Arquivo da categoria: Mídia

A supremacia dos otários

O mundo hoje é povoado por mais otários do que antigamente. As pessoas se tornam normalmente otárias no mundo de hoje. E muitos dos que não eram otários, pelo contato com o mundo virtual, perderam o tino e o senso crítico e se tornaram otários também. Existe hoje em dia, sem dúvida, uma espécie de supremacia dos otários em todo o mundo.

“Otário” aqui eu uso no sentido de pessoa facilmente enganável, besta, sem esperteza, sem perspicácia, que acredita em qualquer coisa. Hoje em dia, muitas pessoas perderam o saudável costume de questionar o que se vê, se ouve e se lê. Bastam alguns vídeos circularem no WhatsApp que a maioria esmagadora das pessoas acredita que eles são reais, que retratam a realidade. E, dessa forma, farsas sem qualquer credibilidade se passam por verdadeiras.

Foi assim que a orquestração descarada, implementada nos últimos dias no ES, ganhou credibilidade e gerou pânico. A maior parte dos vídeos é feita por anônimos que não se identificam. Gente circulando pelas ruas e mostrando o comércio fechado, que narram os vídeos com o inconfundível tom policial. Muita necessidade de propagar a situação. Assaltos absurdos acontecendo em plena luz do dia, com direito à narração, na maior cara de pau. Casos isolados onde pessoas filmam livremente e os bandidos não pensam em invadir os apartamentos, mesmo quando se diz que o caos é total.

Somente se eu fosse um retardado mental em último grau para dar credibilidade a essa encenação de quinta categoria, que tenta passar a ideia de caos generalizado, quando boa parte dos casos que geram o pânico, justamente inseridos nos que foram filmados, foi fabricada por pessoas ligadas ao movimento paredista da PM.

Foi a pior “false flag operation” da história da humanidade. Uma coisa pateticamente grosseira. Até fingir assaltos os caras estão fazendo nos vídeos, como um vídeo em que um homem bem vestido, correndo, aponta uma arma para um carro em fuga. Pura encenação. Não houve nada daquilo. É justamente no que o órgão terrorista em que se transformou a PM quer que os otários de plantão acreditem. E eles acreditam.

O fato é que muitos casos realmente aconteceram, até pelo incentivo provocado pela divulgação do sentimento de caos completo. No entanto, a situação está longe de ser a que eles tentam retratar. O caos é controlado e surge em situações específicas. Não se trata de um sentimento que atingiu toda a sociedade, que supostamente enlouqueceu e saiu praticando crimes a torto e a direito, mesmo pessoas sem qualquer antecedente criminal. Para acreditar nisso, repito, só mesmo fazendo papel de otário. Ninguém se torna bandido de uma hora para outra apenas porque a PM não faz o policiamento. Qualquer pessoa com o mínimo de discernimento é capaz de perceber e entender isso.

Toda a culpa da situação experimentada pelo ES é do movimento paredista da PM. Eles estão provocando diretamente o “caos” (sic) e praticando diretamente muitos dos episódios. O movimento paredista reacionário de ultradireita é ilegítimo e age como autêntico grupo terrorista.

O movimento é classicamente fascista. Só não vê os inocentes úteis de sempre (entenda-se, otários) ou os mal intencionados.

Movimento de ultradireita, caracterizado por agentes da provocação e que milita na cartilha “bandido bom é bandido morto”. Isso é descarado na situação no ES.

É uma “false flag operation” que utiliza recursos grosseiros de comunicação e encenações para gerar pânico. Só funciona porque o nível critico no Brasil é baixíssimo. Acreditam cegamente em vídeos do WhatsApp. Fala sério. Por isso que o golpe de estado foi dado tão facilmente e não encontra resistência.

Deixe um comentário

Arquivado em Internet, Mídia, Política, Redes Sociais, Sociedade

Sérgio Moro tem que ser preso imediatamente

O juiz federal da Operação Lava Jato, Sérgio Moro, tem que ser preso ainda hoje, imediatamente. Tem que prender inclusive o William Bonner e a outra apresentadora do Jornal Nacional, pois tinham o dever de se recusar a participar da tentativa de Golpe (no caso de Bonner, entendo que cabe plenamente a prisão, pois ele exerce cargo de direção no Jornal Nacional: ele é editor-chefe e, nessa condição, tinha maior autonomia para recusar participar daquela ação criminosa de ontem). Se isso não for feito, não estamos mais num Estado Democrático de Direito, mas sim num ambiente de convulsão social e institucional, onde as leis não são mais aplicadas como deveriam. Moro é um criminoso que está em estado de flagrância e, portanto, as leis vigentes neste país exigem a sua prisão imediata.

Sérgio Moro tem que ser preso em flagrante delito por ter violado o sigilo de interceptações telefônicas que continham uma conversa da Presidenta da República com um Ministro de Estado, autoridades para os quais ele não é o juiz competente. Não satisfeito em não excluir a interceptação, o criminoso Sérgio Moro divulgou o teor da gravação da conversa telefônica para a maior rede de televisão do país (Rede Globo), a qual divulgou, no seu telejornal de maior audiência (Jornal Nacional), em pleno horário nobre e em cadeia nacional, o teor da conversa ilegalmente gravada e disponibilizada por ordem de Sérgio Moro, tudo para criar uma situação que impedisse a nomeação de Lula para o cargo de ministro de Casa Civil e, como consequência, derrubasse o governo Dilma por meio do incentivo da população para que fosse até o Palácio do Planalto e o Palácio da Alvorada, sedes oficiais da Presidência da República, exigir a renúncia da presidenta da república. Não é hora de titubear nem de contemporizar. É hora de confrontar as forças golpistas, tirá-las das suas zonas de conforto. Moro e Bonner, por exemplo, devem ter suas prisões imediatamente decretadas.

O novo Ministro da Justiça deve determinar à Polícia Federal a imediata prisão em flagrante de Sérgio Moro depois dos crimes praticados ontem em associação com a Rede Globo de Televisão. Caso haja uma insurgência da PF, outra instituição que abriga a presença de inúmeros golpistas, o Exército deve ser acionado. Eu defendo exatamente isso. Para mim, existe uma organização criminosa financiada inclusive pelo capitalismo internacional atuando com a direita brasileira para assumir o poder passando por cima da vontade popular. Sérgio Moro é um elemento chave nessa organização criminosa. O papel dele era usar ilegalmente o Poder Judiciário para atacar lideranças políticas do governo e do Partido dos Trabalhadores. Depois, ele vazava as informações sigilosas das investigações para os órgãos de comunicação, tudo para influenciar ilegalmente a opinião pública, gerando um ambiente propício ao golpe e gerando instabilidade política e social. Ou seja, um agente criminoso que pode até agir em nome de órgãos de inteligência estrangeiros. Sérgio Moro é um criminoso altamente perigoso e deve ser preso imediatamente.

Sérgio Moro tem que ser preso em flagrante delito enquanto membro de uma organização criminosa. Ele continua em flagrante delito depois do que fez ontem, caracterizada sua condição de membro de uma organização criminosa voltada para a prática de crimes que têm como principal finalidade a tomada do poder passando por cima da vontade popular externada na eleição presidencial de 2014. É exatamente isso que os defensores do Estado Democrático de Direito devem exigir. Ele é um criminoso de toga, golpista disfarçado de juiz federal! Sou favorável também à prisão de pessoas como William Bonner, outro golpista que se disfarça de jornalista. Essas são as palavras de ordem mais imediatas: Exigir prisão imediata para os integrantes dessa Organização Criminosa golpista. A prisão imediata do golpista Sérgio Moro é uma questão de segurança nacional.

O juiz federal Sérgio Moro tem que ser representado criminalmente na Polícia Federal (PF) e administrativamente no Conselho Nacional de Justiça(CNJ). Na PF, vai se abrir um inquérito policial, uma investigação etc. No CNJ, ele pode vir a responder a um Processo Administrativo Disciplinar (PAD).

A partir de qualquer uma dessas duas ações ele já pode ser afastado do processo. Na verdade, eu acho que é o que vai acontecer. Vai ser afastado porque ficou bastante evidenciado que Moro trabalha em parceria com a Rede Globo e canais midiáticos para desestabilizar o governo. Penso que Moro pode até ser exonerado, se ficar provado que ele agiu em conluio com a Rede Globo para fazer o que fez. Uma coisa é certa: se Dilma tomar as providências que devem ser tomadas, Moro não é mais o juiz da Lava Jato e vai ser processado criminalmente. Como ele tem apoio popular e aliados na imprensa, vai ser preciso enfrentar todos eles. Eu acho que tem que ser assim, não há como fugir disso. O governo só se mantém no poder se enfrentar a oposição golpista que apoia Moro nas ruas. Se, depois do que aconteceu ontem, o grau de afronta que foi feito, aliviarem com Moro e com a Rede Globo, não há mais como defender Lula, Dilma e o PT, porque eles mesmos estarão abdicando de fazer o que é certo na situação.

Moro tem que ser acusado em todos os lugares como AGENTE DESESTABILIZADOR DA ORDEM DEMOCRÁTICA BRASILEIRA!

Moro também tem que ser acusado de ser o principal responsável pelo VAZAMENTO da gravação da conversa telefônica havia entre Lula e Dilma para a Rede Globo, evidenciando a sua má-fé golpista.

Moro tem que ser responsabilizado pelos seus atos ilegais e arbitrários, que desrespeitam não só a Presidência da República, mas também o Supremo Tribunal Federal, além de serem hoje o principal fator de desestabilização do país.

Moro hoje deve ser denunciado como inimigo público nº 01 da democracia, da ordem constitucional e da paz social. Ele deve ser acusado de tudo isso e suas ações devem ser imediatamente cessadas. Sou favorável a que ele seja imediatamente afastado do comando dos processos judiciais da Lava Jato, pois exibiu, com esse episódio, notório interesse na causa e não possui a isenção de ânimo necessária para ser o juiz dos processos da Lava Jato, por ordem das instâncias superiores. Deve também ser feita uma representação contra ele no Conselho Nacional de Justiça por abuso de poder.

 

O juiz federal Sérgio Moro NÃO pode ficar impune. Ele tentou visivelmente incriminar Dilma e Lula a partir de uma conversa não conclusiva (a necessidade de assinar o termo de posse poderia ser, por exemplo, o quanto a presença de Lula na casa Civil seria importante para a luta anti-impeachment). Trata-se de um mal intencionado, tendencioso que deve ser punido pelos crimes que cometeu. Expôs indevidamente, sem deter a competência legal para tanto, que é naturalmente do STF, a Presidenta da República quando não era o juiz competente para investigá-la. Aliás, nem era mais competente para investigar Lula, pois ele já era praticamente Ministro da Casa Civil.

E a Rede Globo também deve ser punida. Agiu em associação criminosa com Moro. É preciso acusar expressamente Moro e partir para o confronto fora e dentro do processo. Ele mesmo vai terminar se averbando suspeito. A depender do grau de comprovação do envolvimento dele, penso que até mesmo todas as sentenças que ele prolatou na Lava Jato serão declaradas nulas e todos os presos serão colocados em liberdade. Simplesmente porque ele tinha interesse na causa desde o início e, portanto, tinha que ter se averbado suspeito desde o início, mas preferiu manter-se inerte neste sentido.

É fundamental para a defesa de todos os réus no âmbito da Lava Jato que todos os seus advogados reforcem o pedido de investigação contra Moro. Eu só digo o seguinte: se investigarem com o rigor que a Lava Jato aplica nos réus ou meros acusados, Moro não dura cinco minutos.

Por exemplo, se ele, da conversa entre Lula e Dilma sobre o termo de posse, concluiu que a nomeação de Lula na Casa Civil foi para escapar de um certo juiz federal megalomaníaco de Curitiba, o que dizer quando ontem ficou bastante evidente a cooperação criminosa entre ele e a Rede Globo? Por mim, é associação criminosa ou Organização Criminosa, porque a Força Tarefa da Lava Jato também ajudou a praticar os crimes contra os investigados, principalmente o abuso de terem as suas imagens sistematicamente expostas na grande imprensa, Rede Globo e jornal O Globo incluídos.

A situação real é que Moro mostrou quem ele é nessa parceria golpista explícita com a Rede Globo. O Planalto já sabe que foi ele quem vazou para a Rede Globo. Dilma, em nota oficial, referiu-se a ele como “o juiz autor do vazamento”.

Segue fundamentação jurídica, repassada por um amigo, que sustenta tudo isso, da culpabilidade de Sérgio Moro às nulidades que devem ser reconhecidas no âmbito da Lava Jato comandada por um juiz federal notoriamente suspeito de atuar no caso, dado o evidente interesse pessoal na causa, hoje totalmente comprovado em virtude da sua ação golpista praticada ontem, em parceria com a Rede Globo:

“GOLPE JUDICIÁRIO

Como me explicou o mestre Juarez Tavares, a intercepção da Presidente da República foi manifestamente ILEGAL. Deveria ter sido imediatamente suspensa quando Dilma Roussef entrou na conversa. A primeira instância não tem competência para interceptar a Presidente da República, seja de forma direta ou indireta.

Art. 102 da CR/88: “Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:
I – processar e julgar, originariamente:
b) nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o Vice-Presidente, os membros do Congresso Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador-Geral da República.”

E a própria lei de intercepções telefônica disciplina que:

Art. 10 da Lei 9296/96: “Constitui crime realizar interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou telemática, ou quebrar segredo da Justiça, sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei.

Pena: reclusão, de dois a quatro anos, e multa.”

Em seguida o inquisidor de Curitiba decreta o fim do sigilo do inquérito e manda o áudio para Globo News.

Show de Legaldiade ‪#‎sqn‬

Acrescento:

A primeira instância não pode utilizar subterfúgios para violar o sigilo de comunicação da Presidente da República que tem foro por prerrogativa da função no Supremo Tribunal Federal. Entendimento contrário autorizaria qualquer juiz do país a decretar a intercepção telefônica de pessoas sem foro por prerrogativa de função próximas à Presidente para, burlando a vedação constitucional, atingir a inviolabilidade de suas comunicações.

Ademais no caso concreto é sabido que a Presidente mantinha comunicações com o investigado – o que não desautoriza a quebra de seu sigilo telefônico, mas determina que qualquer conversa com a Chefe de Estado seja imediatamente excluída. Portanto, não há que se falar em “encontro fortuito” de provas na hipótese.

Ele violou a competência constitucional do STF. Não bastasse isso: violou a lei de intercepções e a Constituição ao quebrar o sigilo sem qualquer fundamento no mesmo dia em que a gravação foi feita.

Nesse sentido:

Processo: Inq 2842 DF
Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI
Julgamento: 02/05/2013
Órgão Julgador: Tribunal Pleno
Publicação: ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-041 DIVULG 26-02-2014 PUBLIC 27-02-2014
Parte(s): MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA
JOSÉ OTÁVIO GERMANO
ARISTIDES JUNQUEIRA ALVARENGA
Ementa

Ementa: PROCESSUAL PENAL. DEPUTADO FEDERAL. FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO. COMPETÊNCIA DO STF INCLUSIVE NA FASE DE INVESTIGAÇÃO. DENÚNCIA LASTREADA EM PROVAS COLHIDAS POR AUTORIDADE INCOMPETENTE. DENÚNCIA REJEITADA. I Os elementos probatórios destinados a embasar a denúncia foram confeccionados sob a égide de autoridades desprovidas de competência constitucional para tanto.

II – Ausência de indícios ou provas que, produzidas antes da posse do acusado como Deputado Federal, eventualmente pudessem apontar para a sua participação nos crimes descritos na inicial acusatória.

III – A competência do Supremo Tribunal Federal, quando da possibilidade de envolvimento de parlamentar em ilícito penal, alcança a fase de investigação, materializada pelo desenvolvimento do inquérito. Precedentes desta Corte.

VI – A usurpação da competência do STF traz como consequência a inviabilidade de tais elementos operarem sobre a esfera penal do denunciado. Precedentes desta Corte.

V – Conclusão que não alcança os acusados destituídos de foro por prerrogativa de função. VI Denúncia rejeitada.”

13 Comentários

Arquivado em Direito e Justiça, Jornalismo, Mídia, Política

Mídia brasileira está 10 anos defasada no debate político

Post de minha autoria originalmente publicado no portal do Jornal GGN, seção Luis Nassif Online, na data de 11/11/2014.

Mídia brasileira está 10 anos defasada no debate político, por Alessandro de Argolo

Comentário referente ao post Dilma, a regulação dos oligopólios de mídia e as meninas do Jô

A mídia brasileira está defasada no debate político uns 10 anos

A verdade é que a mídia brasileira, isso de uma forma geral, está defasada, desinformada mesmo, no debate político sobre o cenário internacional em pelo menos uns 10 anos. Isso vale tanto para a grande imprensa quanto para a blogosfera. Os jornalistas brasileiros são de uma pobreza nas análises políticas impressionante e o exemplo na cobertura sobre o bolivarianismo é emblemático nesse sentido. O que a grande imprensa brasileira hoje reverbera sobre o assunto é o que sujeitos como Olavo de Carvalho falavam há 10 anos quando se debruçavam sobre entidades como o Foro de São Paulo, o que é evidentemente uma piada e mostra a pobreza política das análises que campeiam na grande imprensa brasileira, a qual sempre foi limitadíssima ao analisar o cenário latino americano, sul-americano em particular. A mesma coisa pode ser dita sobre a situação na Ucrânia e sobre o cenário político russo, dos quais os órgãos de imprensa brasileiros sabem muito pouco. Por exemplo, a imprensa brasileira, inclusive a blogosfera, sabe muito pouco sobre figuras complexas como Putin, o que ajudou a produzir lamentáveis análises por parte de setores de esquerda que encamparam, ridicularmente, a ideia de que Putin seria um contraponto à esquerda ao neoconservadorismo dos EUA, o que evidentemente é falso e mostra o grau de desinformação que marca o jornalismo político brasileiro.

Por incrível que pareça, Olavo de Carvalho e até mesmo Júlio Severo estavam mais informados sobre Putin do que 99% dos que escreveram sobre ele na grande imprensa e na blogosfera durante a crise da Ucrânia, que ainda se arrasta. Os analistas mal sabiam o que significava eurasianismo e ainda hoje não sabem o que é a Tradição de que falam autores como Dugin, que recentemente esteve no Brasil e deu palestras na USP num encontro evoliano, organizado, de uma forma um tanto amadora, sem grande apoio político ou financeiro, por estudantes de filosofia em homenagem ao pensador italiano Julius Evola, ao lado de Alain Soral, ativista francês um tanto maldito em seu país, que é inclusive alvo de acusações de antissemitismo, o que levou alguns membros da comunidade judaica brasileira a falarem inclusive em denunciar o evento junto à Polícia Federal e ao MPF, pois seria um evento de índole racista e etc, uma bobagem completa que não deu em nada. A verdade é que o Encontro Evoliano é organizado com interesses puramente acadêmicos, sem maiores pretensões políticas. Eu conheço inclusive a pessoa que organiza, que é doutoranda em filosofia pela USP e é natural de João Pessoa, na Paraíba, Dídimo Matos. Quem hoje tenta escrever com um mínimo de propriedade sobre a Ucrânia, Putin e que tais é Pepe Escobar, que também corre atrás do prejuízo, um tanto tardiamente comparecendo à festa. Enfim, no Brasil, os jornalistas estão defasados no debate e patinam para entender o cenário político internacional que emergiu de dez anos para cá.

O bolivarianismo, por exemplo, é muito pouco compreendido no Brasil. Não existem grandes estudiosos sobre o assunto. Os jornalistas europeus, a exemplo dos ingleses Robert Fisk, do The Independent, e John Pilger, do The Guardian, escreveram ao longo dos últimos anos e no período de maior efervescência, artigos muito interessantes sobre a situação na Venezuela e na Bolívia do que um dia fizeram os órgãos de comunicação brasileiros, o que é realmente uma vergonha para o jornalismo político brasileiro e para os próprios grupos de esquerda brasileiros. Sem falar de monumentais jornalistas independentes, como o americano Alexander Cockburn, do CounterPunch, infelizmente falecido de câncer no ano passado, um dos melhores exemplos do que é fazer jornalismo verdadeiramente independente e de qualidade, engajado politicamente, sempre na vanguarda com o seu estilo clássico da imprensa trotskista que marcava e ainda marca a esquerda americana. Esses caras escreveram artigos realmente elucidativos sobre o cenário político venezuelano e sobre o bolivarianismo de uma forma geral nos últimos 10 anos que, no Brasil, os leitores simplesmente não tinham acesso a partir de textos de jornalistas brasileiros. Era preciso estar atento ao órgãos de imprensa internacionais para se informar melhor sobre o que estava acontecendo, seja no Resistir.Info, site português que publicava artigos traduzidos desses jornalistas, seja diretamente nos sites dos órgãos de imprensa internacionais.

Eu vi no vídeo o Jô Soares falar sobre um suposto contato do MST com grupos venezuelanos, notícia que foi recentemente divulgada, em tom alarmista, no Brasil, por jornalistas como Cláudio Tognolli, que é da turma que faz oposição raivosa e direitista ao Governo Federal do PT, um tanto paranoica na linha defasada que eu apontei anteriormente. O pior é constatar que esse espírito era o mesmo que existia nos escritos de Olavo de Carvalho de 10 anos atrás, lá por 2004, por aí. Ou seja, a grande imprensa está pautada por visões distorcidas e nada embasadas sobre o bolivarianismo, vendendo preconceitos e ideias falsas, sem sequer fazer um trabalho jornalístico sério mínimo que seja.

Deixe um comentário

Arquivado em Jornalismo, Mídia