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O erro da censura prévia a Bolsonaro na Hebraica de São Paulo

O deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) havia sido convidado pelo clube Hebraica de São Paulo para dar uma palestra. Um grupo de judeus brasileiros se mobilizou e redigiu um manifesto, colocando para que outros judeus o assinassem, se posicionando contra a presença de Bolsonaro na Hebraica e defendendo que ele fosse censurado previamente, ou seja, que fosse negado a ele o direito de falar naquele espaço.

Os motivos para a defesa da efetiva censura praticada contra Bolsonaro, de acordo com o que acusou o manifesto, são as supostas ideias que ele defende, tais como homofobia, machismo, racismo, defesa do regime militar brasileiro e da tortura etc. Os judeus que assinaram e redigiram o manifesto lembraram que judeus morreram no regime militar brasileiro (1964-1985), como Vladimir Herzorg, Iara Iavelberg, Ana Rosa Kucinski, Gerson Reicher e Chael Charles Schreier.

O assunto foi objeto de matéria da coluna do jornalista Ancelmo Gois no O Globo no dia de ontem. Bolsonaro respondeu à coluna com um vídeo em sua página no Facebook em que acusa uma perseguição da grande imprensa à sua pessoa pelo fato dele encontrar-se em segundo lugar nas pesquisas eleitorais para a corrida presidencial (chegou inclusive a acusar Gois de ser um “comunista mentiroso”, citando uma entrevista que ele deu em julho de 2009, onde falava que precisou da ajuda da KGB para se disfarçar na época do regime militar brasileiro).

Eu desaprovo a medida defendida no manifesto redigido contra a presença de Bolsonaro na Hebraica de São Paulo. O debate deve ser livre e sem censuras. Sou contra qualquer tipo de cerceamento, ainda mais quando Bolsonaro nega a ligação com ideias nazistas ou neonazistas. Ele tem o direito de expressar suas ideias. Considero errado o “desconvite”. Impedi-lo de falar na Hebraica é o mesmo que condená-lo sem que ele possa rebater as acusações. Sou terminantemente contra esse tipo de postura. Sou favorável ao debate livre e sem censuras prévias. Quem se sentir ofendido por alguma palavra de Bolsonaro sempre pode recorrer ao judiciário. Liberdade de expressão não significa irresponsabilidade pelo que se declara. Censura é atraso.

Bolsonaro vem negando todas as acusações de homofobia, racismo, misoginia etc. É no debate livre que se mostrará o quanto essa postura dele é uma farsa eleitoreira. Cerceando o contraditório, abre-se espaço para que mentiras ganhem ares de verdade. Quem tem razão no debate não precisa lançar mão de qualquer tipo de censura.

A ideia que se passa é a de que somente pessoas que se alinham à comunidade representada pelo Hebraica ou pelo manifesto redigido contra a presença de Bolsonaro é que podem falar na entidade. Isso é antidemocrático e cerceia a liberdade de expressão. A postura da Hebraica é antidemocrática e censura a liberdade de expressão. Bolsonaro tem o direito não só de expressar suas ideias como o de rebater as acusações feitas contra ele. Acusá-lo e negar a resposta no ambiente adequado, perante seus acusadores, é antidemocrático.

O manifesto defende claramente a censura e o cerceamento à livre circulação da informação, além de se colocar contra o contraditório e o direito de se defender de acusações. Isso era o que os militares brasileiros faziam durante a ditadura militar, a propósito. A Hebraica acabou de criar uma nova noção de.democracia: Aquela em que apenas se fala pessoas com quem a gente concorda antes. De quem a gente discorda, nem direito de se defender a gente concede. A gente simplesmente censura. “Democrático”, hein?

Neste ponto, concordo com Noam Chomsky. O debate deve ser livre e sem censuras. É necessário ouvir o que Bolsonaro tem a dizer. Até para criticá-lo com mais fundamentos. Quando você censura alguém, dar a ele um poder que ele não tinha. Quem assinou esse manifesto errou e errou feio. Defendeu censura como meio válido de impor ideias.

Além das previsíveis justificativas de que pessoas como Bolsonaro devem mesmo ser censuradas pelo que supostamente defendem, alguns defenderam o que foi feito alegando que, primeiro, a Hebraica não é um espaço público, é um clube, um espaço privado, portanto, e que não há obrigação de se permitir que alguém fale lá e, segundo, não haveria censura porque Bolsonaro pode falar em outros lugares.

Nenhum desses argumentos serve para afastar a efetiva censura prévia observada neste caso. Todo espaço onde pessoas públicas são convidadas a falar se torna um espaço público de debate, onde a liberdade de expressão deve ser respeitada. Ademais, a ideia de eficácia dos direitos humanos fundamentais em espaços privados é de longa data defendida. Não basta mais contrapor a ação do Estado às liberdades fundamentais. É preciso exigir que os direitos humanos sejam também observados nas relações privadas. O professor Daniel Sarmento, da UERJ, tem brilhante tese de doutorado sobre o assunto. Chama-se “Direitos Fundamentais e Relações Privadas”, tese de Doutorado em Direito Público, defendida na UERJ em junho de 2003 e que foi lançada em livro pela Editora Lumen Juris.

Se isso não for assim, poderia até se defender que, por exemplo, numa assembleia de um condomínio, as pessoas poderiam ter suas palavras cassadas porque não é um espaço público. O veto dado pela maioria, neste caso, não encontra abrigo na Constituição Federal. É claramente um cerceamento da liberdade de expressão. A liberdade de expressão não pode ser cerceada, sob hipótese alguma, muito menos sob a alegação de que é a maioria quem defende o cerceamento numa dada circunstância. O “voto da maioria”, neste caso, não torna válido o cerceamento à liberdade de expressão. A liberdade de expressão não é um direito sindicável, isto é, que pode ser cassado pelo “voto da maioria”, é o que eu quero dizer.

Ainda que se argumente que o direito de Bolsonaro se expressar, neste caso, dependeria de um convite prévio, que a Hebraica não tem obrigação de deixá-lo falar, apesar disso ser verdadeiro, o fato é que houve esse convite antes e, depois, em razão dos protestos de um grupo de judeus brasileiros, houve o desconvite.

Ainda que não houvesse o convite prévio, não se poderia dizer que não houve censura, pois é claro que há censura prévia quando se proíbe alguém previamente de falar num determinado espaço em razão das supostas ideias que defende, ideias que Bolsonaro inclusive nega que defende. Em suma, afirmar que o espaço é privado e a Hebraica convida quem ela quiser, não significa que deixou de haver censura, ao contrário, isso apenas reforça a censura, pois deixa claro que Bolsonaro não atende ao perfil dos que podem falar na Hebraica.

O segundo argumento, o que de que não houve censura porque Bolsonaro pode falar em outros lugares, ele tem outros espaços para falar, é completamente inválido e não afasta a efetiva censura prévia praticada contra Bolsonaro na Hebraica.

É claro que há censura prévia em desconvidar. O fato dele poder falar em outros lugares e espaços não significa que não houve censura prévia na Hebraica, pois é óbvio que houve. Se a possibilidade de se falar em outro lugar retirasse a censura, ninguém mais seria censurado. Imagine uma notícia ser censurada num jornal e alguém dizer: “não há censura porque você sempre pode publicar em outro lugar”. Não vinga, evidentemente. Houve efetiva censura a Bolsonaro por parte da Hebraica e de quem assinou o manifesto.

E eu não vou nem me aprofundar muito no mérito da hipocrisia do manifesto: O judaísmo e o sionismo praticam e defendem muitas das ideias que o manifesto acusou que o deputado federal Jair Bolsonaro defende, muitas das ideias que ele inclusive nega que defende, como homofobia, racismo, machismo etc.

O sionismo, por exemplo, é todo ele baseado numa ideia fundamentalmente racista, a ideia de um Estado baseado numa etnia ou raça. A propósito do racismo na sociedade israelense, ele não se volta apenas contra os palestinos. Existem várias denúncias dando conta do racismo praticado contra uma minoria étnica de judeus etíopes, os falashas. Eles viveriam em “isolamento étnico” dentro de Israel, de acordo com o antropólogo franco-sinegalês Tidiane Ndiaye, que escreveu o livro “Os Falachas, Negros Errantes do Povo Judeu” (sic).

Sobre a defesa da tortura no regime militar, seria muito interessante Bolsonaro confrontar os sionistas citando a tortura efetivamente praticada pelos órgãos de segurança israelenses, como o Shin Bet. Ou seja, seria muito interessante Bolsonaro usar como exemplo da “validade” da tortura o uso que Israel efetivamente faz dela. Sobre isso os sionistas se calam, convenientemente. É por essas e por outras que o debate deve ser livre. Muita coisa poderia ser dita por Bolsonaro nesse debate.

Só para citar outro aspecto da discussão, Israel criou um regime que é acusado de ser parecido com o Apartheid em relação ao tratamento que é dispensado aos palestinos residentes nos territórios ocupados. Muita gente acusa Israel de praticar racismo institucionalizado contra os palestinos.

Sobre a homofobia defendida pela religião judaica ou pelo menos por interpretações do judaísmo, em julho de 2015, um judeu ortodoxo esfaqueou seis pessoas numa parada gay em Jerusalém. Ele inclusive matou uma menina de 16 anos, depois de esfaqueá-la pelas costas, durante essa parada gay realizada em Jerusalém. Detalhe: Ele já tinha esfaqueado outras pessoas antes e tinha inclusive cumprido pena por isso. Saiu e foi esfaquear de novo. Dessa vez com vitimas fatais. Em outras palavras, o judaísmo parece defender ideias homofóbicas.

Que o judaísmo é machista, isso está fora de discussão. São inúmeras as regras que estabelecem uma submissão feminina ao homem. Há alguns anos, ficou conhecido o caso de uma judia de Nova Iorque, chamada Gital Dodelson, casada com um membro de uma conhecida família de rabinos, Avrohom Meir Weiss, que precisou fazer campanha na imprensa local para obter um “passe-livre” do marido para se casar novamente, pois a religião judaica não permite que a mulher se case novamente sem essa autorização do homem. Chama-se “get” em inglês (o ato de obter a autorização) e “agunah” em hebraico, palavra que significa, metaforicamente, a mulher que está “acorrentada” ao homem, por assim dizer, e não pode se casar novamente sem que ele autorize, isso pelas regras da religião judaica. Escrevi sobre o caso em minha timeline do Facebook na época.

Ou seja, se for verdade o que acusaram em Bolsonaro, capaz até de não existir lugar melhor para ele falar do que uma entidade que defende ideias e valores defendidos pelo judaísmo e pelo sionismo ou que pelo menos tem entre seus associados pessoas que defendem tais ideias e valores. Está tudo lá: Machismo, racismo, homofobia, defesa da efetiva prática de tortura etc. O judaísmo (machismo e homofobia, especificamente, existindo acusações de que também defende racismo quando proíbe os casamentos entre judeus e não-judeus) e o sionismo (racismo e tortura, especificamente) defendem tudo isso, cada qual ao seu modo.

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Jean Wyllys pratica censura à liberdade de expressão e bloqueia quem discorda dele

Fui bloqueado na página do deputado Jean Wyllys no Facebook depois de escrever um comentário dizendo que a SECAD do ministério da educação apoiou ou apoia um projeto que usa o livro denunciado pelo deputado Jair Bolsonaro, chamado “Aparelho Reprodutor e Cia”, da Companhia das Letras. O nome do projeto, desenvolvido pela UFPB, é Biblioteca Digital Escolas Plurais, cujo site disponibiliza o livro para download.

No mesmo post, fiz outro comentário falando sobre o fato dos judeus sionistas brasileiros que o apoiaram durante a polêmica sobre a viagem a Israel não participarem mais da sua página, apoiando os outros temas ou causas que ele apoia. Isso deve ter calado fundo, pois a reação foi drástica. Depois de eu fazer esses dois comentários, a administração da página achou suficiente para eu ser bloqueado (impedido de comentar) e tive simplesmente todos os meus comentários apagados (todos, não só os dois feitos na caixa de comentários deste post).

Na verdade, eu já tinha discordado dele durante toda a viagem a Israel e escrevi um relato crítico minucioso que está rolando na Internet. Eu mesmo divulguei na página dele. Como ele é hipócrita em relação à liberdade de expressão, à democracia, à livre circulação de ideias, ele me bloqueou para que eu não escrevesse mais lá. Esse é o nível. Tem que censurar quem faz crítica a você, quem discorda de você etc. Confissão de que não tem razão, de que não tem argumentos etc. Depois vai para as redes sociais dizer-se democrata, defensor dos direitos humanos, da liberdade, enfim, pura hipocrisia.

Creio que lembrar a ele de que ele foi capturado pela propaganda sionista israelense não lhe agradou. De fato, ontem de tarde eu fui à página do Jean Wyllys no Facebook e constatei, ao analisar vários posts, que os judeus sionistas brasileiros que o apoiaram durante a polêmica sobre a viagem a Israel não aparecem em nenhum dos outros posts do deputado. Eles apenas compareceram quando os seus interesses estavam em discussão. As demais causas defendidas pelo Jean Wyllys, pelo visto, não são objeto de nenhum interesse dos judeus sionistas brasileiros que o defenderam durante a polêmica sobre a viagem a Israel. A omissão sobre os demais assuntos defendidos por Jean Wyllys é relevante e tem sim um significado. Falta de tempo não pode ser usada como desculpa, já que durante a polêmica sobre a viagem a Israel, por vários dias e nos mais diversos horários, a presença dos sionistas brasileiros foi sentida em peso.

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O jornalismo brasileiro que se diz “de esquerda” pratica censura e tem culpa na crise política

Post - Carta Capital 1 Post - Carta Capital 2

Post - Carta Capital 3

O jornalismo brasileiro autodeclarado “de esquerda” pratica censura, não respeita a liberdade de expressão, e tem responsabilidade ou culpa considerável na crise política pela qual ultrapassa o país. Ontem, tentei comentar no site da revista Carta Capital um texto intitulado “A direita mira longe“, assinado por Roberto Amaral, ex-presidente do PSB. Tive o post censurado. Ao que parece, ele chegou a ser publicado, mas depois foi removido da caixa de comentários da notícia. As provas da censura praticada pela Carta Capital estão nos três print screens acima.

No texto, Amaral afirmava a ideia, bastante senso comum e óbvia, de que a direita não quer apenas retirar Dilma Rousseff do poder. A direita brasileira, diz Amaral falando o óbvio, quer impedir uma eventual retomada progressista em 2018. Começa criticando o editorial da Folha de São Paulo, intitulado “Última Chance”, publicado no último dia 13/09/2015, que ele acredita ter surtido efeito, de uma hora para outra, nas fileiras do Governo Dilma, ao ponto de atribuir às medidas do referido governo anunciadas nesta semana, o caráter de consequências do editorial (!). Amaral finaliza o texto vaticinando que a crise e o conflito exigem uma união entre os progressistas e liberais, no que ele chama de “Frente”, uma alusão a um grupo do qual ele é um dos principais idealizadores, com o objetivo de defender dois pontos principais, quais sejam, “defesa do mandato da presidente Dilma e a mudança da política econômica, para para o peso do ‘ajuste’ se desloque dos assalariados para o capital financeiro” (sic).

O texto até passaria sem uma crítica sequer. Mas eu não vi dessa forma e, em meu comentário, passei a falar sobre algumas questões que sempre são colocadas de lado pelo jornalismo auto-declarado “de esquerda” deste país.

Comecei lembrando que esse Roberto Amaral (se é o ex-presidente do PSB, é irrelevante, não muda o meu argumento) foi o sujeito que disse, num artigo ingênuo e infantil em seu arroubo moralista despolitizado, que Lula agiu certo quando não quis ser ministro de Dilma. Estamos vendo o que isso causou. Lembrei que, depois que Dilma cair, esses “jornalistas” ingênuos de meia pataca vão assistir à prisão de Lula. O que eles irão dizer em suas infantilidades de meninos criados a leite com pera quando isso acontecer? Vão tirar Lula da prisão? Se derrubam uma presidenta, por que irão se intimidar em prender Lula, no bojo do movimento reacionário? Jornalistas, ou quem lhes faz às vezes, como Roberto Amaral, não sabem nada de política e nos ajudam a entender por que a esquerda brasileira sempre foi fraca, vacilante, titubeante, covarde, enfim, bunda mole. Nunca fizeram algo parecido com uma revolução, nunca nem tentaram por que não tem coragem para isso, despreendimento, iniciativa. Pensam como esse sujeito, ingenuamente moralista e longe da realidade. Prestam um desserviço à luta política de esquerda neste país com suas opiniões covardes e entreguistas, no sentido estritamente político do termo.

Continuei afirmando que o jornalismo que se auto-declara “de esquerda” no Brasil é um dos maiores culpados pelo isolamento político do Governo Dilma, do PT etc. Esses jornalistas não souberam falar para um público diversificado, pois sempre se contentaram, em suas mediocridades, a pregar para um clubinho de convertidos. Não criaram empatia com o grande público, em sua arrogância, sectarismo e péssimo jornalismo. Em termos de credibilidade, ao contrário do que alguns dizem, são horríveis enquanto jornalistas. Não são tidos como imparciais e comprometidos eticamente com os fatos, para início de conversa. Ao contrário, exibem até incompetência para lidar com os fatos.

A parcialidade anti-ética de sinal contrário não os credencia para serem considerados jornalistas dotados de credibilidade, além do jornalismo contrafactual que praticam e que muda de opinião a todo o momento, pois coerência nunca foi o forte deles, vide o caso de Luis Nassif, que todo dia acorda com uma ideia nova que não vai nunca a lugar algum, em posts irritantemente professorais (“Para entender isso” ou “para entender aquilo”, como se seus leitores estivessem numa escolinha). Sem falar o jornalismo tergiversador do Diário do Centro do Mundo, de Paulo Nogueira, que muda de assunto, perde o foco, nunca se atém ao que deve ser discutido. Trata-se o sujeito em questão de um jornalista tagarela desatento, desconcentrado, que não se atém ao relevante.

Aliás, o jornalismo que se auto-declara “de esquerda” no Brasil é apenas mais um reflexo do pior jornalismo do mundo, que é o brasileiro. Isso João Saldanha já dizia, há muitos anos.

Foram exatamente estas as palavras do meu comentário. Eu cheguei a comentar em meu perfil no Facebook dizendo que tinha quase certeza que o comentário seria censurado. Não deu outra: apesar de, ao que parece, ter chegado a ser publicado, ele logo foi removido pela moderação do site da Carta Capital. De fato, o meu comentário está atualmente com o status “removido” (ver print screen neste post). Antes, estava com o status “pendente”. Ou seja, não foi publicado ou, ao menos, teve a sua publicação removida. Esse é o jornalismo vagabundo brasileiro que se auto-declara de esquerda.

Como se observa, o jornalismo que se auto-declara “de esquerda” neste país não respeita a liberdade de expressão e pratica censura explícita. Não sabe conviver com o contraditório. Os órgãos de imprensa que se dizem “de esquerda” no Brasil são muito piores do que os de direita quando o assunto é liberdade de expressão. Esse meu post, que teve a sua publicação removida, é uma prova disso. Eles são inimigos da liberdade de expressão. Mino Carta é um das maiores fraudes intelectuais, um dos maiores picaretas deste país. Sempre foi. Um italiano que até hoje, depois de décadas de Brasil, faz questão de manter o sotaque forçadamente italiano.

Não aceitaram a crítica e foram além: decidiram sumir com ela, impedir que os seus leitores tivessem acesso ao que eu escrevi. Isso não é democrático. O debate de ideias deve ser livre e incentivado. Como eu sempre digo, quem tem razão no debate não precisa censurar ou cercear a opinião discordante. A Carta Capital fez isso diante das minhas críticas. Impediu o debate e impediu a circulação das ideias. Um notório boicote ao contraditório. Isso porque não gostou do que eu escrevi sobre o auto-declarado jornalismo brasileiro “de esquerda”, um dos principais responsáveis pelo isolamento político do Governo Dilma e do PT.

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A esquerda deve ocupar mais os espaços da grande imprensa nas redes sociais

Eu considero que as esquerdas no Brasil ocupam muito menos os espaços da grande imprensa nas redes sociais do que deveriam. Era para ocupar muito mais. Preferem, o que considero um erro de avaliação, se enfurnar na blogosfera, quando o debate deve ser público e em todos os espaços possíveis.

Eu, sempre que posso, marco posição e rebato as informações dadas em alguma notícia que considero enviesada politicamente ou não se atendo a outros aspectos importantes. Um aspecto que eu tomei conhecimento recentemente é que as mulheres de esquerda sofrem ataques muito agressivos quando se aventuram a comentar contra alguma notícia anti-governo veiculada pela grande imprensa.

Uma vez eu questionei por que o que uma mulher escreveu na página do site Pragmatismo Político no Facebook e obteve tantas curtidas não foi escrito por ela também numa página da grande imprensa na mesma rede social. Disse que ela tinha que expor aquela opinião não apenas num espaço supostamente favorável em termos políticos, mas também num espaço mais diversificado, para estimular o senso crítico das pessoas em geral. Sabe qual foi a resposta dela? Que era fácil falar isso porque eu era homem (!). Eu disse: “Como assim? Você sofre agressão por ser mulher?” Ela disse: “exatamente” e saiu contando alguns casos concretos. É por essas e por outras que a esquerda deve se unir e atuar mais em conjunto nos espaços da grande imprensa. Quebrar essa hegemonia, ora. Os caras falam sozinhos. Eu sempre exponho minha opinião, sem qualquer receio. Mais gente deveria fazer isso.

Vejo notícias e mais notícias veiculadas pela Folha, Estadão, O Globo, Veja etc, nas redes sociais praticamente livres de contestação, de contraponto. Só quem se manifesta, em muitos casos, são os que concordam com a linha editorial da grande imprensa. Isso não pode. A Internet é livre. Tem que invadir e começar a questionar, em peso, em bloco. Quebrar essa hegemonia de só ter gente reacionária, de direita ou conservadora opinando nos espaços mais acessados. Não existe espaço desse ou daquele. O espaço é, em tese, público e lida com temas de interesse público. Quem é de esquerda é também cidadão e tem o direito de expressar o seu pensamento, suas opiniões políticas. O Brasil é uma democracia e nós precisamos exercitar melhor esse conceito.

Vou citar um exemplo ocorrido hoje na página do jornal “O Globo” no Facebook, que publicou uma notícia com a seguinte manchete: “Maioria do TSE vota pelo desarquivamento de investigação contra campanha de Dilma” (ver a notícia clicando no link a seguir: https://www.facebook.com/jornaloglobo/posts/1105846169455061).

Eu comentei explicando o erro, a tentativa de manipulação das pessoas contida na manchete, afinal, não foi uma “investigação” que foi desarquivada, mas sim um processo judicial que veiculava uma Ação de Impugnação de Mandato Eletivo (AIME), proposta pelo PSDB contra a candidatura de Dilma Rousseff. Expliquei que a situação suscitada por iniciativa do ministro Gilmar Mendes era teratológica, uma monstruosidade jurídica, absolutamente inválida, uma vez que ele decidiu pelo desarquivamento do processo com base em fatos novos, posteriores à propositura da ação e ao próprio arquivamento do processo, algo completamente proibido e não autorizado pelo direito.

Eis o comentário na íntegra:

“Desarquivar uma investigação? Que espécie de jornalismo é esse? Não consegue nem dar a notícia de forma correta e verdadeira. O que foi desarquivado, por força de uma iniciativa teratológica do ministro Gilmar Mendes, foi uma Ação de Impugnação de Mandato Eletivo (AIME) que já tinha sido arquivada. Detalhe: desarquivaram um processo usando fatos novos, o que não é permitido em direito. Se um processo foi arquivado, ele foi arquivado e pronto. Novos fatos devem ser discutidos numa nova ação. Acontece que a ação para impugnar mandato eletivo tem prazo de 15 (quinze) dias, contados da diplomação. O que o Gilmar Mendes fez? Como uma nova ação de impugnação de mandato eletivo encontra obstáculo na questão do prazo para a sua propositura (os quinze dias já finalizaram faz tempo), ele usou fatos novos ou supervenientes (não usados pelo autor da ação no primeiro momento) para desarquivar o processo, passando por cima da lei, da Constituição Federal e do direito processual. Querem dar o golpe a pulso, contando com a “forcinha” da grande imprensa, que distorce os fatos e manipula as pessoas. Essa manchete é uma vergonha absoluta em termos de jornalismo!!”

Eu li rapidamente os comentários dos internautas e a maioria sequer atentava para a manipulação de O Globo e, mais grave, sequer atentava para o quão grave foi essa iniciativa de desarquivar o processo com base em fatos novos. Claro que as coisas são assim: não existe contraponto na dimensão exigida porque simplesmente quem deveria fazer isso, se omite, seja lá a razão pela qual faz isso.

Portanto, considero importante e mesmo fundamental que a esquerda ocupe os espaços da grande imprensa nas redes sociais. A esquerda brasileira deve ocupar cada vez mais tais espaços e quebrar a hegemonia reacionária que existe. O debate de ideias é sempre salutar para a democracia.

Discordo, inclusive, de recente texto, intitulado “Compartilhar para falar mal. Apenas parem”, publicado no site da revista Carta Capital, em que o autor, Lino Bocchini, defende a tese de que é errado divulgar textos que saem na grande imprensa dos quais você discorda, mesmo que seja para mostrar os erros do colunista autor do texto ou criticá-los, defender ideias contrárias as que se encontram no texto divulgado. O erro estaria no fato de que, ao fazer isso, a pessoa estaria “legitimando o veículo ou o colunista como um polo de discussão”. Para Bocchini, seria irrelevante se você concorda ou discorda do texto. Cada vez que alguém compartilha o texto, mais pessoas são pautadas por ele, inclusive quem compartilhou e os amigos dele.

Eu discordo da ideia, apesar de entender a intenção do boicote proposto, ainda que ela não tenha qualquer força na realidade dos fatos. O boicote às notícias da grande imprensa das quais você discorda, ao fim e ao cabo, é um tanto quanto inócuo para lutar contra a importância mercadológica da grande imprensa. É importante sim rebater o que está escrito. Pior é imaginar que os deixar para lá, ignorar, irá diminuir o efeito do que eles escrevem. O debate aberto, o confronto de ideias, sempre será melhor do que simplesmente deixar alguém que você considera que está errado falando sozinho. Quem tem razão no debate não precisa cercear nem censurar a opinião discordante. A liberdade de expressão deve ser exercida inclusive para legitimar aquilo que você defende. E não se faz isso evitando o contraditório, o confronto de ideias. O debate deve ser encarado com naturalidade. O que deve prevalecer é a força das ideias, tudo isso dentro de um ambiente democrático e livre de cerceamentos.

Acredito que é importante não só rebater os textos da grande imprensa dos quais se discorda no próprio espaço ou em espaços favoráveis à visão política de quem discorda deles, se for o caso, mas também ocupar os espaços nos quais as notícias, colunas ou posts em geral são originalmente publicados e fazer o contraponto. Nada disso impede que você divulgue os seus próprios textos críticos nos espaços que acha melhor. Dá para fazer as duas coisas. Ignorar quem pensa diferente de você nunca foi uma boa estratégia, ainda mais quando a correlação de forças é desproporcional, como neste caso da grande imprensa.

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Novo blog criado em resposta ao cerceamento à minha liberdade de expressão

Este é o meu novo blog, dessa vez criado no site Word Press. Anteriormente, eu tinha um blog no site do Jornal GGN (ver link: http://jornalggn.com.br/blogs/alessandre-de-argolo), mas fui descadastrado abruptamente e sem qualquer explicação, provavelmente porque a direção do site não gostou de algumas críticas que eu fiz ao site e à forma com que ele administra o fórum de discussões, os comentários aos posts e às notícias que publica, permitindo que perfis fakes se valham do anonimato para praticar stalking e outras ações covardes, imorais e até mesmo criminosas profundamente lamentáveis.

Curioso que eu fui descadastrado imediatamente depois de uma resposta que eu escrevi dirigido a um perfil fake, de nome “Almeida”, que vivia tentando cercear a minha participação na seção Luis Nassif Online, a principal e mais lida do site.

A tolerância da seção Luis Nassif Online (ver link aqui: http://jornalggn.com.br/luisnassif) para com os perfis falsos, que se valem covardemente do anonimato para atacar os perfis regularmente cadastrados de quem eles discordam, sempre me chamou a atenção.

No mínimo, o site incentiva, concorda com esse tipo de atitude, que viola a liberdade de expressão, na medida em que permite que anônimos possam agir livremente de forma ilícita contra quem opina naquele espaço, e à vedação ao anonimato.

No máximo, é mais do que possível cogitar que pessoas que trabalham no site atuam diretamente como fakes, atacando os perfis regularmente cadastrados dos quais eles discordam, manjada técnica de que se valem alguns blogs, cujos donos ou principais nomes se fantasiam de fakes para não expor o seu próprio nome nos ataques que proferem, quando não usam esse expediente para fingir popularidade, comentando com nomes diferentes e, assim, conseguir “turbinar” algum post. Muita gente faz isso e eu não me surpreenderia nem um pouco se tomasse conhecimento que a seção Luis Nassif Online faz uso desse tipo de prática fraudulenta.

Voltando a falar do que realmente importa e deixando o site do Jornal GGN para lá (a essa altura dos fatos, a maior preocupação do Jornal GGN é saber como vai manter as verbas de publicidade de estatais federais, como a Petrobras, a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil, sem falar os anúncios feitos pelo próprio Governo Federal, caso haja mudança na pessoa que hoje ocupa a cadeira da presidência da república, algo não tão inimaginável assim de acontecer pelo caminhar atual das coisas), irei inicialmente republicar aqui alguns textos que eu publiquei no outro endereço, até para que a passagem do outro site para este fique bem marcada e registrada.

Este novo blog surge como uma iniciativa em resposta ao cerceamento à minha liberdade de expressão promovida pelo site do Jornal GGN e aqui eu preservarei parte do que escrevi lá, até para que nada se perca. Isso é o mais certo a fazer após ter sido abruptamente descadastrado, isso quando a seção Luis Nassif Online usou várias vezes os posts para se promover e ganhar repercussão com o que eu escrevi, sem que eu recebesse nada por isso, dentro da linha que se chama “jornalismo colaborativo”, que mais serve para explorar, ganhar dinheiro nas custas dos outros (no caso, majoritariamente de estatais federais e do próprio Governo Federal, vide os anúncios publicitários existentes no site do Jornal GGN),  do que para qualquer outra coisa.

Pretendo estudar a possibilidade de entrar com uma ação judicial contra o site do Jornal GGN para ter acesso e salvar todos os comentários que eu registrei no site até hoje, preservando o que foi escrito. São textos de minha autoria e que me devem ser disponibilizados, uma vez que, depois do descadastramento da minha conta no referido site, deixei de ter acesso à aba da página inicial do meu perfil denominada “comentários”, que registrava todos os comentários feitos por mim sobre diversos assuntos abordados nos posts publicados na seção Luis Nassif Online. Existiam coisas interessantes e que me devem ser disponibilizadas.

Este blog seguirá a linha do blog anterior que eu tinha hospedado no site do Jornal GGN e que, pelo visto, ainda continua acessível no link que eu disponibilizei acima (até quando será assim, disso eu não tenho a menor ideia). Aqui, neste blog no Word Press, eu escreverei minhas impressões sobre assuntos como Direito (eu sou advogado militante), Política, Cultura (música, cinema, literatura etc), Ciência, Filosofia, História etc. Não será uma opinião especialista ou acadêmica, a priori. Essa não é a proposta do blog. A proposta é tratar das coisas com a quantidade necessária de informação que permita situar alguém que não conhece o assunto, eventualmente aprofundando a abordagem e trazendo considerações que podem ser úteis para as pessoas em geral, inclusive, eventualmente, para as mais próximas aos assuntos comentados nos posts. Portanto, a abordagem será aos moldes do que se pratica no jornalismo, podendo ser tanto mais aprofundada quanto maior for a minha aproximação com o tema, o que tenderá a acontecer com alguns temas, principalmente temas ligados ao Direito. Na medida do possível e sempre que for pertinente, publicarei textos de outros autores e/ou parceiros, sempre fazendo a devida referência ou indicação da autoria dos textos, citando as fontes, caso tenham sido publicados originalmente em outros sites.

Basicamente, é isso. Espero que as pessoas que me liam no site do Jornal GGN possam, quem sabe, encontrar neste espaço uma forma de se manter em contato comigo e com as minhas ideias, bem como consigam encontrar razões legítimas outras para acessar a página sempre que puderem.

Abraços!

Alessandre Argolo.

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