Arquivo da tag: Rock Holandês

“Tom Boy”, dos holandeses do Bettie Serveert

Segue post de minha autoria publicado originalmente em meu blog anterior no site do Jornal GGN, na data de 13/09/2014.

“Tom Boy”, dos holandeses do Bettie Serveert

O rock holandês é de grande qualidade. Grandes bandas, que muitas vezes se colocam no mesmo nível de qualidade das bandas americanas e britânicas que dominam o mercado mundial do rock. Um bom exemplo disso é a banda Bettie Serveert, liderada pela guitarrista, vocalista e autora da maioria das músicas, a bela Carol Van Dijk, nascida no Canadá, na cidade de Vancouver, filha de pais holandeses e cuja primeira língua é o inglês. Carol se mudou para Amsterdam, Holanda, quando criança, ao sete anos de idade, em 1969. Já nos anos 80, montou a Beetie Serveert, cujo nome faz referência ao título homônimo de um livro instrutório de uma tenista holandesa conhecida no anos 70, Betty Stöve, que chegou a ser finalista de Wimbledon em 1977 no torneio individual feminino, além de vencer outros importantes torneios do circuito mundial. O nome do livro, em holandês, é justamente Bettie Serveert, que se traduz como “Betty serve”, uma referência ao “serviço” no tênis, que é o saque inicial que coloca a bola em jogo.

A banda começou a ser notada no cenário do rock alternativo mundial no início dos anos 90, mais precisamente em 1992, com o lançamento do álbum Palomine, début comercial oficial da banda. As críticas especializadas americana e britânica da época (New Musical Express, Spin, San Francisco Bay Guardian, The Rocket – jornal de música gratuito que circulava na costa noroeste dos EUA), no auge da popularidade dos sons alternativos aberta definitivamente pelo sucesso do Nirvana junto ao grande público, foram só elogios ao som da banda holandesa. Muitos elogiaram não só a voz de Carol, como a letra e a sonoridade da banda, com destaque para a comparação do guitarrista, Peter Visser, com uma espécie de “jovem” e “antigo Neil Young”.

A sonoridade da banda, como escreveu John Cigarretes do New Musical Express, o famoso semanário inglês sobre rock, era uma fusão de elementos do rock underground americano do fim dos anos 60, new wave, o grunge então em voga, tudo isso dotado de uma peculiar qualidade melódica em que a voz de Carol, com o seu jeito de cantar “conversado”, fazia toda a diferença.  As letras de Carol, segundo a própria, permitiriam uma interpretação pessoal, sem sentido definido ou enclausurado numa linha única de interpretação. As músicas são todas elas cantadas em inglês, com o incomum sotaque de Carol, uma mistura dos sotaques canadense e holandês, superpostos, o que chamava a atenção dos americanos e ingleses.

As influências da banda são as mais variadas. Neil Young, Lou Reed, Elvis Costello são referências óbvias para os vocais de Carol, passando musicalmente por The Beatles, The Who, Lemonheads, Dinosaur Jr., The Byrds, The Velvet Underground, Captain Beefheart, The Beach Boys, Sonic Youth, Sebadoh e Fugazi. Mas a cultura holandesa tornou o som do Bettie Serveert inclassificável pelos críticos americanos, segredo do apelo que eles obtiveram na cena americana.

Enfim, o Bettie Serveert fez história e até hoje continua em atividade, com uma carreira que data desde o longínquo ano de 1990. A banda já lançou nove álbuns de estúdio e conseguiu superar o árduo teste de uma estreia de tanto sucesso como foi Palomine, em 1992, ao menos entre um público seleto e para a crítica especializada. Ou seja, a banda manteve a qualidade e foi além, em todos esses anos.

  • Segue o vídeo oficial de um dos clássicos da banda, seguramente uma das canções mais legais do indie rock de todos os tempos, um verdadeiro clássico instantâneo com o seu tom nostálgico, “Tom Boy“, faixa de Palomine, que costumava passar no extinto programa da MTV brasileira dos anos 90, apresentado pelo Fabio Massari, “Lado B”, programa que ia ao ar nas noites de domingo, às 22 hs:

Deixe um comentário

Arquivado em Música, Vídeos