na Berlim no fim dos anos 20 do século XX, profundamente elogiosas.

Para o jovem Canetti, Babel era o mais brilhante intelectual, escritor, o mais inteligente e sensível artista que ele conheceu naquela época, mais até do que Brecht, com quem ele vivia se desentendendo nas mesas de bares e restaurantes da Berlim no fim dos anos 20.

Na Berlim do fim dos anos 20 do século XX, Brecht era o mais paparicado entre os intelectuais alemães, tendo lançado a sua obra-prima do teatro, “A Ópera dos Três Vinténs”, a qual Canetti, então jovem tradutor da icônica editora Malik de romances americanos para a língua alemã, seguindo a moda da época da cultura alemã de imitar em quase tudo os EUA, assistiu à estreia da peça de Brecht nos teatros de Berlim.

Canetti conheceu Brecht nessa época, assim como conheceu Babel, cuja fama como escritor já havia chegado à Europa Ocidental.

Apesar de Canetti antipatizar com a figura de Brecht na época, ele o reconhece como um artista e escritor brilhante, contra o qual ninguém poderia polemizar. Brecht tinha resposta para tudo.

De acordo com Canetti, Brecht parecia mais velho do que era. E escrevia os melhores poemas que ele pôde ler na literatura alemã da época.

O quarto livro das memórias de Canetti, publicado postumamente, é chamado “Party in the Blitz”, referência às festas que a sociedade inglesa fazia mesmo quando era bombardeada impiedosamente pelos alemães durante a II Guerra Mundial, como se isso não os afetasse.

“Party in The Blitz” é extremamente polêmico e foi muito criticado pela crítica literária inglesa, uma das melhores do mundo. A provocação à sociedade inglesa já começava no título do quarto volume das memórias e indicava o que estava por vir.

De fato, Canetti, em “Party in The Blitz”, escrito no fim da vida, depois de viver décadas na Inglaterra, destilou todo o seu rancor e amargo por nunca ter tido o reconhecimento que ele achava que merecia.

A crítica inglesa foi cruel na análise do livro, não só porque Canetti criticou grosseiramente a Inglaterra, mas porque, em inúmeras passagens, teceu comentários extremamente negativos e sem ética, transparecendo certa inveja, sobre medalhões da literatura inglesa.

Canetti atacou T. S. Eliot, aluno do grande crítico literário e poeta americano, Ezra Pound, Eliot que muitos consideram o maior poeta do século XX, sobre quem Canetti foi muito agressivo no livro, assim como atacou, de forma mais do que lamentável, a popular e famosa escritora irlandesa Iris Murdoch, de quem ele foi inclusive amante, o que causou perplexidade geral, uma vez que ele, todo o tempo do seu quarto volume de memórias, não tece um elogio sequer a ela mas apenas ataques impiedosos, a exemplo de afirmar que ela seria incapaz de uma única ideia original e coisas do tipo.

O caso extraconjugal de Canetti com Iris Murdoch era do conhecimento de sua esposa, Veza Canetti, também escritora e também judia sefardim de cultura alemã que vivia em Viena, quando conheceu o então jovem Elias Canetti, tendo com ele se mudado para Londres, fugindo do Nazismo.

Veza Canetti parecia tolerar muito bem e até mesmo aceitar os casos extraconjugais de Elias Canetti, que não eram poucos.

Clive James, o famoso crítico literário australiano radicado na Inglaterra, falecido em 2019, tinha não só razão mas motivos pessoais para detonar “Party in The Blitz”, o que fez em artigo no The New York Times na época do lançamento póstumo do quarto livro de memórias de Canetti, no mercado americano e inglês, o que aconteceu em 2005, depois de uma certa resistência do mercado editorial anglo-saxão em publicá-lo, já que havia sido lançado no original em alemão quase dez anos antes, logo após a morte de Canetti, ocorrida em 1994, aos 89 anos.

James escreveu uma biografia da escritora irlandesa Iris Murdoch, o que talvez tenha gerado aqui um pouco de desavença pessoal, mas ele soube escrever com racionalidade, tanto sobre o livro “Party in The Blitz” quanto sobre Canetti, o que, neste último caso, fez inclusive com muita elegância intelectual e a mais fina ironia, sem poupá-lo do extremo rigor com que Canetti costumava se debruçar, em suas memórias, sobre as outras pessoas.

O título da resenha de Clive James, que foi publicada no The New York Times, já dizia a que vinha: ” “Party in the Blitz” The International Man of Mystery”, onde ele descreve um perfil arrasador de Canetti como pessoa e como intelectual.

Segue o link para a resenha mordaz, ácida e não menos irônica de Clive James sobre “Party in The Blitz” (em alemão, o título original é “Nachträge aus Hampstead“, que poderia se traduzir em português como “Apêndices de Hampstead”, famoso bairro londrino):

https://www.nytimes.com/2005/10/02/books/review/party-in-the-blitz-international-man-of-mystery.html

Deixe um comentário

Arquivado em Arte, Literatura

A abordagem impessoal judaica acerca do antissemitismo

Tendo em mente a reedição da polêmica sobre as obras de Monteiro Lobato, algo que se arrasta no Brasil há cerca de 20 anos sem uma definição, época em que começaram a brotar as críticas sobre trechos racistas de suas obras, tenho que dizer que quem melhor refletiu, escreveu e produziu obras sobre a opressão, o ódio, a intolerância, o preconceito e a discriminação, com maturidade intelectual, foram os autores judeus, principalmente quando falavam de antissemitismo, ou seja, sobre uma realidade que os tocava de perto enquanto vítimas.

Essa é uma daquelas verdades indiscutíveis, imemoriais, pelo menos para quem tem um pouco de cultura e pôde perceber, nas obras artísticas de autores judeus, como eles sempre lidaram com isso enquanto, antes de tudo, meramente seres humanos, daí um certo distanciamento do autor judeu com a judeidade, quase alguém falando de si mesmo em terceira pessoa.

Os judeus foram perseguidos durante séculos. Desde o nascedouro do Cristianismo, que surgiu concomitantemente às raízes do que, séculos depois, viria a ser conhecido como antissemitismo (ódio contra os judeus, no sentido semântico específico mais aceito), quando surgiu a acusação de serem deicidas, palavra que significa “assassinos ou matadores de Deus”, por causa do julgamento de Jesus Cristo que precedeu a crucificação, a partir do qual os judeus passaram a ser acusados como responsáveis pela morte do Messias.

Aqui cabe um adendo. O julgamento de Jesus Cristo, pela leis então vigentes entre os descendentes das 12 tribos, é absolutamente nulo porque foi finalizado após o pôr do Sol da sexta-feira e isso era proibido entre os judeus, que consideram o sábado, iniciado após o pôr do Sol de sexta-feira e indo até o pôr do Sol do sábado, um dia sagrado, o que mostra que Jesus foi provavelmente um dos maiores injustiçados de todos os tempos em termos de devido processo legal.

A acusação de deicidas, que historicamente pesou contra os judeus, é o berço do antissemitismo moderno como conceito típico do século XIX, uma época da história humana pródiga em conceitos nas mais diversas áreas, como comunismo, racismo, colonialismo, imperialismo (uma qualificação política do colonialismo) etc.

O fato é que é impressionante como os autores judeus falam de tudo relacionado a isso com extrema dignidade e sem desespero, pelo menos aqueles que não querem capitalizar politicamente em cima do antissemitismo, famosa carta albergada pelos sionistas europeus sobreviventes do Holocausto que fundaram Israel.

Para se ter uma ideia do que eu estou falando, se você ler um autor judeu como Primo Levi, judeu italiano que esteve em Auschwitz e sobreviveu, verá como o seu relato é puramente humano, quase asséptico na perceptível ausência de uma indignação moral que se esperaria de uma vítima inserida num grupo específico, alvo primordial dos nazistas em sua “Solução Final”. Raul Hilberg, provavelmente o maior historiador sobre o Holocausto como fato histórico, ele próprio um judeu sobrevivente do genocídio, também escreveu sobre o assunto dessa forma objetiva.

Primo Levi não escreveu os seus relatos autobiográficos sobre o Holocausto como uma vítima judia lamentando toda aquela maldade, desumanidade, brutalidade. Não que ele diminua tudo isso, ao contrário, ele descreve muito de perto os horrores do Holocausto.

O que chama atenção nos relatos de Primo Levi é como ele trata tudo aquilo como uma grande maldade, uma grande perversão praticada contra o ser humano, não especificamente contra os judeus.

Nas obras de Levi, os judeus são, antes de qualquer coisa, seres humanos vítimas do que de mais repulsivo se pôde conceber, que é o extermínio implementado em escala industrial, o que acontecia nas câmara de gás dos campos de concentração, que funcionavam ao som das maiores obras-primas da música clássica alemã (isso mesmo que vc entendeu: os judeus iam para as câmaras de gás escutando música clássica alemã).

Essa característica da obra de Primo Levi existe também, de modo específico ou adaptável às circunstâncias, em vários outros autores judeus, como Marcel Proust, o célebre escritor francês.

Proust, que provavelmente criou o eufemismo “descendente de judeu” para não usar simplesmente “judeu”, ele próprio judeu ou descendente de família judaica, narra, nos romances de “Em Busca do Tempo Perdido” (7 livros, publicados ao longo de 15 anos), a estranheza que ser judeu causava nas altas rodas parisienses dos fins do século XIX e início do século XX, França que talvez seja um dos países mais antissemitas da história, talvez apenas abaixo dos nazistas alemães.

Para os franceses da elite sofisticada de Paris, cidade ícone da cultura ocidental, os judeus eram meros descendentes de tribos formadas por pastores bronzeados pelo Sol dos desertos do Oriente Médio, o que, colocando de lado o racismo explícito da ideia, nos faz lembrar que os judeus nunca foram um povo ocidental. Os judeus sempre foram orientais, do Oriente Médio. povo de origem semita, nada a ver com a Europa.

Na Europa, rompendo com suas origens tribais, os judeus puderam ser assimilados pelo Ocidente, aprendendo línguas que comunicavam muito mais ideias do que o diminuto léxico de suas línguas originais (o ladino ou judeu-espanhol, por exemplo, falado pelos judeus sefarditas da Espanha, não tinha mais do que cinco mil palavras), costumes, valores, filosofia e ciências, ideias que dificilmente brotariam numa cultura rabínica, supersticiosa e isolada em guetos, como durante séculos eles foram confinados a viver em países europeus importantes, inclusive na Espanha, onde viviam ondas de idas e vindas de tolerância, assimilação e perseguição, e onde, no apogeu, constituíram a maior comunidade judaica que se tem notícia, na essência, até hoje (“Sepharad“, a palavra com que os judeus ibéricos se referiam à Espanha, no hebraico adaptado do aramaico antigo, significa “terra prometida”, como nos lembra o escritor argentino Jorge Luis Borges).

Outro escritor judeu, Elias Canetti, Nobel de Literatura de 1981, escritor judeu sefardim ou sefardita de língua alemã, cuja família de ricos comerciantes judeus, tanto por parte de pai (família Canetti) como por parte de mãe (família Arditti), havia se radicado originalmente nos Balcãs, mais precisamente na Bulgária, na cidade de Rutshuk, às margens do Rio Danúbio, também exibiu essa característica de abordar a judeidade como algo alheio ao cenário, a mesma sensação que se tem de alguém falando de si mesmo em terceira pessoa, com a peculiaridade de fazer isso sem o menor sinal emotivo de identificação. Para escritores judeus como Canetti, o judeu é apenas o outro, como qualquer outro ser humano.

Eu considero isso muito avançado, afinal, somos todos seres humanos.

Lembro-me do trecho do segundo volume das elogiadíssimas memórias de Canetti, o clássico “Uma Luz em Meu Ouvido”, que narram quando ele cursava a graduação em Química em Viena e tinha uma amiga, também judia, filha de família de riquíssimos banqueiros de Kiev, Ucrânia (a Ucrânia é repleta de comunidades judaicas; Trotski, por exemplo, é judeu ucraniano, assim como o grande escritor Isaac Babel), com quem conversava sobre os mais variados assuntos, não só sobre as atividades acadêmicas, mas também sobre arte e cultura em geral e, principalmente, a obsessão de ambos, sobre três judeus da Galícia polonesa que cursavam com que ele Química.

Os judeus poloneses lembrados por Canetti, seus companheiros de classe em química experimental, tinham nomes muito conhecidos no braço ashkenazi ou asquenazi em português (o outro braço judaico, de origem centro-europeu e hoje majoritário entre os judeus de todo o mundo): Alter Horowitz, Josias Kohlberg e um estudante que simplesmente Canetti disse que jamais soube o seu prenome, apenas o sobrenome, Backenroth.

Esse capítulo das memórias de Canetti é extremamente poético. Gira em torno da admiração que ele e sua amiga, de nome Eva Reichmann, ambos de famílias judias muito ricas, apesar da família dela ter perdido parte da riqueza após a revolução russa, tinham pelos judeus poloneses, evidentemente não tão ricos quanto eles, Canetti e a amiga judia ucraniana.

Bem, todos eles eram judeus numa cidade que, apesar de muito cosmopolita, que era e sempre foi Viena, tinha uma tradição elitista histórica. Inevitável que sofressem preconceito e isolamento.

O que chamou a atenção de Canetti e de sua amiga Reichmann nos 3 judeus da Galícia polonesa era o quanto eles eram próximos e, acima de tudo, o quanto Horowitz e Kohlberg tratavam Backenroth com reverência, falando com ele de forma diferente com que falavam entre si.

Canetti, em suas memórias, disse que era como se eles o respeitassem em demasia, não por algo extraordinário que ele teria como qualidade pessoal, mas sim porque ele parecia mais inocente e precisava ser protegido. Kohlberg e Horowitz sabiam lidar com as ofensas antissemitas, que se iniciavam desde a hora da chamada, quando os seus nomes pronunciados causavam risos na turma, e se preocupavam em proteger Backenroth disso.

Canetti disse que a maior curiosidade de todos era ouvir a voz de Backenroth, que viva em silêncio, o que era um claro sinal de que não sabia falar o dialeto alemão vienense.

Canetti escreveu que todos na sua turma, inclusive os professores, o tratavam dessa forma, mesmo sem o conhecê-lo, porque ele tinha um semblante tão bonito e puro, que lembrava a de um santo pintado pelos maiores mestres da pintura. Canetti dizia que ele lembrava o Jesus como retratado classicamente.

Nem os estudantes austríacos mais antissemitas tinham coragem de destratá-lo. Quando ele surgia no recinto, todos silenciavam e o respeitavam, ora acenando com a cabeça, ora rindo timidamente em sinal de simpatia. Ou seja, ele tinha uma presença realmente imponente.

Canetti disse que não conseguia entrar na sala de aula sem se certificar antes de que Backenroth estava lá, ele que, até o momento de conhecê-lo, sempre tendeu a ridicularizar conceitos como sublimidade ou brilho pessoal diferenciado.

O relato é impressionante.

Canetti escreveu que, ao vê-lo de avental branco nas aulas de química experimental, manuseando os instrumentos químicos, aquela imagem não o convencia, como se esperasse pelo dia em que ele largaria tudo e revelaria sua verdadeira imagem.

A única pessoa com quem ele se permitia conversar sobre Backenroth era a sua amiga, Eva Rechmann, a judia de Kiev. Ela dizia: “Você fala como se ele fosse doente. Mas ele não é doente. Apenas é belo. Por que será que você fica tão impressionado com a beleza masculina?”.

O jovem Canetti respondia: “Masculina? Masculina? Ele tem a beleza de um santo. Não sei o que ele procura aqui. O que tem um santo a procurar num laboratório de química? Ele sumirá de repente.”

Os dois conversavam sobre os mais variados assuntos, literatura, química, tarefas acadêmicas, música etc. Mas nunca abandonavam Backenroth, por quem eles tinham especial admiração, mesmo sem nunca falar com ele.

Canetti descreveu Reichmann como uma mulher grande e de beleza exuberante. Reichmann se recusou com obstinação à ideia de que ela deveria falar com Backenroth. Canetti tentava convencê-la dizendo que, ela, por saber falar russo, saberia falar entender polonês.

A ideia de todos serem judeus, apesar de subjacente, não existia propriamente para eles. Reichmman negava o contato com Backenroth sugerido por Canetti dizendo que seria um ultraje para ele, polonês, que ela se dirigisse a ele em russo. Explicava que os poloneses tinham grande orgulho da sua língua materna e que ela não passaria esse vexame, afinal, ela tinha Backenroth em tão alta conta quanto Canetti.

Reichmann achava que, pela forma como Backenroth era tratado por Horowitz e Kohlberg, seus únicos amigos próximos, ele talvez fosse apenas um “robbe chassídico”, um título respeitoso usado para o líder de um grupo judeu kassidim, siginificando também um professor numa escola judaica, mas apenas ainda não sabia disso.

Canetti, na maturidade, relembra que essas conversas com Reichmann eram apenas uma indefinição sentimental do que ambos sentiam um pelo outro, sendo Backenroth o que os atraía a ficarem juntos, cada vez mais. O receio que ambos sentiam sobre a hipótese dele sumir de repente nada mais era do que um reflexo do que poderia os separar de vez.

Numa certa manhã, Canetti chegou à sala de aula e, para a sua aflição, Backenroth não estava em seu lugar de costume. Ele pensou que ele estivesse atrasado mas temeu que estivesse errado. Nesse momento, ele percebeu que sua amiga, Eva Reichmann, estava muito mais apreensiva e inquieta do que ele, evitando olhá-lo.

De repente, Reichmann falou: “os três não vieram. deve ter acontecido alguma coisa”. Os lugares de Kohlberg e Horowitz também estavam vazios, o que havia passado despercebido por Canetti.

Ao contrário de Canetti, Reichmann não o via tão isolado. Ela achava que eles três sempre andavam juntos, então, se os três não estavam, não haveria de ser nada demais.

Isso a tranquilizava, apesar da evidente apreensão em seu semblante. Ela nunca quis admitir o isolamento de Backenroth que Canetti sempre temeu em suas conversas com ela. Canetti, para amenizar a apreensão de Reichman, soltou: “eles devem estar em alguma cerimônia religiosa.”

Nesse momento, Canetti passou de pessimista para otimista, como se se recusasse a acreditar que algo de ruim houvesse acontecido. Os papeis se inverteram. Reichmann passou a ficar pessimista: “Algo aconteceu com ele e os outros dois estão com ele.”

Canetti perguntou: “Será que ele está doente?” e completou, percebendo a falta de sentido do que havia dito: “mas isso não seria motivo para a ausência dos outros dois.”

Reichmann balbuciou: “Está bem. Se ele estiver doente, um dos dois cuidará dele e o outro virá ao laboratório.”

Canetti retrucou: “Não. Aqueles dois não se separam nunca. Vc já viu um deles fazer alguma coisa sem o outro?”, complementando: “deve ser por isso que eles moram juntos”, para a perplexidade de Reichmann, que falou: “Quanta coisa você descobriu! Você é investigador?”

Canetti explicou: “Uma vez eu os segui e vi que Kohlberg e Horowitz moram juntos e Backenroth mora três casas adiante. Os dois se despediram dele cerimoniosamente e depois voltaram para casa, como se não o conhecesse.”. Reichmann curiosa: “Por que vc fez isso?”

Canetti respondeu: “Eu queria saber se ele morava só. Talvez, pensei, ele finalmente ficasse só, então de repente eu estaria ao seu lado, como que por acaso, e o saudaria. Eu fingiria surpresa, ele realmente ficaria surpreendido, e assim certamente começaríamos a conversar.”

Eis que Reichmann perguntou: “Mas em que língua?”.

Canetti “Isso não é difícil. Posso entender-me com pessoas que não conhecem uma palavra em alemão. Eu aprendi isso com meu avô.”

Reichmann contestou: “Vc fala com as mãos. Isso não é bonito. Não é do seu feitio.”

Canetti ponderou: “Em outras ocasiões eu não o faço. Mas assim teríamos quebrado o gelo. Você sabe há quanto tempo eu desejo conversar com ele!”.

Reichmann, com ar de superior, disse: “Talvez eu devesse tê-lo tentado em russo. Eu não sabia que vc fazia tanta questão.”

E assim eles continuaram a falar sobre Backenroth mesmo quando ele estava ausente pela primeira vez. Passou-se o tempo, eles mudaram de assunto, mas não adiantava fingir um para o outro. Ambos estavam apreensivos em saber o que aconteceu para ele não estar lá, no seu lugar de sempre.

Apesar de Canetti ter tentado desviar a atenção falando sobre um livro de literartura russa que havia começado a ler, Reichmann não se aguentou: “Estou me sentindo mal, de tanto medo.”

Neste momento surgiu na sala o professor Frei, o único que pronunciava os nomes dos judeus da Galícia polonesa com respeito, seguido do seu habitual séquito, só que, dessa vez, aumentado, quatro ao invés de duas pessoas.

Fez um sinal imperioso para que os alunos se aproximassem. Esperou um pouco até que todos estivessem perto e disse: “Aconteceu um caso triste. Tenho de lhes dizer. O Sr. Backenroth envenenou-se esta noite com cianureto.”

Frei ficou parado alguns instante, sacudiu a cabeça e disse: “Parece que ele era muito solitário. Nenhum dos senhores o percebeu?”

Ninguém respondeu. A notícia era horrível demais e todos se sentiam culpados, ainda que ninguém algum dia o houvesse feito coisa alguma. Esse era, no fundo, o problema: ninguém tentara fazer alguma coisa.

Tão logo o professor Frei deixou a sala, Eva Reichmann chorou soluçando de forma tão forte que parecia haver perdido um irmão. Ela não tinha um irmão mas agora havia perido o irmão mais querido que alguém podia ter.

Canetti percebeu, neste momento, que algo havia acontecido entre eles, apesar de, em comparação com a morte do jovem Backenroth, aos 21 anos, isso pouco significava. Ela sabia, tanto quanto Reichmann, que em suas conversas sobre Backenroth, ambos haviam abusado da sua solidão.

Mês após mês ele estivera entre ele e ela. A beleza dele os estimulara. Ele foi o segredo de ambos, que guardavam entre si, mas também dele, que não sabia o quanto ele era importante para Canetti e Reichmann.

Eles nunca falaram com Backenroth, dando inclusive inúmeras evasivas para que justificassem esse silêncio. A amizade entre Canetti e Reichmann se destroçou no sentimento de culpa de ambos. Ele nunca se perdoou, tampouco ela.

Canetti, ao falar na maturidade sobre essa passagem de sua vida, lembra que “quando hoje, a lembrança me traz o som da frase de Fräulein Reichmann, cujo tom estranho me enfeitiçara, sou tomado pelo rancor, e sei que perdi a única oportunidade de salvar Herr Backenroth: em vez de brincar com ela, eu deveria tê-la persuadido a amá-lo.”

Deixe um comentário

Arquivado em Arte, Cultura, Literatura, Sem categoria

O “amor” como obra de arte

Eis um tema fascinante, os relacionamentos “amorosos”. Eu uso “amor” sempre entre aspas porque é uma palavra que tem tantos significados diferentes que eu nunca consigo entender o que a ideia significa com exatidão. Eu li uma vez um livro excelente da escritora paulista Marina Colasanti, chamado “Esse Amor de Todos Nós” (Link para o livro: http://www.travessa.com.br/…/04886862-b271-4d71-9585-9214ac…). Era uma série de transcrições, referências obtidas nas mais diversas fontes (matérias de jornal, pesquisas científicas etc), passagens literárias sobre o significado do que as pessoas chamam de “amor”. Incrível a variedade de como esse sentimento se manifesta. O livro é brilhante neste aspecto, o de mostrar o quanto o “amor” tem muitos sentidos e significados. Ninguém “ama” da mesma forma. Não há regras, definitivamente. Que ele existe, existe. Mas não é algo que se possa dizer exatamente o que é.

Eu acho o “amor” dos poetas que fazem jus ao epíteto uma coisa muito nobre. Para mim tem muito a ver com despreendimento da realidade imediata. Goethe, o poeta alemão (os alemães usam “poeta” para se referir aos escritores em geral), escreveu um livro muito famoso sobre isso, “Os Sofrimentos do Jovem Werther” (1774). A estória do cara que amava tanto uma mulher que sucumbiu a esse sentimento. Tem a ver com uma certa noção muito arraigada da existência. Parece ser uma coisa transcendental, o que não é contraditório, pois quem “ama” assim considera o transcendental integrante da sua “realidade” (na verdade, eu acredito que passa a ser a única “realidade” que importa).

Nessa linha, se a arte pode ser conceituada como uma forma de fugir das amarras da realidade convencional ou de como ela se nos apresenta, o “amor” seria uma obra de arte. O sentido que damos a essa obra de arte vai depender e variar, caso a caso.

No livro da Colasanti que eu citei acima, tem uma passagem que trata de uma pesquisa científica sobre o comportamento de uma espécie de pássaros que eu nunca esqueci (li esse livro há 15 anos, em 2001). O casal de pássaros, quando se “enamoravam”, fazia tudo junto, absolutamente tudo. Não se desgrudava um segundo sequer. Quando um deles falecia, o outro ficava o resto da vida procurando por ele. Nunca mais aceitava outro parceiro, seja o macho ou a fêmea. Quando via um outro pássaro parecido com o parceiro, se aproximava, mas quando percebia que não era o mesmo, voava aos “prantos”, cantando descontroladamente, como se estivesse se lamentando. Era um “amor” único, para o resto da vida. Lembro de que quando li essa passagem do livro, tive a nítida impressão de que o “amor” é o mais instintivo dos sentimentos. Ele não faz parte da nossa parte “racional”. É algo bem básico. Creio existir uma explicação biológico-genética para isso.

O racionalismo desenvolvido pelo mundo ocidental acabou com tudo isso. Não existe muito espaço para esse tipo de sentimento na sociedade contemporânea. Quem quiser vivenciar isso tem que estar disposto a ser um Werther da vida. Eu acho que os seres humanos, quando passaram a desenvolver a razão tanto quanto possível, abdicaram disso porque o “amor” verdadeiro é quase suicida. É uma coisa que contraria os padrões que criamos para nós mesmos enquanto espécie. Talvez isso também explique a diversidade de sentidos e significados do “amor” na ótica humana. Tentamos adaptar o que sobrou da ideia. Eu acredito nisso.

Uma das mais famosas histórias de “amor” dos EUA é uma história de uma californiana descendente de família nobre espanhola que se apaixonou (não uso aspas para isso, porque a paixão é mais fácil de entender) por um diplomata e explorador russo. A família, que dominava a Califórnia naqueles idos (início do século XIX), era contra o relacionamento (ela tinha apenas 15 anos de idade). Mas eles estavam perdidamente apaixonados. Ele teve que voltar para a Rússia e terminou morrendo num naufrágio. Ela só soube disso muitos anos depois. Nunca mais se casou e se tornou freira. Creio que Alfred Hitchcock, o cineasta inglês, tocou en passant nessa história em “Vertigo” (no Brasil, “Um Corpo que Cai”). No mínimo, inspirou-se na história em algumas passagens do filme. O nome da californiana era Concepción Argüello e sua história de “amor” com o russo é objeto de obras, peças e poemas americanos e russos. O nome do Russo era Nikolai Rezanov. O escritor e poeta americano Francis Bret Harte é autor talvez da mais famosa balada sobre a história de Concepción.

Deixe um comentário

Arquivado em Arte, Comportamento, Cultura

No Brasil, confronto “oposição x governo” atrasa o país

No Brasil, tudo está muito convencional, repetitivo. Essa conversa de “governo x oposição” é completamente psicótica e nada criativa. Impede as pessoas de pensarem em outras coisas. O país fica cada vez mais conservador. Os intelectuais são pouco ou nada inventivos. A mesma coisa os artistas. Ninguém mais tem projeto genuinamente original e inovador para o país. Viraram repetidores do que outros já fizeram.

Antes, o artista era engajado. Ele pensava em novas ideias, influenciava a sociedade. Atualmente o artista brasileiro, em seu esnobismo imbecil, mal consegue se fazer conhecido e acha que a culpa é do público. O pior é que existe a patota imbecil que concorda com isso, quando o pais já pariu movimentos culturais relevantes em termos internacionais, como a Tropicália ou Bossa Nova. O último movimento cultural surgido no Brasil relevante que eu consigo me lembrar foi o mangue beat. Atualmente e já há um bom tempo, não há nada de criativo e inovador, militante e organizado, com peso e influência sobre a sociedade. Nada. Nem na ciência nem na arte (nem mesmo os projetos de Nicolelis contam porque cai no problema político atual, oposição x governo, perdendo força e influência). Os intelectuais brasileiros se limitam a debates estéreis. Ninguém tem projetos grandiosos que sejam percebidos assim pela sociedade e exerçam influência sobre as pessoas.

Inconcebível que em países como EUA, França, Alemanha, Inglaterra etc, a mediocridade impere entre os intelectuais e artistas. Isso seria inadmissível. Os caras pensam o país e criam ideias que se pretendem importantes, que influenciem a vida das pessoas. No Brasil, as pessoas estão preocupadas em brigar umas com as outras, em xingar uns aos outros. Um é chamado de “petralha” e o outro de “coxinha”. Sério, para ficar nesse tom monocórdico é preciso ser muito limitado. Esse papo de “oposição x governo” é o que está atrasando o país. Essa conversa tem que ser superada. Já deu. É preciso pensar em outras coisas. O país não pode ficar estagnado mais por causa disso. Tem gente que só fala disso, o ano todo. Vamos se tocar aí. O Brasil precisa que as pessoas pensem em outras coisas. Caso contrário, será o triunfo do marasmo, da burrice, da mesmice sobre a inteligência, a criatividade, o talento.

Deixe um comentário

Arquivado em Arte, Cultura, Política, Sociedade