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O indisfarçável ataque ao Nordeste do jornalismo “conversa de botequim”

O jornalista Luis Nassif, natural de Poços de Caldas e que fez carreira em São Paulo, escreveu um post na seção Luis Nassif Online do Jornal GGN, site de sua propriedade, atacando, de forma inequivocamente preconceituosa e discriminatória, passível, a depender da interpretação, de ser considerada racista, ainda que de forma velada, o diretor presidente da Riachuelo, Flávio Rocha, num artigo intitulado “Flávio Rocha, o pobre homem rico da Riachuelo”.

Sob a desculpa de criticar o empresário pelo fato dele, ao “ousar” analisar a “matriz econômica” do Governo Dilma, ter declarado que preferia um impeachment rápido a ter que enfrentar três anos de um governo inerte, como o de Dilma Rousseff, algo nessa linha, Luis Nassif usou, de forma possivelmente ilícita, o fato do dono da Riachuelo ser do Nordeste para destilar um preconceito rasteiro e não menos lamentável em sua falta de escrúpulos. Para ele, o “nordestino” (sic) dono da Riachuelo não tem o direito de falar isso porque é do Nordeste, a região que supostamente mais teria se beneficiado com os programas sociais implementados pelos Governos do PT, fato que teria favorecido a Riachuelo, uma empresa que vende, segundo ele reforçou, para pessoas de baixa renda e que está longe de ter como público consumidor a elite do país. Em contraponto às críticas ao perfil empresarial do “nordestino” Flávio Rocha, Nassif cita como exemplos Jorge Gerdau e Jorge Paulo Lehman e seus sócios, cujo grupo empresarial foi recentemente objeto de uma matéria da BBC Brasil que ligava uma de suas fundações ao movimento golpista “Vem pra Rua”, como se pode ler num post que eu escrevi em meu antigo blog, intitulado “O novo ramo do mercado: a indústria do golpe”.

Não bastasse ter praticamente dito, ainda que por outras palavras, que todos os habitantes do Nordeste, não importa aqui se é rico ou pobre, não têm o direito de criticar o Governo Dilma por causa dos programas sociais, o que só reforça as críticas da direita reacionária brasileira de que os programas sociais são usados como verdadeiras chantagens moral e política (“quem você pensa que é para não apoiar o Governo do PT? Um pobretão do Nordeste que vive de programas sociais, ora”) e compras de votos, afinal, ninguém do Nordeste tem nem mais o direito de criticar o governo por causa disso, Nassif acusa o dono da Riachuelo de ter “vergonha” de ser do Nordeste, num texto ignominioso onde fica claro o desvio de conduta do jornalista que Diogo Mainardi, certa feita, chamou de “banana” numa coluna da revista VEJA e chegou a ser processado por isso. Certamente o ataque ao Nordeste registrado no texto, ainda que sob a desculpa de atacar o perfil do dono da Riachuelo, não é coisa de “banana”, mas, do ponto de vista ético, é extremamente lamentável.

Afinal, por que alguém acharia que um empresário do Nordeste tem “vergonha” de ser oriundo do Nordeste? Evidentemente está, ainda que indiretamente, atribuindo qualidades negativas ao fato de se ter nascido no Nordeste, ao ponto de supor que o empresário Flávio Rocha teria “vergonha” de ser chamado de “nordestino” pelos “colegas” do Sudeste. Em outras palavras, a percepção social que ele tem do que as pessoas acham sobre o que significa ser do Nordeste é tão ruim que ele é capaz de supor que alguém, mesmo um empresário bem sucedido como Flávio Rocha, teria “vergonha” disso. Inacreditável e não menos constrangedor que um jornalista, que se arroga na posição de formador de opinião, escreva algo desse nível como se fosse a coisa mais natural do mundo.

Pelo texto, parece algo que teve que ser cavado para atacar pessoalmente o empresário Flávio Rocha. Como não podia atacar o empresário enquanto tal, afinal, como o próprio Nassif fez questão de registrar, trata-se de um “homem muito rico”, bem sucedido, lançou-se mão do puro e simples ataque pessoal valendo-se da região onde ele nasceu, o Nordeste, mais precisamente no estado do Rio Grande do Norte. É para acender o sinal de alerta de todos os empresários bem sucedidos do Nordeste, considerando que, se o jornalista Luis Nassif não gostar do que eles declararem em alguma entrevista, ele estará disposto a lembrá-los de que eles são do Nordeste e do quanto eles sentem “vergonha” disso.

A linha do ataque baixo proferido contra o dono da Riachuelo é a de desmerecê-lo por ele não ter a suposta sofisticação nem a origem necessária para bancar uma de membro da elite brasileira. Afinal, para isso, defende o deslumbrado Luis Nassif, oriundo da conservadora sociedade mineira, mais especificamente da interiorana Poços de Caldas, é preciso, no mínimo, não ser do Nordeste e vender para pessoas ricas e “sofisticadas”, o que não é o caso da Riachuelo. Se o dono da Riachuelo ao menos fosse do sudeste e realmente fosse uma pessoa que empreendesse para pessoas ricas e “sofisticadas”, Nassif não falaria nada, conforme se depreende de suas palavras e do perfil injustificadamente esnobe que ele ostenta no texto, sendo ele o mero dono de um site “jornalístico” amador que vive de receber verbas públicas federais, salvo a existência de algum outro empreendimento igualmente desimportante (“Agência Dinheiro”?). Ou seja, Nassif atacou a condição de nascido no Nordeste do empresário, o que é, evidentemente, preconceituoso e discriminatório, não fazendo qualquer sentido imaginarmos esse tipo de referência a um empresário que tivesse nascido no Sudeste, como o texto deixou muito claro. O simples fato de ser do Nordeste desautoriza o empresário em sua crítica, na opinião de Nassif.

Não é a primeira vez que Nassif, o jornalista sem público, como outrora, age dessa forma contra o Nordeste e contra quem o oriundo da provinciana Poços de Caldas acha que não merece respeito. Certa feita, ele, que não tem qualquer importância no pensamento econômico brasileiro, de qualquer ponto de vista que se analise, sendo um mero jornalista que escreve muito mal sobre economia, num texto intitulado “O dia em que Alexandre Quem? julgou ter demolido Celso Furtado“, escreveu expressamente que o principal economista que integrava o grupo de Eduardo Campos, Alexandre Rands, que era inclusive irmão do deputado Maurício Rands, não tinha estofo para criticar Celso Furtado, o economista e intelectual brasileiro renomado que era inclusive natural de Pombal, no sertão da Paraíba, e chegou a estudar em Recife antes de se mudar para o Rio de Janeiro com a família, como havia feito por meio de uma crítica que, em verdade, se dirigia muito mais aos centros acadêmicos paulistas que viviam eternamente estudando os mesmos autores, a exemplo da Unicamp, justificando a sua censura ao economista pernambucano porque ele simplesmente era de Pernambuco e nunca tinha saído de Pernambuco, ninguém o conhecia fora do Estado, algo nessa linha. Um argumento nitidamente falacioso, que usa de recursos como ataque ad hominem, falácia ad populum e falácia do apelo à autoridade para desmerecer a crítica, que deve ser analisada apenas e exclusivamente pelo teor das ideias que veicula, descartados outros fatores. Enfim, puro preconceito e discriminação, tão ao gosto dele, como já ficou claro em inúmeros textos de sua autoria.

Eu inclusive cheguei a comentar esse post indicando o equívoco da crítica, tendo argumentado na ocasião o seguinte:

“O pernambucano Alexandre Rands tem o direito de criticar as ideias de quem ele achar que deve, independentemente de quem sejam as ideias.

Esse direito não passa por ele ser de Pernambuco nem o fato de ser de Pernambuco invalida a crítica. Não me consta que para criticar as ideias de alguém neste mundo o crítico tem que ser, necessariamente, de algum lugar previamente escolhido.

Sobre nunca ter saído de Pernambuco, se for verdade, não significa nada, não é um demérito. Não sei onde está escrito que alguém de Pernambuco tem que buscar reconhecimento em algum outro lugar.

Com ou sem cerimônia, o que importa é se as críticas de Rands são ou não válidas, são ou não procedentes. Só isso importa discutir.

(…)”

Fonte: http://jornalggn.com.br/noticia/o-dia-em-que-alexandre-quem-julgou-ter-demolido-celso-furtado

Nassif tem se notabilizado por opiniões que deixam transparecer um inconformismo com a sua posição de jornalista que perdeu importância, se é que um dia a teve. Uma das últimas dele foi defender, num artigo intitulado “A hipocrisia da punição aos ginastas que brincaram com o colega”, no pior estilo “conversa de botequim”, o racismo dos três ginastas brasileiros que atacaram um companheiro ginasta negro e filmaram, colocando o vídeo na Internet. Os três ginastas brasileiros chegaram, depois da repercussão que o caso obteve nas redes sociais, a filmar um vídeo pedindo desculpas ao ginasta negro. Nassif defendeu veementemente os três ginastas que fizeram piadas racistas contra o colega de treinamento, buscando diminuir a importância do caso. Para ele, o vídeo que circulou nas redes sociais sobre o caso foi editado e não mostrou uma parte em que os três ginastas brancos abraçam e dizem que amam o ginasta negro, que estava chorando neste momento. Segundo o jornalista de Poços de Caldas, advogando sem procuração em favor do racismo dos três ginastas, o que houve no caso foi um “injusto linchamento moral”, pois tudo não passou de uma mera “brincadeira”.

Quer dizer, ele defendeu que o racismo expresso dos três ginastas brasileiros não devia ser censurado porque foi apenas uma “brincadeira” e a reação que se seguiu foi “exagerada”, coisa do mundo politicamente correto em que vivemos, muitas vezes “insensível” e “sensacionalista”. Um dos argumentos dele, apresentado em outro texto sobre o caso, intitulado “Considerações sobre a face benevolente do racismo“, no pior estilo “conversa de botequim” anteriormente citado, de fazer vergonha alheia, era o de que agora ele não poderia chamar um certo Almeida de um botequim que ele frequenta de “negão” e essa pessoa não poderia retrucar dizendo que, “quando tomasse o poder, mandaria-o de volta para o Líbano em um navio branqueiro”. Impressionante a falta de proporção dos exemplos e a falta de percepção acerca do dolo existente no vídeo dos três ginastas, que fizeram piadas com a intenção de diminuir, de magoar o ginasta negro. Nassif desconsidera os sentimentos da vítima e desconsidera que os próprios três ginastas pediram desculpas ao ginasta negro, em outro vídeo, especialmente filmado para fazer isso depois da repercussão negativa que a conduta deles recebeu nas redes sociais.

Lembro de um outro episódio, dessa vez envolvendo um leitor/internauta de sobrenome Assis Ribeiro, natural ou residente em Salvador, que até deixou de comentar os posts na seção do Jornal GGN chamada Luis Nassif Online depois do que aconteceu. Nassif, escrevendo como um autêntico jornalista frustrado, não gostou de uma critica que Assis Ribeiro fez e disse, em resposta, que ele conhecia políticos e autoridades de falar e estar com eles pessoalmente e não de vê-los em cima de um trio elétrico no carnaval de Salvador, afirmação feita com a nítida intenção de diminuir o leitor que teve a “audácia” de criticá-lo sendo de Salvador. Assim como quem criticou a academia paulista que insiste tediosamente em estudar autores como Celso Furtado não pode ser um economista de Pernambuco, Nassif, o jornalista sem público, só aceita criticas de pessoas com as quais ele se mede. Ao defender esse tipo de pensamento, transparece o perfil recalcado, veiculador de preconceitos e discriminações, de um jornalista menor que termina tendo a importância e o alcance das mesas de bar onde meia dúzia de pessoas o vêem tocar musicas de compositores consagrados da música brasileira. Só resta usar como desculpa a alegação de escrever textos discriminatórios e preconceituosos, estupidamente falaciosos, nos intervalos entre um aperitivo e outro nos “botecos” da vida. Pelo menos o jornalismo “conversa de botequim” deixará de ser levado a sério e pode usar isso em sua defesa nos eventuais processos judiciais que tiver que responder, similarmente ao que fez a defesa de Danilo Gentili na ação que o Instituto Lula moveu contra ele.

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A exploração e o uso indevido do trabalho intelectual de terceiros na blogosfera

Exploração   images

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O que se convencionou chamar de “blogosfera” na Internet brasileira, que nada mais é, para além dos usuais blogs escritos por pessoas anônimas e não conhecidas do grande público, do que um conjunto de sites administrados por diversos jornalistas que saíram da grande imprensa, em algumas situações, pratica a exploração do trabalho intelectual alheio e usa indevidamente esse mesmo trabalho intelectual alheio em seus sites, ganhando recursos financeiros com isso sem a regular autorização legal e sem ofertar qualquer contraprestação aos terceiros explorados, que se colocam, muitas vezes, em situação de risco de serem processados ao terem os seus textos divulgados unilateralmente, situação que inegavelmente aumenta a margem de lucros, praticamente caracterizando uma espécie de dumping social, dada a informalidade com que esse tipo de prática é exercida.

Como alguns já devem saber, eu criei um novo blog, dessa vez no site Word Press. Anteriormente, eu tinha um blog no site do Jornal GGN (ver link: http://jornalggn.com.br/blogs/alessandre-de-argolo), mas fui descadastrado abruptamente e sem qualquer explicação, provavelmente porque a direção do site não gostou de algumas críticas que eu fiz ao site e à forma com que ele administra o fórum de discussões, os comentários aos posts e às notícias que publica, permitindo que perfis fakes se valham do anonimato para praticar stalking e outras ações covardes, imorais e até mesmo criminosas profundamente lamentáveis.

Curioso que eu fui descadastrado imediatamente depois de uma resposta que eu escrevi dirigido a um perfil fake, de nome “Almeida”, que vivia tentando cercear a minha participação na seção Luis Nassif Online, a principal e mais lida do site.

A tolerância da seção Luis Nassif Online (ver link aqui: http://jornalggn.com.br/luisnassif) para com os perfis falsos, que se valem covardemente do anonimato para atacar os perfis regularmente cadastrados de quem eles discordam, sempre me chamou a atenção.

No mínimo, o site incentiva, concorda com esse tipo de atitude, que viola a liberdade de expressão, na medida em que permite que anônimos possam agir livremente de forma ilícita contra quem opina naquele espaço, e à vedação ao anonimato.

No máximo, é mais do que possível cogitar que pessoas que trabalham no site atuam diretamente como fakes, atacando os perfis regularmente cadastrados dos quais eles discordam, manjada técnica de que se valem alguns blogs, cujos donos ou principais nomes se fantasiam de fakes para não expor o seu próprio nome nos ataques que proferem, quando não usam esse expediente para fingir popularidade, comentando com nomes diferentes e, assim, conseguir “turbinar” algum post. Muita gente faz isso e eu não me surpreenderia nem um pouco se tomasse conhecimento que a seção Luis Nassif Online faz uso desse tipo de prática fraudulenta.

Voltando a falar do que realmente importa neste post e deixando o site do Jornal GGN um pouco para lá (a essa altura dos fatos, a maior preocupação do Jornal GGN é saber como vai manter as verbas de publicidade de estatais federais, como a Petrobras, a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil, sem falar os anúncios feitos pelo próprio Governo Federal, caso haja mudança na pessoa que hoje ocupa a cadeira da presidência da república, algo não tão inimaginável assim de acontecer pelo caminhar atual das coisas), irei aqui comentar um fato que passa despercebido por muitos dos internautas que escrevem nos sites da assim chamada “blogosfera”.

O perfil desses sites se notabiliza por uma espécie de “marcação de posição política” contra a grande imprensa, máxime no que diz respeito a uma “voluntária” defesa, supostamente independente, ética e desinteressada em termos financeiros, do Governo Federal. Nessa linha, a chamada “blogosfera” brasileira vive, majoritariamente, de rebater, criticar, apontar os erros, as “armações”, as tentativas de “golpe”, as “conspirações”, os atos supostamente contrários ao povo do que sai na grande imprensa, apelidada, em muitos casos, de “PIG”, iniciais de “Partido da Imprensa Golpista”, termo que, ao que parece, é uma criação do jornalista Paulo Henrique Amorim, que já trabalhou na Rede Globo e hoje trabalha na Record e que possui um site chamado “Conversa Afiada“, onde ele, com a sua peculiar irreverência, critica muito dos críticos do Governo Federal, principalmente os políticos e jornalistas que ele considera integrantes do tal “PIG”. O público que consome esse tipo de site é majoritariamente formado por pessoas com perfil autodeclarado “de esquerda” e que geralmente defende o Governo Federal comandado pelo PT contra as investidas da grande imprensa.

Esse perfil do “Conversa Afiada” é encontrado em vários outros sites da “blogosfera” brasileira, tais como o “Viomundo“, do jornalista Luiz Carlos Azenha, que também já trabalhou em grandes órgão da imprensa brasileira, tais como a extinta Rede manchete, o SBT, a Rede Globo e desde 2008 trabalha para a Rede Record, no Luis Nassif Online (mais conhecido como “Blog do Nassif”), uma das seções do site do Jornal GGN, pertencente ao jornalista Luis Nassif, que já trabalhou na Folha de São Paulo, o Tijolaço, cujo principal nome é o do jornalista Fernando Britto, O cafezinho, do Miguel do Rosário, e tantos outros.

Não há, a priori, qualquer problema em se criar um blog ou site jornalístico na Internet e veicular suas opiniões, matérias jornalísticas etc. Isso é legítimo e deve ser defendido, sempre. Da mesma forma, não há qualquer problema em fazer um contraponto à grande imprensa. Ao contrário, isso é bastante salutar e deve até ser incentivado, a bem da liberdade de expressão e da livre circulação de ideias, quebrando a hegemonia de um certo tipo de opinião.

O problema, em determinados casos, é um procedimento que eu considero, no mínimo, questionável por parte de alguns sites da blogosfera brasileira no que diz respeito à apropriação do trabalho intelectual de terceiros. Usarei como exemplo o que aconteceu comigo em relação ao site do Jornal GGN, site que eu frequentava com mais assiduidade e possuía uma conta cadastrada lá, como informei acima. O quanto essa prática é reiterada por outros sites da blogosfera brasileira, eu agora não saberia dizer.

Este meu novo blog surge como uma iniciativa em resposta ao cerceamento à minha liberdade de expressão promovida pelo site do Jornal GGN e aqui eu preservarei parte do que escrevi lá, até para que nada se perca. Isso é o mais certo a fazer após ter sido abruptamente descadastrado, isso quando a seção Luis Nassif Online usou várias vezes os posts para se promover e ganhar repercussão com o que eu escrevi, sem que eu recebesse nada por isso, dentro da linha que se chama “jornalismo colaborativo”, que mais serve para explorar, ganhar dinheiro nas custas dos outros (no caso, majoritariamente de estatais federais e do próprio Governo Federal, vide os anúncios publicitários existentes no site do Jornal GGN),  do que para qualquer outra coisa.

Interessante perceber que essa forma do site se organizar suscita alguns questionamentos quanto à verdadeira proposta do site do Jornal GGN, o qual, na superficialidade de sua aparência, parece ser uma empresa que possui uma proposta séria enquanto órgão jornalístico, mas que pode, em verdade, esconder uma iniciativa amadora, pouco profissional em termos organizacionais e que, até mesmo por isso, precisa explorar mão de obra alheia para que continue a fazer o papel que possivelmente lhe cabe enquanto destinatário de verbas federais.

As questões éticas que isso suscita são inúmeras, com possíveis desdobramentos legais graves. O site do Jornal GGN se vale, de forma obscura, sem qualquer prévio esclarecimento nesse sentido, diferentemente do que, por exemplo, faz o site do Tijolaço (ver clicando aqui, que traz as regras de uso adotadas pela equipe do site do Tijolaço), de textos produzidos por terceiros, sem remunerá-los e sem que isso esteja suficientemente explicado em qualquer texto ou documento disponibilizado no site por ocasião do cadastramento da conta.

Uma coisa é o internauta cadastrar a sua conta e passar a comentar as notícias e os posts publicados no site, passar a publicar os seus textos no espaço do site que equivale ao seu blog pessoal. Outra coisa é um determinado texto de autoria do internauta cadastrado no site do Jornal GGN ser usado pela direção do site, unilateralmente, sem autorização expressa e previamente informada ao autor, na seção Luis Nassif Online.

Quando isso aconteceu comigo, eu tomei até um susto no início, até mesmo pela repercussão que os posts obtinham ao serem disponibilizados na seção mais acessada do site. Nunca questionei formalmente porque imaginava que existia alguma norma nos termos de uso do site que autorizava isso. Somente depois, quando fui descadastrado, foi que eu tomei conhecimento de que não há absolutamente nada, nenhuma regra ou contrato que autorize a conduta do site do Jornal GGN de se apropriar dos textos dos usuários cadastrados e publicar na seção Luis Nassif Online. Nada existe neste sentido, nem tampouco é disponibilizado ao internauta alguma informação que esclareça essa possibilidade na hora que ele cadastra o seu perfil no site e passa a comentar os posts e escrever os seus próprios posts no espaço equivalente ao seu blog pessoal.

Em outras palavras, não há nada que indique ao internauta que opta por cadastrar uma conta no site do Jornal GGN que os seus posts ou comentários poderão ser usados pelo site na seção Luis Nassif Online e, dessa forma, servir de atração para que o site obtenha público. É uma prática unilateral, onde muitas vezes os textos são editados e até mesmo o enfoque contido na chamada do texto (“machete”) nem sempre coincide com o teor do que foi publicado, mudança contra a qual o autor do texto não possui qualquer poder para intervir ou sequer foi consultado previamente a respeito.

E, assim, o site do Jornal GGN vai publicando textos de terceiros, obtendo muitas vezes repercussão com eles, sem ofertar qualquer contraprestação financeira. Ou seja, os internautas ajudam o Jornal GGN a conquistar público e, assim, amparar os investimentos dos anunciantes que são feitos no espaço (repita-se, na maioria das vezes de estatais federais e do próprio Governo Federal), assumindo a responsabilidade pelo teor crítico dos textos, os quais podem, dependendo da situação e da repercussão, gerar problema no Poder Judiciário, caso alguém se sinta ofendido pelo que foi publicado e decida processar não só o site, mas também e principalmente quem assinou o texto publicado.

Ressalte-se que a divulgação dos textos na blogosfera atinge um público considerável, como se pode constatar no seguinte link de O cafezinho, que traz post de Miguel do Rosário datado de 26/06/2014, onde se fala que os sites de “O cafezinho” e do “Tijolaço” estavam conseguindo obter quase meio milhão de visitas num só dia: http://www.ocafezinho.com/2014/06/26/cafezinho-e-tijolaco-quase-meio-milhao-de-visitas-num-so-dia/

É presumível que os outros sites também possuam uma quantidade de acessos nada desprezível ou que pelo menos chegue a esse patamar, sendo certo que o site do Jornal GGN divulga em sua página que obtém algo em torno de 4 milhões de acessos (“views”) por mês, como se pode ler aqui: http://jornalggn.com.br/institucional

É uma situação na qual a pessoa que cadastrou a conta no site do Jornal GGN assume exclusivamente o risco do que escreveu, com todo o ganho da iniciativa ficando com o Jornal GGN. Para o Jornal GGN, só existe o bônus, enquanto que para o internauta, o terceiro explorado, só existe o ônus.Uma inequívoca situação de ônus sem bônus para o terceiro explorado. Definitivamente, não é um bom negócio. Está longe disso. Claramente evidencia postura que se enriquece ilicitamente do trabalho dos outros, de uma forma imoral. Configura claramente hipótese de um autêntico caso de enriquecimento ilícito ou sem justa causa.

Não sei o quanto isso se repete nos outros sites da blogosfera brasileira. Seria algo a se analisar com mais cuidado. O certo mesmo é que essa postura é totalmente errada e indica que a blogosfera talvez não possua uma proposta séria e profissional para se estabelecer no mercado de jornalismo, como os outros órgãos que normalmente existem. A exploração do trabalho intelectual de terceiros aponta para uma forma de atuação no mercado ilegítima e conotativa de desapego ao empenho profissional normalmente exigido, respeitando todos os direitos de terceiros que incidem na situação.

É uma clara situação que apresenta aspectos informais de exercício da atividade econômica que pode esconder, repita-se, uma forma de atuação no mercado travestida de uma proposta séria, mas que existe apenas como espaço de defesa de certas opiniões políticas coadunadas com o Governo Federal, visando a obtenção de recursos advindos de publicidade de órgãos ou estatais federais, tudo isso alavancando consideravelmente o ganho de lucros por parte de quem age dessa forma.

A pergunta que deve ser feita é se o Governo Federal fiscaliza a forma de atuação desses sites nos casos em que efetivamente investe neles verbas publicitárias. Existe efetivamente a necessidade de fiscalização desses sites quanto a este aspecto, afinal, o Governo Federal não pode investir as verbas federais de publicidade num site que explora ilegalmente a mão de obra, o trabalho intelectual de terceiros, alavancando os lucros, apenas porque a linha editorial lhe é favorável.

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